Habacuque é o oitavo dos doze profetas menores. Ele foi contemporâneo de Jeremias e Sofonias. As próprias palavras do livro de Habacuque levam à conclusão que ele profetizou pouco antes da batalha de Carquemis (605 a.C) e, portanto, no reinado de Joiaquim. Mas não nos dizem nada sobre sua tribo, local de nascimento ou história pessoal.
Existem várias tradições sobre a história pessoal de Habacuque, a lenda mais antiga está no livro apócrifo “Bel e o Dragão”. Neste livro está registrado (33-39) que o profeta Habacuque foi encarregado por um anjo para alimentar Daniel na cova dos leões, e que, para esse propósito, ele foi milagrosamente transportado da Judeia para a Babilônia. A história, sem valor em si mesma, confirma indiretamente a teoria da “data”, que afirmamos acima. Sua existência indica que a tradição judaica conectou o ministério de Habacuque ao período do cativeiro babilônico — ao reinado de Joiaquim, e não ao de Manassés, Amom ou Josias. Outro ponto de interesse na lenda é a inscrição no Códice Chisianus da Septuaginta (do Tetrapla de Orígenes e do Siro-Hexapla), reivindicando o próprio Habacuque como autor de “Bel e o Dragão”. Esta inscrição diz: “Da profecia de Habacuque, filho de Josué, da tribo de Levi”. A referência à tribo do profeta atraiu uma atenção especial, tendo em vista a prescrição em Hq 3:19: “Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de corda” (ACF). Deduziu-se, a partir do uso do pronome possessivo, que Habacuque estava habilitado a participar com os levitas nos serviços do templo. Essa inferência, no entanto, é desprovida de base substancial. É possível que o termo n’gînôthay seja uma forma dupla, não o plural com o afixo possessivo – um “instrumento de corda dupla”, não “meus instrumentos de corda”. E qualquer que seja o significado do termo, o rei Ezequias prescreve o mesmo uso litúrgico no final de seu salmo em Isaías 38 (no original hebraico n’naggên n’gînôthay, ACF, “tangendo em meus instrumentos”.) Mas Ezequias não era levita. Por que Habacuque teria sido um? De fato, a passagem (Hq 3:19) não prova nada em relação à tribo do profeta. A inscrição em “Bel e o Dragão” deve ser julgada por seus próprios méritos; e mostra apenas que uma tradição judaica antiga que fez de “Josué” o nome do pai de Habacuque, e de Levi a sua tribo.
Tradições posteriores e menos respeitáveis aparecem nos escritos rabínicos. Uma delas é a lenda de que Habacuque foi o vigia colocado por Isaías para observar a destruição da Babilônia, uma lenda baseada em uma combinação de Isaías 21:16 e Hq 2:1. Outra é a tradição repetida por Abarbanel, de que o profeta era aquele filho de uma mulher sunamita que Eliseu restaurou à vida (2Reis 4). A etimologia aqui, como em outros casos, tornou-se mãe deste mito. O nome Habacuque está ligado por derivação ao verbo chábak, “abraçar”. Em 2Reis 4:16 ocorrem as palavras “abraçarás (châbak) um filho”. Este é o único fundamento da tradição. Nesse sentido, observamos que não há razão para atribuir ao nome “Habacuque” qualquer significado simbólico. Provavelmente foi o nome que o profeta recebeu ao nascer, não uma designação oficial ou ministerial.
Significado do nome
No original hebraico Chabaqquwq (חבקוק), Habacuque provavelmente significa “abraço”. Em algumas versões da Bíblia, o nome é traduzido para Habacuc.
Adaptado de: A Bible Commentary for English Readers (1905).