A escassez de água no Oriente confere a ela um valor especial. Sua presença de alguma forma é essencial para a vida. A fertilidade da terra depende da quantidade disponível para irrigação. O rio Jordão, com suas grandes nascentes, está muito baixo para irrigar qualquer coisa além do vale. Há muitas fontes na Palestina, mas a maioria seca no verão. A média anual se chuvas se aproxima de 30 polegadas. Mas isso se limita aos meses de abril a outubro; e a água correria pelas encostas até o mar se não fosse capturada e armazenada para uso futuro. A formação de calcário, com suas muitas cavernas, facilitou a construção de cisternas e reservatórios para coletar a água da chuva: dali eram retirados suprimentos conforme necessário durante os meses de seca. Onde quer que a água seja encontrada, há vegetação e beleza o ano todo.
Na Planície Marítima, abundantes suprimentos de água são encontrados cavando (Gênesis 26:13 e seguintes). Obstruir os poços tornaria a região inabitável. Exércitos invasores às vezes ficavam em apuros quando os poços eram fechados (2Reis 3:19, 25), ou quando a corrente de uma fonte era desviada e escondida (2 Crônicas 32:3 e seguintes).
O uso mais antigo da água é, sem dúvida, saciar a sede de homens e animais. Recusar água a um homem sedento seria universalmente condenado (Gênesis 24:17 e seguintes, João 4:7). É considerado um ato meritório deixar um recipiente de água à beira do caminho para refrescar o viajante. O mesmo direito não se estende a rebanhos (Gênesis 24:19 e seguintes), para os quais a água deve muitas vezes ser comprada. O uso e o costume estabeleceram certas regulamentações para o fornecimento de água aos animais, e a violação delas frequentemente causa conflitos (Gênesis 29:2 e seguintes, Êxodo 2:16 e seguintes; cf. Gênesis 26:20, etc.). A prática da irrigação foi empregada nos tempos antigos (Salmo 1:3; Salmo 65:10, Ezequiel 17:7, etc.), e atingiu seu desenvolvimento máximo no período romano. Também pertencem a esse tempo muitas ruínas de aquedutos maciços, que levavam água de fontes para as cidades distantes.
Cisternas e fontes não são propriedade comum. Toda casa considerável tem uma cisterna para a água da chuva do telhado e das áreas adjacentes. Importância é dada ao ato de mergulhar os baldes com os quais a água é retirada, para evitar a estagnação. As fontes e cisternas feitas em áreas abertas são propriedade da família ou tribo local, de quem a água, se necessária em grande quantidade, deve ser comprada. A boca do poço geralmente é coberta com uma pedra grande. A tarefa de retirar água para fins domésticos é quase exclusivamente realizada por mulheres (Gênesis 24:11, João 4:7, etc.). Ao cruzar o deserto, a água é transportada em ‘odres’ de pele (Gênesis 21:14).
A simbologia da água na Bíblia
A ‘água viva’, ou seja, a água que flui da fonte, é muito preferida à ‘água morta’ da cisterna, e frequentemente representa as influências vitalizantes da graça de Deus (Jeremias 2:13, Zacarias 14:3, João 4:10, etc.). Muitas referências bíblicas mostram como as qualidades refrescantes e fertilizantes da água são valorizadas em uma terra sedenta (Provérbios 25:26, Isaías 44:14, Jeremias 17:8, Lucas 16:24, etc.). Água é fornecida para lavar os pés e as mãos de um convidado (Lucas 7:44). Despejar água nas mãos é tarefa de um servo (2Reis 3:11). As enchentes repentinas da estação chuvosa são símbolo de perigo (Salmo 18:16; Salmo 32:6, Isaías 28:17, etc.), e sua passagem rápida simboliza a transitoriedade da vida (Jó 11:18, Salmo 58:7). A água também é símbolo de fraqueza e instabilidade (Gênesis 49:4, Ezequiel 21:7, etc.). [W. Ewing, Hastings, 1909]