Atos 1:2

Até o dia em que ele foi recebido acima, depois de pelo Espírito Santo ter dado mandamentos aos apóstolos que tinha escolhido;

Comentário de David Brown

Até o dia em que ele foi recebido acima [aneleemfthee] – onde, nosso historiador não especifica, sendo algo tão conhecido que não necessitava menção. Sua elevação ou “Assunção” [analeempsi] – já usada por este mesmo escritor em seu Evangelho (Lucas 9:51), e também por Marcos (Marcos 16:19), para a qual Lucas, em outro lugar (Lucas 24:51), utiliza a palavra igualmente expressiva “levado” ou “elevado” [anefereto] – foi uma daquelas grandes verdades bem conhecidas entre os cristãos, expressões queridas e familiares, que, ao serem mencionadas apenas parcialmente, traziam de forma ainda mais vívida à mente e tocavam profundamente o coração de todos que amavam o bendito nome de Cristo. No entanto, a Ascensão e a Assunção de Cristo não são exatamente a mesma coisa. A Ascensão [anabasis = ana + basis] foi um ato próprio de Cristo (veja João 6:62; João 20:17; Efésios 4:8); a Assunção foi um ato do Pai, que o elevou das “partes inferiores da terra”, para onde Ele havia descido, para muito acima de todos os céus, para onde e o que Ele era antes – agora em nossa natureza – com toda a glória mediadora que Sua obra completa na terra lhe concedeu (João 17:4-5; João 17:24; Filipenses 2:6-11).

depois de pelo Espírito Santo ter dado mandamentos aos apóstolos que tinha escolhido. Isso pode significar que Jesus “escolheu os apóstolos por meio do Espírito Santo”, ou que o Salvador ressuscitado “por meio do Espírito Santo deu instruções aos apóstolos” que Ele havia escolhido durante seu ministério público. A primeira interpretação é dada por dois dos principais tradutores do siríaco e por Agostinho, Beza, Olshausen, DeWette e Green, provavelmente porque em nenhum outro lugar essas comunicações do Redentor ressuscitado são expressamente atribuídas à ação do Espírito Santo. Humphry, Webster e Wilkinson inclinam-se a aplicar a afirmação a ambos os atos – a escolha inicial e a instrução final – como ambos “por meio do Espírito Santo”. Mas para nós parece muito mais natural tomar o sentido exclusivamente no último caso – ou seja, que foi por meio do Espírito Santo que o Redentor ressuscitado deu suas instruções finais aos apóstolos que, nos dias de sua carne, Ele havia escolhido. (Assim também a Vulgata, Erasmo, Calvino, Bengel, Meyer, Stier, Alford, Hackett, Alexander.) Sem dúvida, Jesus, no exercício de seu ministério público, fez tudo “por meio do Espírito Santo”, e foi para esse fim que Deus “não deu o Espírito por medida a Ele” (João 3:34).

Mas lembremos que após sua ressurreição – como se para significar a nova relação que Ele mantinha com a Igreja – Ele sinalizou seu primeiro encontro com os discípulos reunidos “soprando sobre eles”, logo após lhes dar sua “paz”, dizendo: “Recebei o Espírito Santo”, antecipando assim a grande dádiva pentecostal do Espírito por suas mãos (veja a nota em João 20:22). E é nesse princípio, acreditamos, que suas instruções finais são aqui ditas como dadas “por meio do Espírito Santo”, como se para marcar que agora Ele estava completamente impregnado com o Espírito, e que o que havia sido mantido durante sua obra de sofrimento para seus próprios usos necessários agora estava livre, pronto para transbordar dele para seus discípulos, e que só necessitava de sua ascensão e glorificação para ser formalmente dispensado e fluir totalmente (veja a nota em João 7:39). Crisóstomo chama a atenção para o fato de que foi enquanto Ele dava instruções cheias do Espírito que Ele foi elevado. As instruções em si, sem dúvida, são exatamente o que está registrado em Marcos 16:15-18 e Lucas 24:44-49, particularmente a grande comissão ministerial de Mateus 28:18-20. [Jamieson; Fausset; Brown, 1866]

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Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.