O Tabernáculo era uma tenda sagrada (mishkan no original hebraico, “a morada”) que Moisés ergueu para o serviço de Deus, de acordo com o “modelo” que o próprio Deus lhe mostrou no monte (Ex 25:9, Hebreus 8:5). É chamado de “o tabernáculo da congregação”, e também “do encontro”, ou seja, onde Deus prometeu se encontrar com Israel (Ex 29:42); o “tabernáculo do testemunho” (Êxodo 38:21; Números 1:50), que não designa, no entanto, toda a estrutura, mas apenas o recinto que continha a “arca do testemunho” (Ex 25:16,22; Números 9:15); a “casa do Senhor” (Deuteronômio 23:18); o “templo do Senhor” (Josué 6:24); um “santuário” (Ex 25:8).
Um relato específico dos materiais que as pessoas forneceram para a montagem do Tabernáculo é registado em Êxodo 25-40. A realização do projeto misteriosamente dado a Moisés foi confiada a Bezaleel e Aoliabe, que foram especialmente dotados de sabedoria e habilidade artística, provavelmente adquiridas no Egito, para este fim (Ex 35:30-35). O povo forneceu materiais para o tabernáculo com tanta abundância que Moisés precisou restringi-los (Ex 36:6). Este material, do qual eles tão liberalmente contribuíram para este propósito, deve ter consistido em grande parte dos presentes que os egípcios tão prontamente lhes deram na véspera do Êxodo (Ex 12:35-36).
O tabernáculo era um gabinete retangular, com um comprimento de cerca de 13 metros e 4,50 em largura e altura. Seus dois lados e sua parte ocidental eram feitos de tábuas de madeira de acácia, colocadas na extremidade, apoiadas em bases de bronze, ficando aberta a parte oriental (Ex 26:22). Esta estrutura foi coberta com quatro revestimentos, o primeiro de linho, em que as figuras dos querubins simbólicos eram trabalhadas com bordados em fios azuis, púrpura e escarlate, e provavelmente também com fios de ouro (Ex 26:1-6; 36:8-13). Acima desta estava uma segunda cobertura de doze cortinas de tecido de pelo de cabras pretas, estendendo-se do lado de fora para baixo quase até o chão (Ex 26:7-11). A terceira coberta era de peles de carneiros tingidas de vermelho, e a quarta de peles de texugos (tahash no original hebraico, ou seja, o dugongo, uma espécie de foca), Ex 25:5; 26:14; 35:7,23; 36:19; 39:34.
Internamente era dividido por um véu em dois cômodos, cujo exterior era chamado de lugar santo, também “o santuário” (Hebreus 9:2) e o “primeiro tabernáculo” (Hebreus 9:6); e o interior, o santo dos santos, “o lugar santo”, “o santíssimo”, o “segundo tabernáculo” (Êxodo 28:29; Hebreus 9:3,7). O véu que separava estes dois cômodos era uma cortina dupla da melhor qualidade, que nunca era ultrapassada exceto pelo sumo sacerdote uma vez por ano, no grande Dia da Expiação. O lugar santo era separado do átrio exterior que cercava o tabernáculo por uma cortina, que ficava pendurada sobre as seis colunas que estavam na extremidade oriental do tabernáculo.
A ordem assim como o caráter típico dos serviços do tabernáculo estão registrados em Hebreus 9; 10:19-22.
O santo dos santos, um cubo de 4,50 metros, continha a “arca do testemunho”, ou seja, o baú contendo as duas tábuas de pedra, o recipiente de maná e a vara de Arão que brotou.
O lugar santo era o maior cômodo do tabernáculo. Aqui foram colocados a mesa para os pães da proposição, o candelabro de ouro, e o altar de incenso de ouro.
Ao redor do tabernáculo havia um pátio, cercado por cortinas penduradas sobre sessenta colunas (Ex 27:9-18). Este pátio tinha 45 metros de comprimento e 22,50 de largura. Dentro dele foi colocado o altar de holocausto, que media 2,20 metros de comprimento e largura e 1,30 de altura, com chifres nos quatro cantos, e a pia de bronze (Ex 30:18), que estava entre o altar e o tabernáculo.
O tabernáculo inteiro ficou pronto em sete meses. No primeiro dia do primeiro mês do segundo ano depois do Êxodo, ele foi formalmente montado, e a nuvem da presença divina desceu sobre ele (Ex 39:22-43; 40:1-38). Custou 29 talentos e 730 siclos de ouro, 100 talentos e 1.775 siclos de prata, 70 talentos e 2.400 siclos de bronze (Ex 38:24-31).
O tabernáculo foi construído de tal maneira que podia ser facilmente desmontado e transportado de um lugar para outro durante as peregrinações no deserto. O primeiro acampamento dos israelitas depois de atravessar o Jordão foi em Gilgal, e ali o tabernáculo permaneceu por sete anos (Josué 4:19). Foi depois removido para Siló (Josué 18:1), onde permaneceu durante o tempo dos juízes, até os dias de Eli, quando a arca, tendo sido levada para o campo quando os israelitas estavam em guerra com os filisteus , foi tomada pelo inimigo (1Samuel 4), e nunca mais foi restaurada para o seu lugar no tabernáculo. O antigo tabernáculo erguido por Moisés no deserto foi transferido para Nobe (1Samuel 21:1), e após a destruição daquela cidade por Saul (1Samuel 22:9; 1Crônicas 16:39-40), a Gibeão. É mencionado pela última vez em 1Crônicas 21:29. Um novo tabernáculo foi erguido por Davi em Jerusalém (2Samuel 6:17; 1Crônicas 16:1), e a arca foi trazida de Pérez-Uza e depositada nele (2Samuel 6:8-17; 2Crônicas 1:4).
A palavra assim traduzida (‘ohel) no Ex 33:7 significa simplesmente uma tenda, provavelmente a própria tenda de Moisés, pois o tabernáculo ainda não estava erguido.
Tabernáculo do Testemunho
O Tabernáculo, cuja grande glória era que continha “o testemunho”, isto é, as “duas tábuas da Lei”, era assim chamado (Êxodo 38:21). A arca em que estas tábuas foram depositadas era chamada a “arca do testemunho” (Ex 40:3), e também simplesmente o “testemunho” (Ex 27:21; 30:6).
Tabernáculo em 2Coríntios 5:14
O corpo humano; uma tenda, em oposição a uma habitação permanente.
Adaptado de: Illustrated Bible Dictionary.