Os magos do oriente
Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia (compare com Mateus 2:5; Miqueias 5:2; Lucas 2:4-7,11,15; Jo 7:42). Atualmente em Belém há uma igreja construída por Constantino, o Grande (330 d.C), chamada de “Basílica da Natividade”, sobre uma gruta ou caverna chamada “cripta sagrada” e que se diz ser o “estábulo” em que Jesus nasceu. Esta é talvez a mais antiga igreja cristã existente no mundo. [Easton, 1896]
nos dias do rei Herodes – ou seja, Herodes, o Grande, que reinou de 37 a 4 a.C. Como Cristo nasceu pelo menos dois anos antes da morte de Herodes (Mateus 2:16), a data do nascimento não pode ser posterior a 6 a.C.
vieram uns magos do oriente a Jerusalém (compare com 1Reis 4:30; Jó 1:3; Salmo 72:9-12; Isaías 11:10; Isaías 60:1-9). “Magos” era uma classe sacerdotal entre os persas, babilônios e outras nações orientais, que se dedicavam ao conhecimento dos segredos da natureza, adivinhação, astrologia e medicina. Os Magos da Babilônia são mencionados em Jeremias 39:3. Daniel foi nomeado chefe deles devido à sua habilidade em interpretar sonhos (Daniel 2:48). Aqui a palavra é usada no seu significado estrito, e num bom sentido. Em outro lugar do Novo Testamento significa um ilusionista ou trapaceiro (Atos 13:6,8). Considerando que a astrologia era praticada principalmente na Babilônia e a influência judaica era particularmente forte lá, pode-se conjeturar que esses magos eram babilônios. Mas eles podem ter vindo da Arábia. Não há qualquer garantia para a difundida tradição de que fossem reis. [Dummelow, 1909]
Rei dos Judeus. Caso esses magos fossem de fato gentios, eles estavam totalmente instruídos no entendimento de que o futuro Salvador seria um Judeu e um Rei dos Judeus. Eles vieram em busca de um Messias judeu.
Vimos a sua estrela no oriente. Um olhar atento às palavras irá, talvez, dispersar algumas conclusões sem fundamento:1. A estrela não estava sobre Jerusalém. Caso contrário, teria sido tão visível para os judeus quanto para eles; e eles não teriam dito: “Vimos a sua estrela no oriente”; isto é, nós no oriente vimos sua estrela; mas eles teriam dito: “A sua estrela está lá no céu”. A estrela, obviamente, não era visível naquele momento para os magos, e por essa razão perguntavam onde ele estava. 2. Não há prova de que a estrela os guiou em seu caminho de seu próprio país para Jerusalém. Em Jerusalém, eles apenas afirmam que viram sua estrela quando estavam no oriente, antes de partirem; não que foram guiados por ela no caminho, ou que a viam agora. 3. É evidente que esta estrela não é um membro comum do firmamento. É “a sua estrela”, e não uma estrela que tenha existido independentemente dele.
Quanto a como eles descobriram que a estrela era dele, não somos informados. Pode ser que alguma revelação divina tenha sido dada com a estrela, assim como os anjos que apareceram aos pastores, ou então eles tiveram algum impulso profético.
Agora, o que era a estrela? A isso alguns responderam que era uma conjunção de planetas, que a astronomia mostra ter ocorrido naquela época; e que, aos olhos, pareceria uma estrela muito luminosa. Os magos viram isso e, influenciados pela expectativa derivada da profecia, então amplamente existente no Oriente, de que o Messias logo nasceria, partiram para Jerusalém para fazer uma investigação. Nenhum comentarista afirma essa teoria de forma mais plausível do que Alford. Mas ela não corresponde com a narrativa. Como poderia uma estrela assim reaparecer (Mateus 2:9-10) no caminho deles em direção a Belém, ir à frente e indicar a própria “casa” (Mateus 2:11) onde a criança estava?
Nos resta então apenas uma visão que explique esta estrela. Ela uma esfera luminosa, divina e especialmente dada, e divinamente explicada, como um sinal do nascimento do Salvador. É chamada de estrela por causa da sua forma visível. Assim como os anjos são diversas vezes chamados de homens na Escritura, porque eram homens pela forma embora não pela natureza, também esta esfera é chamada de uma estrela, porque embora não o fosse por natureza, era pela forma.
A submissão dos judeus a Jesus foi tipificada pelos pastores; a submissão dos gentios pelos magos. Os primeiros foram informados por anjos; o último por uma estrela.
Talvez esta foi a estrela vista em visão profética pelo gentio Balaão, como estando muito distante de si mesmo no tempo: “Eu o vejo, mas não agora; eu o avisto, mas não de perto. Uma estrela surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel.” (Números 24:17). E pela vinda dos magos foi cumprida em tipo a profecia que, “as nações virão à sua luz e os reis ao fulgor do sua alvorecer” (Isaías 60:3). Esses magos foram com embaixadores das nações gentias. Para o adorarem — como rei e Salvador. [Whedon, 1874]
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O rei Herodes, ao ouvir isto, ficou perturbado – vendo isso como um perigo para seu trono: talvez sua consciência culpada também sugerisse outros motivos para temer. [JFU, 1866]
com ele toda Jerusalém [ficou perturbada]. Eles tinham bons motivos para estarem preocupados. Segundo Flávio Josefo, apenas dois anos antes, em um ataque de medo e inveja semelhante, Herodes massacrou todos os principais fariseus. [Dummelow, 1909]
os principais sacerdotes e escribas do povo. A classe dos “principais sacerdotes” incluía o sumo sacerdote do momento, juntamente com todos os que ocupavam esse cargo anteriormente; porque embora o então chefe da família araônica fosse o único sumo sacerdote legítimo, os romanos os trocavam conforme queriam. Nesta classe provavelmente estavam incluídos também os chefes dos 24 turnos dos sacerdotes. Oséias “escribas” eram, a princípio, apenas copistas da lei e leitores das sinagogas; depois intérpretes da lei, tanto civil como religiosa, e também advogados e teólogos. A primeira dessas classes, uma parte da segunda e “os anciãos” – isto é, como pensa Lightfoot, “os mais velhos entre os leigos, que não eram da tribo de Levi” compunham o conselho supremo da nação, chamado de Sinédrio, cujo número total de membros era setenta e dois. Considerando a solenidade da ocasião, é muito provável que este tenha sido o conselho que Herodes agora convocou; porque embora os anciãos não sejam mencionados, encontramos uma omissão semelhante em outros textos onde certamente há referência as três classes (compare com Mateus 26:59; 27:1). Herodes convocou os teólogos da nação pois era uma resposta teológica que ele queria. [JFU, 1866]
porque assim está escrito pelo profeta. Miquéias, em Miquéias 5:2.
Veja Miquéias 5:2. Mateus não segue nem o Antigo Testamento em hebraico nem a versão em grego, mas traz uma paráfrase livre. Segundo Edersheim, “ele reproduz a declaração profética de Miquéias, exatamente como tais citações eram popularmente feitas naquela época. Sendo o hebraico uma língua morta, as Sagradas Escrituras sempre foram traduzidas (na sinagoga) para o dialeto popular (aramaico) por um methurgeman ou intérprete, e essas interpretações, ou Targums, não eram versões literais nem paráfrases, mas algo entre elas, um tipo de tradução interpretativa. [Dummelow, 1909]
Herodes chamou secretamente os magos – a fim de manter o assunto sob seu o controle.
[Herodes] perguntou-lhes sobre o tempo exato em que a estrela havia aparecido – para saber exatamente quando ele havia nascido. [Whedon, 1874]enviando eles a Belém. Até aqui, não se diz que os magos foram guiados pela Estrela; eles vão a Belém conforme as instruções de Herodes, que foram baseadas na resposta do Sinédrio; enquanto eles iam, a estrela apareceu novamente. [Cambridge, 1893]
a estrela que tinham visto no oriente – ou seja, a estrela que eles viram, não em Jerusalém, nem no caminho para lá, mas enquanto estavam no oriente.
[a estrela] ia adiante deles. Não somos informados se ela era visível para qualquer outra pessoa, ou somente para os magos. [Whedon, 1866]Ao verem a estrela – ou seja, antes ela não estava visível.
eles ficaram extremamente alegres – no original hebraico, regozijaram-se com muito grande júbilo.
prostrando-se, o adoraram. A forma comum homenagear um monarca. Mas em sua homenagem se mesclava algo também de culto religioso, porque eles entendiam pelo menos isso, que o menino diante do qual se ajoelhavam era o Messias, o líder religioso da raça humana, alguém em uma relação única com Deus, e que estava destinado a estabelecer o reino de Deus na terra.
ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. Era, e ainda é, costume oriental não encontrar com monarcas e príncipes sem um presente (compare com Gênesis 43:11; 1Samuel 10:27; 1Reis 10:2). Os magos trouxeram a Jesus os produtos mais caros dos países em que viviam, como que para mostrar que nada é precioso demais para ser usado a serviço de Deus. É um erro pensar que a adoração espiritual é necessariamente uma adoração pura, ou que a religião é mais pura quando está mais desvinculada da arte. A arte e o amor à beleza estão entre as maiores dádivas de Deus ao homem, e é legítimo que o homem na adoração dê o seu melhor a Deus. A interpretação mística dos presentes (“ouro”, simbolizando a realeza de Cristo; “incenso”, Sua Divindade; “mirra”, Sua Paixão, compare com João 19:39) é questionável. Os magos não saberiam que Ele era realmente divino, muito menos que sofreria. [Dummelow, 1909]
divinamente avisados em sonho – algumas versões (NVI, A21, NVT) omitem “divinamente”.
A fuga para o Egito
fuja para o Egito. O Egito era o único lugar de refúgio facilmente acessível a partir de Belém. Estava fora dos domínios de Herodes, sob o governo romano, e continha uma população de pelo menos um milhão de judeus. [Dummelow, 1909]
Então ele se despertou. Isto é, ele levantou imediatamente depois de acordar do sonho, e preparou-se imediatamente para obedecer ao comando.
de noite. Assim, ele mostrou sua pronta obediência ao comando e, ao mesmo tempo, escondeu sua partida, a ponto de se livrar da perseguição a si mesmo, a Maria e à criança. [Barnes]
até a morte de Herodes. Herodes morreu provavelmente em 4 a.C., ou então em 3 a.C., de modo que a permanência no Egito foi curta, talvez apenas alguns meses.
para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta. É impossível que a fuga para o Egito tenha sido inventada para cumprir essa profecia, que em Os é simplesmente uma alusão histórica à libertação de Israel do Egito.
‘Do Egito chamei o meu Filho’. A passagem original (Oséias 11:1) refere-se a nação de Israel, e não ao Messias. Mateus, porém, viu na história de Israel um típico prenúncio da vida de nosso Senhor, e assim, de acordo com os métodos rabínicos de interpretação, aplicou-a a Jesus. [Dummelow, 1909]
conforme a informação que ele havia obtido com os magos – compare com Mateus 2:7.
Em Jeremias 31:15.
Referência à Jeremias 31:15. Raquel foi sepultada em Ramá (compare com Gênesis 35:19; 1Samuel 10:2), e quando Jerusalém foi capturada por Nabucodonosor, grupos de judeus cativos foram conduzidos por seu túmulo a caminho do exílio. Jeremias descreve poeticamente Raquel saindo de seu túmulo e chorando por seus descendentes mortos e exilados, e Mateus aplica a profecia às circunstâncias do massacre dos inocentes. [Dummelow, 1909]
A volta do Egito
até a morte de Herodes. Herodes morreu provavelmente em 4 a.C., ou então em 3 a.C., de modo que a permanência no Egito foi curta, talvez apenas alguns meses. [Dummelow, 1909]
já morreram os que procuravam tirar a vida do menino. Uma alusão à Êxodo 4:19 (“Volte ao Egito, pois já morreram todos os que procuravam matá-lo”, NVI), referindo-se à Faraó, um tipo de Herodes. A permanência de Nosso Senhor no Egito não poderia ter durado mais que meses. [Whedon, 1874]
veio para a terra de Israel – com a intenção, como é evidente pelo que se segue, de retornar a Belém da Judéia; lá, sem dúvida, para criar o menino rei, como em Sua cidade real, até que chegasse o tempo em que Ele ocupasse Jerusalém, “a cidade do Grande Rei”. [JFU, 1866]
divinamente avisados em sonho – algumas versões (NVI, A21, NVT) omitem “divinamente”.
para se cumprir o que foi dito pelos profetas: ‘Ele será chamado Nazareno’. A melhor explicação para a origem deste nome parece ser a que localiza sua origem na palavra netser, em Isaías 11:1 – o pequeno galho ou “ramo” o qual o profeta ali diz que “sairá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um renovo”. A pequena cidade de Nazaré, que não é mencionada nem no Antigo Testamento nem por Josefo, foi provavelmente chamada assim por causa da sua insignificância, ou seja, como um ramo fraco em contraste com uma árvore majestosa; um desprezo particular parece ter repousado sobre ela (“Pode vir alguma coisa boa de lá?”, Jo 1:46), além do desprezo geral em que toda a Galileia se encontrava, devido ao número de gentios que se estabeleceram em seus territórios. Assim, no providencial arranjo pelo qual o nosso Senhor foi criado na insignificante e desprezada cidade chamada Nazaré, houve, primeiro, humilhação; depois, uma alusão à profecia de Isaías da sua descendência humilde, parecida com um galho do tronco seco e sem ramos de Jessé; e ainda mais, um memorial permanente dessa humilhação que “os profetas”, em várias das profecias mais marcantes, tinham associado ao Messias. [JFU, 1866]
Visão geral de Mateus
No evangelho de Mateus, Jesus traz o reino celestial de Deus à terra e, por meio da sua morte e ressurreição, convoca os seus discípulos a viverem um novo estilo de vida. Tenha uma visão geral deste Evangelho através deste breve vídeo (em duas partes) produzido pelo BibleProject.
Parte 1 (9 minutos).
Parte 2 (8 minutos).
Leia também uma introdução ao Evangelho de Mateus.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – fevereiro de 2021.