Isto disseram seus pais, pois temiam aos judeus. Porque já os Judeus tinham combinado, que se alguém confessasse que ele era o Cristo, seria expulso da sinagoga.
Comentário de Thomas Croskery
O evangelista explica a reticência dos pais pelo medo das consequências. Isto disseram seus pais, pois temiam aos judeus. Esta passagem fornece forte evidência do uso técnico do termo “os judeus”. Sem dúvida, esses pais eram israelitas, mas não eram “judeus” no sentido joanino. Oséias “judeus” eram as autoridades hierárquicas e eclesiásticas-políticas.
Porque já os Judeus tinham combinado (Lucas 22:5; Atos 23:20; 1 Mac. 9:70); haviam determinado mutuamente – não se segue que o Sinédrio tenha emitido uma ordem pública, mas que um formidável grupo de “judeus” fez um συνθήκη, prometeu um ao outro e o tornou suficientemente conhecido até mesmo para pessoas como os pais pobres do mendigo cego, que seria realizado pela autoridade adequada em tal assunto – que se alguém confessasse que ele era o Cristo (“ele” (αὐτὸν) é notável – mostra quão cheios eram os pensamentos do evangelista da Personalidade de Jesus), seria expulso da sinagoga; ou, tornar-se não sinagoga. O Talmud fala de três tipos de excomunhão (cf. também Mateus 5:22), dos quais os dois primeiros eram disciplinares; a terceira responde à expulsão completa e final (em ‘Jeremiah Moed. K.,’ 81, d, הוא יבדל מקהל, Edersheim). A designação geral era shammata, de ךשמַד, para destruir. A primeira forma disso foi chamada nesephah, e não foi mais do que severa repreensão. Ela excluiria dos privilégios religiosos por sete ou trinta dias, de acordo com a dignidade da autoridade pela qual foi pronunciada (cf. 1Timóteo 5:1). A segunda forma de shammata chamava-se niddui, que durava no mínimo trinta dias e podia ser repetida ao final deles. Se essas advertências não produzissem seu efeito correto, poderia levar à terceira e última excomunhão, chamada cherem, ou ban, cuja duração era indefinida. A segunda dessas formas era acompanhada por toques de trombeta e terríveis maldições, que privavam o sofredor de todo tipo de relacionamento social. Ele foi evitado como leproso; se ele morreu, ele foi enterrado sem funeral ou luto. O cherem era um anátema ainda mais terrível, e poderia durar por toda a vida. Os pais do cego podem facilmente temer tal maldição. A interdição a que esse cego acabou sendo exposto não o impediu de circular pela cidade. A proscrição pronunciada contra Jesus levou, sem dúvida, à condenação, resultando em sua ignomínia e julgamento por um delito capital. Foi provavelmente a segunda das três formas de anátema a que ele foi condenado. Foi uma tentação bastante suficiente para esses pobres pais terem preservado uma reticência obstinada. [Croskery, aguardando revisão]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.