Mateus 8

1 Quando ele desceu do monte, grandes multidões o seguiram.

Comentário de J. A. Broadus

(1-17) UM GRUPO DE MILAGRES. Em Mateus 8:1 até Mateus 9:34, encontramos uma série impressionante de milagres. Após concluir seu esboço do Sermão da Montanha, o evangelista volta ao estado das coisas descrito antes de sua introdução (Mateus 4:23-25). Nosso Senhor estava percorrendo a Galileia, seguido por “grandes multidões” (Mateus 4:25); em algum momento dessa jornada, movido pela presença dessas multidões (Mateus 5:1), ele subiu à montanha e dirigiu aos discípulos e à multidão um longo discurso (Mateus 5-7), com o objetivo de apresentar a natureza do reinado messiânico e corrigir muitos erros judaicos a respeito disso. Quando terminou e desceu, “grandes multidões” continuaram a segui-lo. Agora, tendo dado esse grande exemplo do ensino de Jesus, o evangelista procede, em Mateus 8:1 até Mateus 9:34, a agrupar exemplos notáveis de seus milagres, que mostram que, se ele ensinava como alguém com autoridade (Mateus 7:29), ele agia da mesma forma; e esses milagres lançam luz sobre a natureza de sua obra como Messias. Em conexão com esses milagres, Mateus também relata (Mateus 9:9-17) o seu próprio chamado para seguir Jesus. Ao comparar os Evangelhos de Marcos e Lucas, vemos que vários desses milagres e os ditos associados são introduzidos em contextos diferentes, indicando que eles não ocorreram exatamente na ordem mencionada aqui. Alguns parecem ter acontecido antes da pregação do Sermão da Montanha, embora durante essa jornada pela Galileia (veja em Mateus 5:1), e outros em momentos diversos ao longo do ministério de Jesus na Galileia. Mateus os agrupa sem uma preocupação específica com a ordem cronológica, mas de maneira a promover o objetivo especial de seu argumento histórico. Seguindo esses exemplos do ensino (Mateus 5-7) e dos milagres (Mateus 8-9) de Jesus, encontramos, em Mateus 10, o relato do envio dos Doze, para que eles também pudessem ensinar e operar milagres (veja em Mateus 9:35). [Broadus, 1886]

2 E, eis que um leproso aproximando-se, ajoelhou-se diante dele e disse: 'Senhor, se quiser, pode me purificar'.

ajoelhou-se diante dele – no original grego, adorou ele. Um ato de reverência prestado a reis. Talvez o leproso já considerasse Jesus como o Messias, o legítimo rei de Israel. Ele certamente tinha plena fé em Seus poderes miraculosos. Ele apenas duvidou de Sua vontade (“se quiser”) de curar alguém tão miserável. Frequentemente, os homens acham mais fácil acreditar no poder de Deus do que em Sua misericórdia e amor. [Dummelow, 1909]

3 Jesus, estendendo a mão, tocou nele e disse: 'Eu quero. Seja purificado!' No mesmo instante ele foi purificado da lepra.

Jesus, estendendo a mão, tocou nele. Ninguém tinha permissão para tocar ou mesmo cumprimentar um leproso. Uma distância de pelo menos dois metros deveria ser mantida do leproso; se o vento viesse da direção dele: cinquenta metros era o mínimo. Ao tocar no leproso, Cristo mostrou Sua superioridade em relação à Lei de Moisés. Em vez dEle ser contaminado, Seu toque transmitiu purificação. [Dummelow, 1909]

4 Então Jesus lhe disse: 'Não conte isso a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para lhes servir de testemunho'.

Comentário Dummelow

Não conte isso a ninguém. De acordo com Marcos (Marcos 1:44), Jesus despediu o homem com uma forte advertência para que ficasse em silêncio abruptamente. Só há uma explicação para isso. Jesus queria impedir, como em João 6:15, que o povo proclamasse Ele o Messias e O obrigasse a ser o líder de uma revolução.

fazer a oferta que Moisés ordenou – ou seja, um sacrifício de dois cordeiros sem mancha e uma cordeiro de um ano sem mancha. Para obter detalhes, consulte Levítico 14.

para lhes servir de testemunho – ou seja, uma prova que ele havia sido genuinamente curado. Os sacerdotes, depois de o examinarem, não poderiam recusar sua oferta, e a aceitação dela seria um testemunho válido de que ele realmente havia sido curado da lepra. Confrontados com a ordem de não contar a ninguém, não podemos imaginar que Cristo pretendia que o ex-leproso informasse os sacerdotes sobre a maneira que havia sido curado, e assim desafiasse eles a examinarem Suas reivindicações. O homem parece, no entanto, ter desobedecido à ordem (Marcos 1:45), de modo que esse milagre ajudou a despertar a oposição que Cristo logo depois encontrou (Mateus 9:3,11,34). [Dummelow, 1909]

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5 Quando Jesus entrou em Cafarnaum, um centurião veio até ele, suplicando:

um centurião veio até ele. “De acordo com Mateus, foi o próprio centurião quem informou Jesus sobre sua necessidade. Lucas (Lucas 7:3), em contrapartida, diz que o oficial enviou alguns anciãos dentre os judeus com essa solicitação. Isso não envolve nenhuma contradição, pois foi através desses anciãos que a suplica do centurião chegou a Jesus. Quando Mateus 27:26 informa que Pilatos açoitou a Jesus, não significa que o governador houvesse aplicado os açoites com sua própria mão. Ainda hoje às vezes fazemos uso da expressão abreviada” (Hendriksen, 2010).

6 'Senhor, o meu servo está em casa, paralítico, sofrendo horrivelmente.'

meu servo (compare com Jó 31:1314Atos 10:7Colossenses 3:11Colossenses 4:11Timóteo 6:2Filemom 1:16).

paralítico (compare com Mateus 4:24Mateus 9:2Marcos 2:3Atos 8:7; 9:33).

7 Jesus lhe disse: 'Eu irei, e o curarei'.

Eu irei, e o curarei. No relato de Lucas (Lucas 7), estas palavras são omitidas, mas estão implícitas no ato de nosso Senhor em ir com os anciãos da sinagoga. Enquanto Ele ia, alguém, ao que parece, correu na frente para dizer ao centurião que seu pedido foi ouvido. Então, em sua humildade, ele envia alguns de seus amigos com a mensagem, que Mateus registra como se tivesse vindo de seus próprios lábios. [Ellicott, 1905]

8 O centurião respondeu: 'Senhor, não sou digno de que entres na minha casa; mas dize somente uma palavra, e o meu servo será curado.

não sou digno de que entres na minha casa – no original grego, eu não sou digno de que entres debaixo do meu telhado.

9 Pois eu também sou homem debaixo de autoridade, e tenho soldados às minhas ordens. Digo a um: 'Vai', e ele vai; e a outro: 'Vem', e ele vem; e ao meu servo: 'Faça isto', e ele faz.'

O centurião expressa a sua fé de que as doenças são tão obedientes a Jesus como os seus soldados são a ele. [Dummelow, 1909]

10 Quando Jesus ouviu isso, ficou admirado e disse aos que o seguiam: 'Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé!

nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Israelitas que buscavam a obra de cura de nosso Senhor, ansiavam por presença ou toque, mesmo que fosse apenas a bainha das suas vestes; às vezes, como no caso de cegos, mudos e surdos, por sinais ainda mais materiais. Aqui estava alguém que acreditava no poder da palavra de Cristo, e nada mais pedia. [Ellicott, 1905]

11 Digo a vocês que muitos virão do oriente e do ocidente, e se sentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus;

sentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó. Rabinos ensinaram que a era messiânica seria inaugurada por um grande banquete. Todo o Israel, com seus patriarcas, profetas e heróis, estaria lá. Os gentios seriam excluídos e teriam o desgosto de ver todos os grandiosos preparativos. Todos os animais (limpos) que existem, e muitos que não existem, seriam comidos nessa festa, por exemplo o Leviatã, o Beemote, o pássaro gigante Bar Jochani e alguns fabulosos gansos gordos. O vinho da festa teria sido guardado desde a criação do mundo. O rei Davi levantaria o cálice em ação de graças (Salmo 116:13). Surpreendentemente, portanto, foi a declaração de Jesus de que os gentios de todas as nações seriam admitidos nesta festa messiânica, e muitos judeus circuncidados (“filhos do reino”) excluídos. No Novo Testamento, a figura de um banquete ou festa de casamento é usada várias vezes para representar a participação no Reino de Cristo, tanto neste mundo como no próximo: veja Mateus 22:2; 25:10; Apocalipse 19:7. Esta passagem é uma dupla profecia, (1) da admissão dos gentios em termos de igualdade com os judeus na Igreja Cristã, e da exclusão de muitos destes últimos; (2) da salvação final de muitos gentios, e da reprovação de judeus meramente nominais. [Dummelow, 1909]

12 mas os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.

Comentário Whedon

os filhos do reino – ou seja, os judeus naturais. O reino dos céus, isto é, a dispensação do Evangelho, incluindo o reino da glória e também da graça, é representado como um banquete divino, no qual, enquanto os judeus, os filhos naturais do reino, são excluídos, os gentios arrependidos tomam seus lugares com Abraão e os outros patriarcas. A herança pela fé é substituída pela herança pelo nascimento, e os convidados espirituais são os verdadeiros filhos de Abraão.

serão lançados para fora, nas trevas (NAA, NVI, NVT) – ou então, serão lançados nas trevas exteriores (A21, ACF). O esplendor, a alegria, a festa interior, são um emblema do reino de Deus. A escuridão das ruas do lado de fora é um emblema de profundo horror. As ruas das cidades orientais eram estreitas e sujas; todo o embelezamento externo era reservado ao pátio ou quintal interno. À noite, as ruas ficavam totalmente escuras, não sendo iluminadas nem mesmo pelos raios de uma janela. Ladrões e cães bravos os tornavam perigosos. Temos daí uma forte imagem daquele desespero absoluto, escuridão e morte de uma alma excluída de Deus e deixada a chorar e ranger os dentes. [Whedon, 1874]

ranger de dentes – de raiva.

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13 Então Jesus disse ao centurião: 'Vai! Como você creu, assim lhe seja feito'. Naquela mesma hora o seu servo foi curado.

Como você creu, assim lhe seja feito (compare com Mateus 9:29Mateus 15:28Mateus 17:20Marcos 9:23).

Naquela mesma hora o seu servo foi curado (compare com Jo 4:52,53).

A cura da sogra de Pedro

14 Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele de cama, com febre;

casa de Pedro. Pedro era um homem casado (1Coríntios 9:5). Ele tinha uma casa em Cafarnaum, que dividia com seu irmão André e, aparentemente, com a mãe da sua esposa. [Dummelow, 1909]

15 e tocando a mão dela, a febre a deixou. Então ela se levantou e passou a servi-lo.

e tocando a mão dela (A21, BKJ, NVT) – ou então, e tomando ela pela mão (NAA, NVI). Compare com Mateus 8:3Mateus 9:2029Mateus 14:36Mateus 20:342Reis 13:21Isaías 6:7Marcos 1:41Lucas 8:54Atos 19:11-13.

e passou a servi-lo (compare com 33Lucas 22:3334Lucas 15:1516Lucas 4:3839) – ou seja, passou a cuidar dele.

16 Ao cair da tarde, trouxeram a ele muitos endemoninhados, e com a sua palavra expulsou os espíritos e curou todos os que estavam doentes,

trouxeram a ele muitos endemoninhados (compare com Mateus 4:24).

com a sua palavra expulsou os espíritos (compare com Mateus 12:2234Marcos 5:8Marcos 9:25Atos 19:13-16).

e curou todos os que estavam doentes (compare com Mateus 14:14Ex 15:26).

17 para se cumprir o que havia sido dito pelo profeta Isaías: 'Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças'.

o que havia sido dito pelo profeta Isaías – em Isaías 53:4.

Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças. A doença e a mortalidade são tão verdadeiramente consequência do pecado, quanto as próprias dores do inferno. Tudo isso foi suportado pelo Salvador na forma de sofrimentos expiatórios na cruz. Foi por meio desse sofrimento substitutivo em nosso lugar que o homem Cristo Jesus teve o direito de nos redimir do inferno e nos livrar até mesmo da parte terrena de nossas aflições. Ele curou doenças, portanto, levando-as em seu próprio corpo na cruz. [Whedon, 1874]

O preço de seguir Jesus

18 Jesus, ao ver uma multidão ao seu redor, ordenou que atravessassem para a outra margem.

ordenou que atravessassem para a outra margem – ou seja, para a costa oriental do Mar da Galileia. Embora menos evidente do que nos outros Evangelhos, aqui também é indicado o desejo de Jesus por um tempo de descanso e recolhimento. [Ellicott, 1905]

19 Então um escriba se aproximou e disse: 'Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores'.

um escriba (compare com Esdras 7:6Marcos 12:32-3433Lucas 22:3334Lucas 15:1516Lucas 4:3839Lucas 9:57581Coríntios 1:20).

te seguirei aonde quer que fores (compare com 3333Lucas 22:3334Jo 13:36-38).

20 Jesus lhe respondeu: 'As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça'.

A oferta de um rabino (escriba) para se tornar um seguidor de Jesus era atraente, especialmente porque ainda nenhuma pessoa influente havia se tornado um discípulo. Jesus, porém, não aceitou a oferta apressadamente. Para testar a sinceridade do novo convertido, ele exigiu que ele calculasse o custo. Ele deve desistir de tudo para seguir a Cristo —  conforto do lar, riqueza, honra e todas as perspectivas de melhoria. Como seu Mestre, ele não deve ter onde reclinar a cabeça. Não sabemos a resposta do escriba, talvez como o jovem rico, achou as condições muito difíceis. [Dummelow, 1909]

21 Outro discípulo lhe disse: 'Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar meu pai'.

deixa-me ir primeiro enterrar meu pai. Existem dois pontos de vista. 1. Que seu pai já estava morto, e ele desejava apenas participar do funeral e cumprir os últimos ritos de sepultamento. Se esse ponto de vista estiver correto, o Salvador pretendia ensinar que o dever para com o Senhor é mais elevado do que qualquer dever terreno, e quando um tem que ceder ao outro, deve ser o inferior. 2. Também se defende que o discípulo pediu que lhe fosse permitido permanecer em casa até a morte e sepultamento de seu pai, e então seguir a Cristo. Essa é a visão mais provável. Era o caso de “amar o pai ou a mãe mais do que a mim”.

Este discípulo reconhece que se tornar um discípulo verdadeiramente dedicado envolve deixar sua casa para trás. Ele reconhece que, embora até mesmo as criaturas de Deus tenham suas próprias casas, os discípulos de Jesus são diferentes. E ele está pronto para isso, mas ainda não. Ele não está totalmente pronto agora. Ele quer primeiro alcançar sua independência. É uma questão em aberto se o discípulo quer dizer que quer voltar um pouco porque seu pai está morrendo, ou porque ele acaba de receber a notícia de que seu pai já está morto, ou se ele está se referindo ao seu dever filial de permanecer em casa até a morte do pai, quando for o caso. Mas o princípio é o mesmo. Ele está tentando evitar ir com Jesus imediatamente.

Podemos comparar aqui com o caso de Eliseu que também foi para casa se despedir antes de seguir Elias. Mas naquele momento Eliseu se desligou completamente de sua vida passada (1Reis 19:19-21), e então seguiu Elias. Porém, nesse caso, Elias não estava saindo do alcance. E certamente não há indicação de que seu pai estava morrendo. Aqui, então, é provável que o homem estava de fato querendo adiar o discipulado completo até que ele fosse libertado dos laços familiares e do dever filial.

Sendo assim, pode muito bem ser que Jesus tenha percebido que há por trás da declaração do discípulo uma relutância em O seguir por todo o caminho (como aconteceu com o jovem rico mais tarde – Mateus 19:22), e que Ele o está desafiando precisamente nesse ponto. Ele está dizendo a ele para definir suas prioridades. Assim, o que a princípio parecia uma resposta dura torna-se então perfeitamente compreensível, e em conformidade com outras referências ao relacionamento dos discípulos de Jesus com familiares (Mateus 10:37; 19:29; Lucas 14:26). Por outro lado, pode ser que Jesus, não tendo a certeza de quando retornaria à Galileia, está enfatizando que em momentos como este devem ser tomadas decisões cruciais que não devem ser afetadas por nada, mesmo a morte de um pai. A lição final é indiscutível. Nada deve interferir na decisão de seguir Jesus. [Pett, 2013]

22 Porém Jesus lhe respondeu: 'Siga-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos'.

Comentário Cambridge

deixa que os mortos sepultem os seus mortos. A palavra “morto” é usada primeiro em um sentido figurado, segundo, em um sentido literal. Em sentido figurado, os “mortos” se refere àqueles que estão fora do reino, que estão mortos para a verdadeira vida. [Carr, 1893]

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23 Entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.

Compare com Mateus 9:1Marcos 4:36Lucas 8:22.

24 De repente, levantou-se no mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam o barco. Jesus, porém, dormia.

Jesus, porém, dormia. Esta é a única vez que Jesus é mencionado dormindo.

25 Os discípulos foram acordá-lo, dizendo: 'Senhor, salva-nos! Vamos morrer!'

Os discípulos foram acordá-lo (compare com Salmo 10:1Salmo 44:2223Salmo 44:2223Isaías 51:910Marcos 4:3839Lucas 8:24).

Senhor, salva-nos! (compare com 2Crônicas 14:112Crônicas 20:12Jon 1:6).

Vamos morrer! – no original hebraico, estamos perecendo. Como Jonas, Jesus dormia; mas, ao contrário de Jonas, ele foi quem deteve a tempestade, não a sua causa. [Whedon, 1874]

26 E ele lhes perguntou: 'Por que vocês estão com medo, homens de pequena fé?' Então se levantou e repreendeu os ventos e o mar; e houve grande calmaria.

A fé deles era pequena pois tinham medo morrer enquanto estavam a bordo do Salvador adormecido: eles não podem ser tidos como infiéis, pois recorreram a esse Salvador para ajudá-los. Assim, Ele reconhece a fé que eles tinham; responde à oração da fé, trazendo calmaria à situação: mas os repreende por não terem uma fé mais forte e firme para confiar nEle mesmo quando Ele parecia insensível ao perigo que corriam.

A aplicação simbólica desta situação é muito impressionante para ter escapado à atenção geral. O Salvador com a companhia de Seus discípulos no navio jogado sobre as ondas, parecia uma reprodução típica da Arca levando a humanidade sobre o dilúvio, e um prenúncio da Igreja sacudida pelas tempestades deste mundo, mas tendo Ele sempre com ela. E a aplicação pessoal é de conforto e fortalecimento da fé, no perigo e na dúvida.

Jesus acordou, indiferente à situação, e dirigiu-se primeiro a eles e os repreendeu por seus temores. Ele ressaltou que o problema deles residia em não terem fé suficiente. Pois se eles realmente O tivessem reconhecido pelo que Ele era, teriam aceitado que nenhum barco que O carregava teria permissão para afundar. Ele estava seguro nas mãos de Seu Pai. E a partir disso concluiriam que estavam seguros com Ele, pois eram Seus seguidores escolhidos. Isso, sem dúvida, mais tarde lhes daria a garantia de que estavam nas mãos de Deus (mesmo quando um deles foi martirizado – Atos 12:2). [Pett, 2013]

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27 E aqueles homens se admiraram, dizendo: 'Quem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?'

Os endemoniados gadarenos

28 Quando chegou à outra margem, à terra dos gadarenos, dois endemoniados saíram do cemitério e foram ao seu encontro. Eles eram tão violentos que ninguém podia passar por aquele caminho.

dois endemoniados. Marcos (Marcos 5:2) e Lucas (Lucas 8:27) falam de apenas um endemoniado que foi ao encontro de Jesus. Essa diferença de afirmação gerou considerável dificuldade. Deve-se observar, entretanto, que nem Marcos nem Lucas dizem que não havia mais do que um. Por razões particulares, eles podem ter sido levados a concentrar sua atenção naquele que era mais conhecido, furioso e difícil de ser controlado. Se tivessem negado claramente que havia mais do que um, e se Mateus tivesse afirmado que havia dois, haveria uma contradição irreconciliável. Como está, eles relatam a situação como outras pessoas o fariam. Isto mostra que eles foram testemunhas honestas. Se eles fossem impostores; se Mateus e Lucas tivessem concordado em escrever livros para enganar o mundo, eles teriam concordado exatamente em um caso tão fácil como este. Eles teriam contado a história com as mesmas circunstâncias. As testemunhas em tribunais geralmente diferem em questões sem importância; e, desde que a narrativa principal coincida, o testemunho delas é considerado mais valioso. [Barnes,1870]

29 Eles gritaram: 'O que queres conosco, Filho de Deus? Vieste aqui nos atormentar antes do tempo?'

O que queres conosco – no origina hebraico, Que temos contigo.

Filho de Deus. Os demônios reconhecem igualmente Jesus em Marcos 3:11 e Lucas 4:41.

Vieste aqui nos atormentar antes do tempo? Ou seja, antes do Juízo Final, quando os demônios serão enviados para o inferno. Aqui os endemoniados se identificam com os demônios e falam em seus nomes. [Dummelow, 1909]

30 A certa distância deles estava uma grande manada de porcos pastando.
31 E os demônios suplicavam a ele, dizendo: 'Se nos expulsas, manda-nos entrar naquela manada de porcos'.

os demônios suplicavam a ele. Os Evangelhos de Marcos e Lucas trazem mais detalhes sobre o pedido deles: “que não os mandasse sair daquela região”  (Marcos 5:10, NVI), e “que não os mandasse para o abismo”, (Lucas 8:31, NVI), ou seja, poço sem fundo de 11. Eles se esquivam da ideia de vagar por lugares áridos, buscando descanso, e não encontrarem nada (Mateus 12:43), ou de serem obrigados a fugirem, como Asmodeu, para “os confins do Egito” (Tobias 8:3), ou pior, serem enviados para o “abismo”, que era a condenação final do mal. E então eles sugerem outra alternativa: Se nos expulsas, manda-nos entrar naquela manada de porcos. Ou seja, Caso o poder de perturbar homens é retirado de nós, que mantenhamos, pelo menos, o poder de destruir animais. [Ellicott, 1905]

32 Ele lhes disse: 'Vão!' Então eles saíram e entraram nos porcos; e toda manada se lançou de um precipício ao mar, e morreu nas águas.
33 Os que cuidavam dos porcos fugiram e, ao chegarem à cidade, contaram todas estas coisas e o que tinha acontecido com os endemoninhados.

contaram todas estas coisas e o que tinha acontecido com os endemoninhados (NAA, NVI, A21) – ou então, contaram o que tinha acontecido com os endemoniados (NVT, BKJ, ACF). Compare com Marcos 5:14-16Lucas 8:34-36.

34 Então, toda a cidade saiu ao encontro de Jesus; e quando o viram, suplicaram que se retirasse da sua região.

suplicaram que se retirasse da sua região. O afogamento de dois mil porcos (Marcos 3:13) representou uma perda financeira considerável, e eles temiam ter mais prejuízos caso Jesus permanecesse em sua região. [Dummelow, 1909]

<Mateus 7 Mateus 9>

Visão geral de Mateus

No evangelho de Mateus, Jesus traz o reino celestial de Deus à terra e, por meio da sua morte e ressurreição, convoca os seus discípulos a viverem um novo estilo de vida. Tenha uma visão geral deste Evangelho através deste breve vídeo (em duas partes) produzido pelo BibleProject.

Parte 1 (9 minutos).

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Parte 2 (8 minutos).

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Leia também uma introdução ao Evangelho de Mateus.

Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – fevereiro de 2021.