Pentateuco é o nome dado aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento. Esta palavra não aparece nas Escrituras, e nem sequer ela era conhecida quando o rolo foi assim dividido em cinco partes: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Provavelmente isso foi feito pelos tradutores da Septuaginta. Alguns críticos do século 19 falaram de um Hexateuco, introduzindo o Livro de Josué como um do grupo. Mas este livro é de um caráter inteiramente diferente dos outros livros, e tem um autor diferente. Ele permanece sozinho como o primeiro de uma série de livros históricos que começam com a entrada dos israelitas em Canaã.
Os livros que compõem o Pentateuco são propriamente um só livro, a “Lei de Moisés”, o “Livro da Lei de Moisés”, o “Livro de Moisés”, ou, como os judeus o designam, a “Torá” ou “Lei”. Que sua forma atual “procede de um único autor, prova-se pela sua estrutura e objetivo, segundo o qual todo o seu conteúdo se refere ao pacto celebrado entre o SENHOR e seu povo, pela instrumentalidade de Moisés, de tal forma que tudo antes do seu tempo é percebido como preparatório para este fato, e todo o resto como desenvolvimento dele. No entanto, essa unidade não foi, por necessidade, estampada sobre ele pelo último redator: ela esteve lá desde o início, e é visível no primeiro plano e em toda a execução da obra” (Keil).
Autor do Pentateuco
Uma certa escola de críticos se propôs a reconstruir os livros do Antigo Testamento. Por um processo de “estudo científico” eles descobriram que os chamados livros históricos do Antigo Testamento não são história alguma, mas uma coleção variada de contos, invenções de muitos escritores diferentes, unidos por uma variedade de editores! Quanto ao Pentateuco, eles não sentem vergonha de atribuir fraude, e mesmo conspiração, aos seus autores, que procuraram encontrar aceitação para a sua obra que foi composta em parte na era de Josias, e em parte na de Esdras e Neemias, atribuindo-a como obra de Moisés! Este não é o lugar para entrar nos detalhes desta controvérsia. Podemos dizer francamente, porém, que não temos fé nesta “alta crítica”. Ela degrada os livros do Antigo Testamento abaixo do nível de escritos humanos falíveis, e os argumentos sobre os quais suas especulações são construídas são totalmente insustentáveis.
As evidências a favor da autoria mosaica do Pentateuco são conclusivas. Podemos, portanto, afirmar algumas delas brevemente:
1. Estes livros professam ter sido escritos por Moisés em nome de Deus (Êxodo 17:14; 24:3-4,7; 32:7-10,30-34; 34:27; Levítico 26:46; 27:34; Deuteronômio 31:9,24-25).
2. Este também é o testemunho uniforme e perseverante dos judeus de todas as seitas em todas as épocas e nações (compare Josué 8:31-32; 1Reis 2:3; Jeremias 7:22; Esdras 6:18; Neemias 8:1; Malaquias 4:4; Mateus 22:24; Atos 15:21).
3. Nosso Senhor claramente ensinou a autoria mosaica desses livros (Mateus 5:17-18; 19:8; 22:31-32; 23:2; Marcos 10:9; 12:26; Lucas 16:31; 20:37; 24:26-27,44; Jo 3:14; 5:45-47; 6:32,49; 7:19,22). Diante deste fato, alguém se atreveria a alegar ou que Cristo era ignorante da composição da Bíblia, ou que, conhecendo o verdadeiro estado do caso, ele ainda encorajava as pessoas na ilusão a que se apegavam?
4. Desde o tempo de Josué até o tempo de Esdras há, nos livros históricos intermediários, uma referência constante ao Pentateuco como o “Livro da Lei de Moisés”. Este é um ponto de muita importância, uma vez que os críticos negam que existe tal referência; e portanto eles negam o caráter histórico do Pentateuco. Quanto à Páscoa, por exemplo, nós a encontramos frequentemente mencionada ou aludida nos livros históricos depois do Pentateuco, mostrando que a “Lei de Moisés” era então certamente conhecida. Foi celebrada no tempo de Josué (Josué 5:10, cf. 4:19), Ezequias (2Crônicas 30), Josias (2Reis 23; 2Crônicas 35), e Zorobabel (Esdras 6:19-22), e é referida em passagens como 2Reis 23:22; 2Crônicas 35:18; 1Reis 9:25 (“três vezes por ano”); 2Crônicas 8:13 Da mesma forma, podemos mostrar referências frequentes à Festa dos Tabernáculos e outras instituições judaicas, embora não admitamos que qualquer argumento válido possa ser retirado do silêncio da Escritura em tal caso. Um exame dos seguintes textos, 1Reis 2:9; 2Reis 14:6; 2Crônicas 23:18; 25:4; 34:14; Esdras 3:2; 7:6; Daniel 9:11,13, também mostrará claramente que a “Lei de Moisés” era conhecida durante todos esses séculos.
Concordando que no tempo de Moisés existiam certas tradições orais ou registros e documentos escritos que ele foi divinamente levado a fazer uso em sua história, e que sua escrita foi revisada por sucessores inspirados, isto explicará plenamente certas peculiaridades de expressão que os críticos chamaram de “anacronismos” e “contradições”, mas de nenhuma maneira milita contra a doutrina de que Moisés era o autor original do todo do Pentateuco. Não é necessário que afirmemos que o todo é uma composição original; mas afirmamos que as evidências demonstram claramente que Moisés foi o autor daqueles livros que chegaram até nós com seu nome. O Pentateuco é certamente a base e preliminar necessária de toda a história e literatura do Antigo Testamento.
Adaptado de: Illustrated Bible Dictionary (Pentateuch).