João 8:38

Eu, o que vi junto a meu Pai, isso falo; e vós, o que também vistes junto a vosso pai isso fazeis.

Comentário Schaff

Uma última exortação que Jesus fará antes de desistir inteiramente desses ‘judeus que creram nele’. A palavra dele havia entrado no coração deles, mas não deu certo: deixe-os dar livre curso agora. Ele, o Filho, o único que pode dar-lhes liberdade e filiação pela verdade revelada em Sua palavra (João 8:32; João 8:36), nessa palavra lhes falou as coisas que Ele viu com o Pai (outro modo de expressar a mesma verdade declarada no cap. João 3:13). Com design, Ele diz ‘o Pai’, não ‘meu Pai’; pois a palavra lhes foi dita para que Deus, que é Seu Pai, possa tornar-se seu Pai – em outras palavras, para que o Filho lhes dê a filiação. Para isso mesmo o Pai o enviou para declarar a palavra: isto Ele fez, para que o que eles ouviram de Jesus, eles ouviram do Pai. Deixe-os fazer o que ouviram e a bênção da filiação será deles. (É interessante comparar o ‘saber’ que dá liberdade (João 8:32) com este comando para ‘fazer’ o que eles ouviram. Com efeito, o mesmo resultado é prometido, de modo que o conhecimento falado deve ser tal que envolva fazendo – nenhum conhecimento estéril, mas aquele que agarra e molda a vida.) Mas não devemos ignorar o ‘portanto, que une as duas partes do versículo. Na execução do desígnio de Deus, para fazer dos homens Seus filhos e assim se tornarem filhos do ‘Pai’, duas coisas são necessárias: o Filho (o ‘Verbo’) declara a verdade de Deus; os homens recebem a palavra do Filho, conhecem-na – com aquele conhecimento que implica fé e ação – e se tornam filhos de Deus. O Filho tem sido fiel à Sua missão — isto declara a primeira cláusula: sejam, portanto, fiéis à sua parte, e a bênção será deles. — A visão mais comum deste versículo assume que na segunda cláusula Jesus fala de outra pai. Isso é muito improvável, pois o pronome seu não é inserido até um versículo posterior (João 8:41). Há também duas outras razões para preferir a interpretação dada acima: (1) É difícil acreditar que Jesus, tão terno em Seu trato até mesmo com os germes da verdadeira fé, já tenha passado para Sua mais severa condenação dos ‘judeus que acreditou nele’. Nenhuma palavra foi dita por eles desde aquela registrada em Jo 8:33, e mostrou cegueira e auto-engano, mas não antagonismo desesperado. É verdade que Ele vê que em seus corações eles estão recaindo em seu estado anterior; mas não podemos acreditar que Ele fará outro esforço para instruir e salvar? (2) Como já vimos (João 8:27), nas palavras de nosso Senhor, “o Pai” é um Nome usado com grande significado e plenitude de significado, especialmente neste capítulo. Isso é devidamente reconhecido na explicação que agora estamos procurando defender, e somente nela. — É notável que neste versículo Jesus se descreva falando o que viu com o Pai, enquanto os exorta a fazer o que ouviram. do Pai. Mas as palavras são deliberadamente escolhidas e confirmam a interpretação agora dada. Como o Filho Eterno, somente Jesus poderia ter as primeiras palavras ditas Dele. A segunda descreve apropriadamente o estado daqueles que não ‘viram’, que apenas ‘ouviram’. A diferença, em suma, decorre daquela diferença entre o Filho e todos os outros filhos que permanece mesmo no meio da semelhança de posição: um tem uma filiação eterna, os outros têm apenas uma filiação derivada. [Schaff, aguardando revisão]

< João 8:37 João 8:39 >

Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.