O fogo da ira do SENHOR
Comentário de Daniel Steele
se queixou — em hebraico, era como aqueles que se entristecem. Toda a sentença é assim traduzida por Keil: “O povo estava como aqueles que reclamam nos ouvidos de Yahweh sobre algo ruim”. Nenhuma causa específica é mencionada, mas podemos inferir que isso ocorreu devido às privações e dificuldades da jornada, que foram agravadas neste caso pelo fato de ter durado três dias consecutivos. Tal murmuração era um reflexo sobre seu Líder divino [?].
fogo do SENHOR. Acesso sobrenaturalmente, seja por relâmpago ou de alguma outra forma. Não queimou apenas os arbustos ao redor do acampamento e as tendas, como Knobel e Rosenmuller supõem, mas também pessoas.
a extremidade do acampamento — provavelmente uma extremidade onde a maioria dos que murmuravam estava. [Steele, 1891]
Comentário de Daniel Steele
o fogo se apagou — literalmente, se diminuiu [it sank down], através da intercessão de Moisés. O comportamento do povo indica a profunda necessidade humana de um mediador para proteger a alma do pecador da ira divina. [Steele, 1891]
Comentário de Daniel Steele
Taberá é simplesmente uma designação do local no final do acampamento onde ocorreu a queima. Todo o acampamento recebeu o nome de Quibrote-Hataavá – as sepulturas da luxúria, causadas pela justiça divina vingando a rebelião de Israel. Portanto, Taberá não está na lista de estações em Números 33:16, nem há menção de uma mudança de Taberá para Quibrote-Hataavá. [Steele, 1891]
A reclamação do povo
Comentário de Daniel Steele
o povo misturado. O hebraico é muito expressivo, sendo uma sílaba intensamente repetida, saph-sooph, o ajuntamento dos ajuntados. Veja Êxodo 12:38. Muitos desse povo misturado eram parentes de Israel através de casamento misto. Veja Levítico 24:10. Não há nada mais prejudicial para a causa de Cristo e para a pureza de sua Igreja do que a intimidade com pessoas de princípios mistos. Essa associação é muito mais perigosa do que aquela com pessoas de caráter inteiramente malévolo, cuja hostilidade aberta coloca o cristão em estado de alerta.
voltaram-se, choraram. Uma queixa semelhante, em relação à falta de carne, mas sem mencionar lágrimas, ocorreu no deserto de Sinai, Êxodo 16:2-12. Os israelitas, ao invés de sentirem repulsa por esse tipo de comportamento do povo misturado, começaram a imitá-los. “Um pequeno grupo de pessoas facciosas, descontentes e mal-humoradas pode causar muito estrago nas melhores sociedades, se não houver um grande cuidado em desencorajar isso. Esses egípcios eram como ovelhas desordenadas que contaminaram o rebanho, como o fermento que fermentou toda a massa.” (Henry).
Quem nos dera comer carne! Esta não é a forma de falar dos que tem fome, mas dos epicureus. Seus apetites grosseiros não ficaram satisfeitos com a comida saudável do céu abundantemente concedida. Os melhores hebraístas consideram a carne neste versículo como a carne de peixe apenas, uma comida muito mais saborosa do que qualquer dieta de carne que estava ao alcance dos oprimidos israelitas. O peixe era, e ainda é até hoje, um alimento básico entre os pobres no Egito. [Steele, 1891]
Comentário de Daniel Steele
dos peixes…de graça. Os peixes eram tão abundantes no Nilo que eram muito baratos. Heródoto frequentemente menciona o grande consumo de peixe como um alimento no Egito. Não apenas os seres humanos, mas miríades de aves aquáticas, que proliferam no Baixo Egito mais do que em qualquer outro país do mundo, dependem de peixes, e ainda assim o suprimento é inesgotável. Eles eram consumidos secos ao sol ou salgados. Os egípcios são o primeiro povo mencionado na história como tendo desidratado qualquer tipo de carne com sal.
pepinos. Esses diferem do tipo comum tanto em tamanho, cor, maciez e sabor doce. Eles são descritos por Forskal como “o mais comum de todos os frutos no Egito, sendo plantado em campos inteiros”. Enormes quantidades deles são consumidas no Oriente. São comidos com a casca, sem nenhum condimento. São o vegetal de verão mais comum e barato e nunca são reclamados como indigestos. “Lembro-me de ver um jantar servido para uma escola árabe em Jerusalém, que consistia em um fino bolo de cevada e um pepino cru para cada menino” (Tristram).
melões. Eles não são mencionados em nenhum outro lugar na Bíblia. No Egito moderno, as melancias são vendidas em grande quantidade e a preços tão baixos que os pobres se beneficiam das suas propriedades refrescantes. O próprio nome hebraico é mantido ligeiramente alterado. “Um viajante no Oriente que recorda a intensa gratidão que o presente de uma fatia de melão inspirou enquanto viajava pelas planícies quentes e secas, ou alguém que lembra a sensação de riqueza e segurança que obteve da posse de um melão enquanto se preparava para um dia de viagem sobre as mesmas planícies – ele compreenderá prontamente o pesar com que os hebreus no deserto da Arábia olhavam para trás os melões do Egito.” “Nada poderia ser mais lamentado no deserto escaldante do que esses deliciosos melões, cujo suco exuberante é tão refrescante para o peregrino sedento” (W.M. Thomson).
alhos-porós. A palavra hebraica ocorre vinte e duas vezes, uma vez traduzida como tribunal, dezessete vezes como grama, uma vez como erva, duas vezes como feno e uma vez como alho-poró. É evidente que “alho-poró”, que é encontrado apenas aqui, é uma tradução errônea de “grama”. Hengstenberg e Kitto defendem fortemente “grama” como a tradução correta. Diz o último: “Entre as maravilhas da história natural do Egito, é mencionado por viajantes que o povo comum lá come com especial prazer um tipo de grama semelhante ao trevo.” Mayer diz que esta planta, cujo nome científico é Trigonella foenum Graecum, tem folhas mais pontiagudas do que o trevo e que grandes quantidades dela são consumidas pelo povo. No Cairo, é uma planta de jardim chamada halbeh. Em novembro, é vendida em grandes molhos nas ruas e é comida com avidez incrível sem nenhum tipo de tempero. O Targum de Onkelos para alho tem “agrião”, uma das espécies é a pepper-grass (?). Mas todas as antigas versões e comentaristas insistem que “alho-poró” é a tradução correta. Eles eram um vegetal favorito dos egípcios – na verdade, eram reverenciados por eles como sagrados. Daí um satirista romano ridicularizar os egípcios por cultivarem seus deuses em seus jardins. Cebolas de sabor suave e agradável florescem no Egito melhor do que em qualquer outro lugar. Segundo Heródoto, elas eram a comida comum dos trabalhadores das pirâmides. Ainda hoje [quando este livro foi escrito], são quase a única comida dos pobres, comidas assadas, cortadas em quatro pedaços, com alguns pedaços de carne. Com esse prato, os turcos no Egito ficam tão encantados que desejam desfrutá-lo no paraíso. O alho é o Allium sativum de Linnaeus, que abundam no Egito e é parente da cebola. Heródoto afirma que a porção deste vegetal para o trabalhador estava inscrita na grande pirâmide. Nenhum desses vegetais refrescantes poderia ser encontrado no deserto, e no entanto, são aqueles pelos quais haveria um desejo mais intenso sob o calor escaldante do deserto. Portanto, havia alguma base para a queixa do povo. Mas a culpa deles estava no esquecimento das compensações providenciais: o maná, a libertação da servidão, a lei escrita de Deus, Yahweh os guiando visivelmente e a inspiradora esperança de um lar em Canaã. Todas as misérias do Egito, o trabalho, o capataz, o desprezo e a degradação da escravidão são esquecidos no desconforto do momento presente, e apenas os prazeres carnais agora vêm à mente. “Assim, quando o coração perde sua frescura na vida divina e as coisas celestiais começam a perder seu sabor e o primeiro amor diminui, e Cristo deixa de ser uma porção satisfatória e completamente preciosa, e a Bíblia e a comunhão com Deus perdem seu encanto e se tornam monótonos e mecânicos; então os olhos se voltam para o mundo, o coração segue os olhos e os pés seguem o coração. Esquecemos, nesses momentos, o que o mundo significava para nós quando estávamos nele e dele”. [Steele, 1891]
Comentário de Daniel Steele
a nossa alma se seca. Nossa vitalidade está enfraquecida pela falta de comida forte e revigorante. Esse uso do termo “alma” ainda é comum no Oriente, onde, famintas ou sedentas, as pessoas dizem: “Nossa alma está murcha (withered)”.
a não ser maná. O leitor perspicaz não deixará de perceber, pela entonação correta, o desprezo expresso aqui pelo pão do céu, que prefigura nosso Senhor Jesus, conforme suas próprias palavras em Joao 6:32-33, e as de Paulo em 1Coríntios 10:3. Não sabemos de nada na conduta desses israelitas que mostre de forma mais marcante seu baixo caráter moral do que essa queixa. Os apetites animais subverteram completamente seus gostos intelectuais e espirituais, se é que eles já tiveram algum, e aqui eles exibem uma repugnante entrega aos prazeres físicos. A mente carnal hoje trata o glorioso Antítipo com o mesmo desrespeito que esses israelitas trataram o tipo. O pecado é o mesmo em todas as épocas. [Steele, 1891]
Comentário de Rayner Winterbotham
O maná era como semente de coentro. Supõe-se comumente que a breve descrição aqui inserida pretendia mostrar a irracionalidade das queixas populares. Não há vestígios de tal propósito. Na medida em que a descrição traz informações frescas, foi simplesmente sugerida pela ocorrência da palavra “maná”, de acordo com o estilo ingênuo da narrativa. Se algum propósito moral deve ser atribuído a essa digressão, seria antes sugerir que o povo tinha alguma tentação real de reclamar. Muitas vezes se esquece que, embora o maná fosse sobrenatural, pelo menos quanto à quantidade e regularidade de seu suprimento, ainda assim, como artigo de comida, não continha elementos sobrenaturais. Se tivéssemos que viver apenas de bolos aromatizados com mel ou com azeite, é certo que em breve os encontraríamos empalidecendo nosso apetite. Aos olhos do salmista, o maná apareceu como alimento dos anjos (Salmo 78:25); mas então o salmista não viveu de maná todos os dias por um ano. Devemos lembrar, neste como em muitos outros casos, que os israelitas não seriam “nossas assembléias” (τύποι ἡμῶν, 1Coríntios 10:6) se não tivessem sucumbido a tentações reais.
sua cor como cor de bdélio. Veja em Gênesis 2:12. Como ninguém sabe nada sobre bdélio, isso não acrescenta nada ao nosso conhecimento do maná. A Septuaginta tem aqui εῖδος κρυστάλλου, “a aparência do gelo”, ou talvez “da geada”. Como traduz bdélio em Gênesis 2:12 por ἄνθραξ (carbúnculo), é provável que a comparação com o gelo aqui se deva a alguma tradição sobre o maná. Tomando esta passagem em conexão com Êxodo 16:31, podemos razoavelmente conjecturar que era de um branco opalescente, a mesma cor provavelmente mencionada em relação ao maná em Apocalipse 2:17. [Winterbotham, aguardando revisão]
Comentário de Rayner Winterbotham
O povo se espalhava, e recolhia, e moía em moinhos. Esta informação quanto à preparação do maná é nova. Pode-se supor que a princípio as pessoas o comeram em seu estado natural, mas depois descobriram como prepará-lo de maneiras diferentes para variar. Pequenos moinhos de mão e pilões para a preparação de grãos que traziam consigo de suas casas egípcias.
seu sabor era como sabor de azeite fresco. Em Êxodo 16:31 diz-se que tinha gosto de bolachas feitas com mel. Nada é mais impossível de descrever adequadamente do que um sabor fresco. Basta notar que as duas coisas sugeridas pelo sabor do maná, mel e óleo, apresentam o maior contraste possível com a comida pesada ou temperada que eles lembravam no Egito. [Winterbotham, aguardando revisão]
Comentário de Rayner Winterbotham
Sabemos de Êxodo 16:14 que quando o orvalho evaporou pela manhã, deixou um depósito de maná no solo; aprendemos aqui que o maná caiu sobre o orvalho durante a noite. Agora o orvalho é depositado no frescor da noite sob um céu claro, quando a radiação de calor continua ininterruptamente da superfície da terra; é claro, portanto, que o maná foi deixado cair de alguma forma além da experiência humana do ar superior. Que possível conexão física poderia haver entre o orvalho e o maná, não podemos dizer. [Winterbotham, aguardando revisão]
Comentário de Rayner Winterbotham
por suas famílias. Cada família chorando por si só. Tal foi o contágio do mal, que cada família foi infectada. Compare Zacarias 12:12 para uma descrição de um choro de caráter semelhante, embora muito diferente em sua causa.
também pareceu mal a Moisés. A palavra “também” compara e une claramente seu descontentamento com o de Deus. A murmuração do povo foi dirigida contra Deus, e contra Moisés como seu ministro. O Rei invisível e seu vice-rei visível não podiam ser separados em relação ao povo, e sua exibição concertada de miséria era destinada principalmente aos olhos deste último. Não era, portanto, de admirar que tal conduta despertasse a ira de Moisés, que não tinha o direito de ficar com raiva, bem como a ira de Deus, que tinha todo o direito de ficar com raiva. Moisés pecou porque não conseguiu conter seu temperamento dentro dos limites exatos do que convém à criatura, e distinguir cuidadosamente entre uma indignação justa por Deus e uma impaciência raivosa com os homens. Mas ele pecou sob provocação muito dolorosa. [Winterbotham, aguardando revisão]
Comentário de Robert Jamieson
Moisés disse ao SENHOR: Por que fizeste mal a teu servo? – É impossível não simpatizar com seus sentimentos, embora o tom e a linguagem de seus protestos a Deus não possam ser justificados. Ele estava em uma situação muito angustiante – tendo uma multidão poderosa sob seus cuidados, sem meios de satisfazer suas demandas clamorosas. Sua conduta mostra quão profundamente eles haviam sido degradados e desmoralizados pela longa opressão: enquanto ele revela um estado de espírito agoniado e quase esmagado pelo senso das responsabilidades indivisas de seu cargo. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Comentário de Daniel Steele
Por acaso fui eu que concebi todo este povo? Moisés não descarta todo o cuidado com o povo, mas devolve a Jeová esse fardo como Criador e Pai de Israel, (Êxodo 4:22), mais em desespero do que em descrença. Pois a incredulidade reclama, mas não ora. O Espírito Santo declarou que “Moisés foi fiel em toda a sua casa”. Heb 3:2. Ele era, na linguagem do Novo Testamento, um homem perfeito, na medida em que a inclinação de sua vontade, a saída de seus afetos, a deriva de todo seu ser era para Deus; no entanto, este versículo revela as enfermidades que ainda estavam casando seu caráter. O homem mais santo, em tempos de grande angústia, pode momentaneamente perder o ânimo pelo esquecimento do fato de que Deus é um grande portador de fardo, pois Moisés esqueceu que Israel não passava de um peso de pena sobre os ombros divinos. Quão honestamente Moisés tira o véu que poderia ter escondido sua própria fraqueza, e que um historiador pouco inspirado teria deixado por desenhar!
Leva-o em teu colo. Moisés aqui parece revelar alguma acusação passada dada a ele pelo Senhor. Está em consonância marcante com o caráter do grande Pastor de Israel: “Ele recolherá os cordeiros em seus braços, e os carregará em seu seio”.
como uma ama. O ideal de Moisés de um governante está aqui belamente expresso: não um déspota austero empunhando um cetro, mas um pai bondoso e amoroso carregando seu filhote nos braços. Paulo, como um governante espiritual da Igreja de Cristo, realizou este ideal. 1Tessalonicenses 2:7; 1Tessalonicenses 2:11. O Targum palestino, ao invés de “pai enfermeiro” tem “pedagogo” – líder infantil – o termo que descreve o ofício da lei nas Gálatas 3:24. [Steele, aguardando revisão]
Comentário de Daniel Steele
De onde eu teria carne. O olhar de Moisés certamente havia virado de Deus para si mesmo. Sua fé havia caído do sobrenatural para o natural. Ele havia esquecido que isso era obra de Deus, e que ele poderia ser confiável agora e para sempre. Moisés não é o único homem bom que imaginou que a manivela do universo é girada por sua mão. [Steele, aguardando revisão]
Comentário de Rayner Winterbotham
Essa reclamação, embora razoável em si mesma, mostra como o restante de suas palavras foi irracional. Por mais que ele tivesse que compartilhar suas responsabilidades, não poderia ter fornecido carne para o povo, nem permitido que eles vivessem um dia no deserto; isso nunca havia sido imposto a ele. [Winterbotham, aguardando revisão]
Comentário de Daniel Steele
eu te rogo que me mates. Ou seja, completamente, por um golpe instantâneo. A opressão de sua responsabilidade oficial, e a profundidade de seu desespero neste eclipse temporário da fé, são aqui retratadas de forma marcante.
minha calamidade. Seu futuro fracasso e desgraça apreendido. A fé por si só atravessa o futuro com o arco da esperança. A incredulidade sempre pressagia o mal. Alguns manuscritos leem, “sua miséria”. Assim, o Jerusalem Targum, que acrescenta “quem é o teu povo”. Embora o espírito desta oração seja repreensível, nenhuma repreensão é administrada pelo longânimo de Jeová. Aquele que conhece nossa moldura não viu no coração de seu servo nenhuma apostasia intencional. [Steele, aguardando revisão]
A missão dada a setenta autoridades do povo
Comentário de Robert Jamieson
Então o SENHOR disse a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel – (Êxodo 3:16; 5:6; 24:9; 18:21,24; Levítico 4:15). Uma ordem de setenta seria criada, seja por uma seleção da equipe existente de anciãos ou pela nomeação de novos, com poderes para auxiliá-lo por sua sabedoria e experiência coletivas nos onerosos cuidados do governo. Os escritores judeus dizem que esta era a origem do Sinédrio, ou suprema corte de apelação de sua nação. Mas há todas as razões para acreditar que foi apenas um expediente temporário, adotado para atender a uma exigente exigência. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Comentário de Robert Jamieson
Eu descerei – isto é, não de uma maneira visível ou por descendência local, mas pelos símbolos da presença e operações divinas.
e tomarei do espírito que está sobre ti – “O espírito” significa os dons e influências do Espírito (Números 27:18; Joel 2:28; Jo 7:39; 1Coríntios 14:12), e por ” tomar o espírito de Moisés, e colocá-lo sobre eles ”, não deve ser entendido que as qualidades do grande líder seriam em qualquer grau prejudicadas, mas que os anciãos seriam dotados com uma porção dos mesmos dons, especialmente de profecia (Números 11:25) – isto é, uma extraordinária penetração na descoberta de coisas difíceis ocultas e assentes. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Comentário de Robert Jamieson
Porém dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne – isto é, preparai-vos, arrependendo-te e submisso, para receber amanhã a carne a que clamais. Mas é evidente que o teor da linguagem implicava severa repreensão e que a bênção prometida seria uma maldição. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Comentário de C. J. Ellicott
As codornizes que foram enviadas no ano anterior parecem ter coberto o acampamento apenas durante um dia (Êxodo 16:13). [Ellicott, aguardando revisão]
Comentário de Daniel Steele
até que vos saia pelas narinas. Não podemos concordar com Patrick que esta é uma previsão de vômitos, mas sim que uma quantidade tão grande seria ingerida dia após dia que o poder digestivo falharia, e o fedor do estômago fétido sairia pelo nariz. Diz o Targum da Palestina: “Até que o cheiro dele saia de suas narinas.”
e sintais repulsa dela. Ofensivos até para eles mesmos.
que está no meio de vós. O aramaico elucida a hediondez do pecado: “cuja divina majestade habita entre vós”, no shekinah. Sob Tibério, a ofensa de majestas (traição) foi estendida a todos os atos e palavras que podem parecer desrespeitosos ao imperador. [Steele, aguardando revisão]
Comentário de Daniel Steele
Seiscentos mil. Este, em números redondos, é o censo dos homens aptos para o serviço militar. Portanto, toda a população deve ter ultrapassado dois milhões. “Em vista das exigências de uma hoste tão imensa, a fé de Moisés parece ter vacilado. Ou pela perturbação de seu espírito por causa das afrontas do povo, ou pelo medo de que eles possam ser ordenados a se alimentar do gado necessário para o sacrifício, ou por pura incredulidade, ele é levado a perguntar como é possível que tantas bocas devem ser alimentadas com carne por um mês inteiro” (Bush). A razão olha apenas para as causas naturais. A fé traz Deus à cena e, portanto, não conhece absolutamente nada das dificuldades; sim, ela ri das impossibilidades. [Steele, aguardando revisão]
Comentário de Robert Jamieson
Por acaso serão degoladas para eles ovelhas e bois que lhes bastem? – O grande líder, impressionado com uma promessa tão surpreendente como a de fornecer repentinamente, no meio do deserto, mais de dois milhões de pessoas com carne durante um mês inteiro, traiu um espírito incrédulo, surpreendente em quem havia testemunhado tantas milagres estupendos. Mas é provável que tenha sido apenas uma sensação do momento – em todo caso, a dúvida incrédula foi dita apenas para si mesmo – e não, como depois, publicamente e para o escândalo do povo. (Veja Números 20:10). Foi, portanto, fortemente repreendido, mas não punido. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Estará limitado o poder do Senhor? ou então, “Você duvida do meu poder?”, NVT.
Comentário do Púlpito
Moisés saiu – ou seja, saiu do tabernáculo. Não é dito que ele foi ao tabernáculo para apresentar sua queixa diante do Senhor, mas a narrativa obviamente implica que ele fez isso (compare com Números 7:89). [Pulpit, 1895]
Comentário Dummelow
Isso aconteceu para confirmar que Deus estava dando autoridade a eles para julgarem Israel sob a liderança de Moisés.
profetizaram. Isso não significa que eles foram capazes de prever o futuro, mas que se lançaram a louvar a Deus e declarar Sua vontade e bondade, num estado de exaltação espiritual e êxtase: veja Ex 7:1. [Dummelow, 1909]
Comentário Dummelow
estavam entre os inscritos – entre os setenta. O fato de Eldade e Medade também terem recebido o espírito mostra que o espírito de Deus não se limita a certos lugares ou indivíduos, e que Ele não faz acepção de pessoas: compare com Atos 10:34-35,44-48. [Dummelow, 1909]
um jovem. Alguns rabinos afirmaram ser Gérson, filho de Moisés, mas não existem evidências que sustentem isso.
Comentário de C. J. Ellicott
Meu senhor Moisés, impede-os. O motivo que levou Josué a fazer esse pedido parece ter sido semelhante ao que levou João a proibir o homem de expulsar demônios que não seguiam os apóstolos (Marcos 9:38-39; Lucas 9:49-50). Mas, como o homem não expulsou demônios em seu próprio nome, mas no de Cristo, também neste caso Eldade e Medade profetizaram em virtude do espírito que repousava sobre eles do alto, do qual o Espírito Santo, não Moisés, era o doador. Os motivos que impediram Eldade e Medade de irem à tenda do encontro são desconhecidos. A história ensina a liberdade e a soberania das influências do Espírito Santo, como depois fez a de Cornélio, quando o Espírito Santo caiu sobre ele e sobre os que estavam com ele, antes do recebimento do batismo, e eles falaram em línguas e engrandeceram Deus (Atos 10:44-48). [Ellicott, aguardando revisão]
Comentário Cambridge
A resposta de Moisés indica o objetivo específico com o qual o escritor registrou o incidente. Seu objetivo era religioso, e a narrativa possui um valor religioso permanente. As concepções do Espírito divino e Sua atividade diferiram em diferentes eras; mas Moisés expressa a convicção verdadeira de todos os tempos, de que a posse do Espírito não se limita a pessoas ou classes específicas. Com uma compreensão mais profunda da verdade, Jeremias (Jeremias 31:33, em diante) e Joel (Joel 2:28, em diante) ensinam que a dádiva do Espírito é universal. [Cambridge, 1911]
Comentário do Púlpito
Moisés voltou ao acampamento. Embora o tabernáculo estivesse no meio do acampamento, ele estava praticamente separado das tendas das outras tribos por um espaço aberto e pelos acampamentos dos levitas. Portanto, não há razão para concluir dessa e de expressões semelhantes que o registro pertença a uma época em que o tabernáculo foi montado fora do acampamento. [Pulpit, 1895]
O SENHOR envia codornizes
Comentário de Robert Jamieson
E saiu um vento do SENHOR, que trouxe codornizes do mar – Estas aves migratórias (ver Êxodo 16:13) estavam em sua jornada do Egito, quando “o vento do Senhor”, um vento oriental (Salmo 78:26) forçando-os a mudar seu curso, os levou sobre o Mar Vermelho para o acampamento de Israel.
deixá-los cair jornada de um dia – Se a jornada de um indivíduo é significado, este espaço pode ser de trinta milhas; se o historiador inspirado se referisse a todo o exército, dez quilômetros seriam tão longe quanto poderiam marchar em um dia no deserto arenoso sob um sol vertical. Supondo que fosse vinte milhas esta imensa nuvem de codornizes (Salmo 78:27) cobria um espaço de quarenta milhas de diâmetro. Outros reduzem a dezesseis anos. Mas é duvidoso que a medição seja do centro ou das extremidades do campo. É evidente, no entanto, que a linguagem descreve o número incontável dessas codornas.
e quase dois côvados sobre a face da terra – Alguns supunham que eles caíram no chão uns sobre os outros a essa altura – uma suposição que deixaria uma grande quantidade inútil como alimento para os israelitas, que eram proibidos de comer qualquer animal que morresse por si mesmo ou do qual o sangue não foi derramado. Outros acham que, estando exaustos com um longo vôo, não podiam voar mais de um metro acima da terra, e assim foram facilmente derrubados ou apanhados. Uma explicação mais recente aplica a frase “dois côvados de altura”, não ao acúmulo da massa, mas ao tamanho das aves individuais. Bandos de grandes guindastes de pernas vermelhas, com quase um metro de altura, medindo dois metros de ponta a ponta, têm sido vistos com frequência nas margens ocidentais do Golfo de Akaba, ou braço oriental do Mar Vermelho [Stanley; Shubert]. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Comentário de Robert Jamieson
Então o povo se levantou – levantaram-se rapidamente – algumas de uma vez, outras de outra; alguns, talvez por avidez, tanto dia quanto noite.
dez ômeres – dez cargas de jumentas; ou “homers” pode ser usado indefinidamente (como em Êxodo 8:14; Juízes 15:16); e “dez” para muitos: de modo que a frase “dez homers” é equivalente a “grandes montes”. Os colecionadores eram provavelmente um ou dois de cada família; e, desconfiando da bondade de Deus, eles se reuniram não apenas para consumo imediato, mas para uso futuro. Nos mares do leste e do sul, inúmeras codornas são frequentemente vistas, as quais, quando cansadas, caem, cobrindo cada ponto no convés e cordame de vasos; e no Egito eles vêm em tais miríades que o povo os derruba com paus.
as estenderam para si ao redor do acampamento – salgou e secou-os para uso futuro, pelo simples processo ao qual estavam acostumados no Egito. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Comentário de Robert Jamieson
A carne ainda estava entre os dentes deles, antes que fosse mastigada – literalmente, “cortada”; isto é, antes do fornecimento de codornas, que durou um mês (Números 11:20), estava esgotado. A probabilidade é que seus estômagos, tendo sido há muito tempo acostumados ao maná (um alimento leve), não estavam preparados para uma mudança tão repentina do regime – uma dieta pesada e sólida de comida animal, da qual eles pareciam ter participado tão intemperante. um grau de produzir um excesso geral e consequências fatais. Em uma ocasião anterior, suas murmurações por carne foram levantadas (Êxodo 16:1-8) porque eles estavam em falta de comida. Aqui procediam, não por necessidade, mas desejo lascivo e lascivo; e seu pecado, no justo julgamento de Deus, foi feito para levar seu próprio castigo. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Comentário de Robert Jamieson
aquele lugar recebeu o nome de Quibrote-Hataavá – literalmente, “Os túmulos da luxúria”, ou “Aqueles que cobiçaram”; de modo que o nome do lugar prova que a mortalidade estava confinada àqueles que se entregaram desordenadamente. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Comentário de Robert Jamieson
Hazerote – A estação do extremo sul desta rota era um lugar de irrigação em uma planície espaçosa, agora Ain-Haderah. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
Visão geral de Números
Em Números, “Israel viaja no deserto a caminho da terra prometida a Abraão. A sua repetida rebelião é retribuída pela justiça e misericórdia de Deus”. Tenha uma visão geral deste livro através do vídeo a seguir produzido pelo BibleProject. (7 minutos)
Leia também uma introdução ao livro dos Números.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles – fevereiro de 2018.