E alguns dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito fazer nos sábados?
Comentário de Frederic Farrar
alguns dos fariseus. Como a sequência cronológica desse incidente é incerta, é possível que esses fariseus fossem aqueles espiões que, conforme o ministério de Jesus avançava, seguiam Seus passos (Mateus 15:1; Marcos 3:22; 7:1), com o desejo desprezível de acusá-Lo de heresia ou de violação da Lei. Talvez quisessem observar se Ele excederia o limite de 2.000 côvados permitidos para a caminhada no sábado (Êxodo 16:29). Já nos deparamos com algumas críticas implicantes feitas por esse ódio oculto em Lucas 5:14, 21 e 30.
Por que fazeis. Em Marcos, a pergunta é dirigida a Jesus com desprezo: “Veja, por que eles fazem no sábado o que não é permitido?”
o que não é lícito nos sábados. O ponto aqui era o seguinte: uma vez que a Lei ordenava que os judeus “não fizessem nenhum tipo de trabalho” no sábado, a Lei Oral criou trinta e nove proibições principais atribuídas à Grande Sinagoga, conhecidas como abhoth ou “regras principais”. Dessas regras principais, surgiram inúmeras toldoth, regras derivadas. Nesse contexto, “ceifar” e “debulhar” no sábado eram proibidos pelos abhoth; e, pelas toldoth, argumentava-se que colher espigas era uma forma de ceifa, e esfregá-las, uma forma de debulha. Mas, enquanto se prendiam servilmente a essas minúcias, os fariseus “omitiram os aspectos mais importantes da Lei: o juízo, a misericórdia e a fé” (Mateus 22:23). A persistência dessas noções entre os judeus é impressionante. Abarbanel relata que, em 1492, quando os judeus foram expulsos da Espanha e proibidos de entrar na cidade de Fez sob o risco de causar uma fome, eles sobreviveram comendo grama; ainda assim, “religiosamente evitavam a violação do sábado ao não arrancarem a grama com as mãos”. Para fazer isso, adotaram o método muito mais árduo de se ajoelhar e cortar a grama com os dentes! [Farrar, 1891]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.