No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, Daniel viu um sonho, e visões de sua cabeça em sua cama; logo escreveu o sonho, e anotou o resumo das coisas.
Comentário de A. R. Fausset
Este capítulo trata do mesmo assunto que o segundo capítulo. Mas lá os quatro reinos, e o reino final do Messias, foram considerados de acordo com seu aspecto político externo, mas aqui de acordo com a mente de Deus concernente a eles, e suas características morais. A história política externa fora mostrada em suas características gerais ao governante mundial, cuja posição o capacitava para receber tal revelação. Mas o profeta de Deus aqui recebe revelações sobre os caracteres dos poderes do mundo, em um ponto de vista religioso, adequado à sua posição e receptividade. Por isso, no segundo capítulo, as imagens são tiradas da esfera inanimada; no sétimo capítulo eles são tirados do animado. Nabucodonosor via superficialmente o poder mundial como uma esplêndida figura humana, e o reino de Deus como uma mera pedra no princípio. Daniel vê os reinos do mundo em sua essência interna como de uma natureza animal inferior à humana, sendo alienada de Deus; e que somente no reino de Deus (“o Filho do homem”, o homem representativo) é a verdadeira dignidade do homem realizada. Assim, em contraste com a visão de Nabucodonosor, o reino de Deus aparece a Daniel, desde o início, superior ao reino mundial. Pois embora em força física as bestas superem o homem, o homem tem poderes essencialmente espirituais. A imagem colossal de Nabucodonosor representa a humanidade em sua própria força, mas apenas o homem exterior. Daniel vê o homem espiritualmente degradado ao nível da besta, conduzido por impulsos cegos, através de sua alienação de Deus. É somente de cima que vem o perfeito Filho do homem e, no Seu reino, o homem alcança seu verdadeiro destino. Compare Salmo 8:1-9 com Gênesis 1:26-28. A humanidade é impossível sem a divindade: afunda na bestialidade (Salmo 32:9; 49:20; 73:22). As nações pagãs obstinadas são comparadas a “touros” (Salmo 68:30); Egito para o dragão no Nilo (Isaías 27:1; 51:9; Ezequiel 29:3). O animal com toda a sua sagacidade olha sempre para o chão, sem consciência de relação com Deus. O que eleva o homem é a comunhão com Deus, na sujeição voluntária a ele. No momento em que ele tenta exaltar-se à independência de Deus, como fez Nabucodonosor (Daniel 4:30), ele afunda ao nível da besta. O conhecimento de Daniel com as figuras colossais de animais em Babilônia e Nínive era uma preparação psicológica para suas visões animais. Oséias 13:7, Oséias 13:8 lhe ocorreria enquanto visse aquelas bandeiras do poder mundial. Compare Jeremias 2:15; 4:7; 5:6.
Belsazar – bons manuscritos hebraicos têm “Belsazar”; significando “Bel deve ser queimado com fogo hostil” (Jeremias 50:2; 51:44). Na história, ele é chamado pelo seu nome comum; na profecia, que dá o seu verdadeiro destino, ele é chamado um nome correspondente, pela mudança de uma letra.
visões de sua cabeça – não confusos “sonhos”, mas imagens distintas vistas enquanto sua mente era coletada.
soma – um “resumo”. Em predições, geralmente, os detalhes não são dados de forma tão completa a ponto de não deixar espaço para livre arbítrio, fé e paciente esperando que Deus manifeste Sua vontade no evento. Ele “escreveu” para a Igreja em todas as eras; ele “disse” para o conforto de seus compatriotas cativos. [Fausset, aguardando revisão]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.