Advertência contra a parcialidade
tratando as pessoas com parcialidade – no original grego, em acepção de pessoas.
reunião – no original grego, sinagoga.
Compare com Lucas 7:44-46; 2Coríntios 8:9.
julgando com maus padrões – no original grego, se tornando juízes de maus pensamentos. Há duas ideias aqui: uma é que eles mostraram através deste comportamento que assumiram a responsabilidade de serem juízes, de se pronunciarem sobre o caráter de pessoas que desconheciam e sobre suas reivindicações de respeito (compare com Mateus 7:1); a outra é que, ao fazer isso, eles não foram guiados por padrões justos, mas fizeram isso influenciados “pensamentos” inadequados. Eles não o fizeram por bondade; não por um desejo de fazer justiça a todos de acordo com seu caráter moral; mas por aquele sentimento impróprio que nos leva a honrar as pessoas por causa de sua aparência externa, ao invés de seu valor real. O erro no caso estava na sua presunção de “julgar” esses desconhecidos, como aconteceu na prática ao fazer essa discriminação, e então fazê-lo sob a influência de padrões de julgamento tão injustos. O sentido é que não temos o direito de formar um julgamento decisivo sobre as pessoas precipitadamente, como fazemos quando tratamos uma com respeito e a outra não; e que quando formamos a nossa opinião em relação a elas, deve ser por qualquer outro meio de julgamento que não seja a questão de saber se elas têm condições de usar anéis de ouro, e vestir-se bem, ou não. [Barnes, 1870]
acaso Deus não escolheu os pobres quanto ao mundo – ou seja, aqueles que são desprovidos de bens. Este é o primeiro argumento que o apóstolo aponta porque os pobres não devem ser tratados com negligência. É que Deus fez referência especial a eles ao escolher aqueles que deveriam ser seus filhos. O significado não é que ele não esteja tão disposto a salvar os ricos quanto os pobres, pois ele não tem parcialidade; mas que existem circunstâncias na condição dos pobres que tornam mais provável que eles aceitem as ofertas do evangelho do que os ricos; e que, de fato, a grande maioria dos crentes são pessoas de vida relativamente simples. O fato de Deus ter escolhido alguém para ser um “herdeiro do reino” é agora uma razão tão boa para ele não ser tratado com negligência, como foi nos tempos dos apóstolos. [Barnes, 1870]
Vocês, porém, desprezam o pobre (compare com Tiago 2:3; Salmo 14:6; Provérbios 14:31; Provérbios 17:5; Jó 34:1415Eclesiastes 9:1516; Isaías 53:3; 1Coríntios 11:22).
Acaso não são os ricos que oprimem vocês (compare com Tiago 5:4; Jó 20:19; Salmo 10:2,8,10,14; Salmo 12:5; Provérbios 22:16; Eclesiastes 5:8; Jó 34:1415Eclesiastes 9:1516Isaías 3:1415; Amós 2:67; Amós 4:1; Amós 5:11; Amós 8:4-6; Miqueias 6:11,12; Habacuque 3:14; Zacarias 7:10).
e os arrastam para os tribunais (compare com Tiago 5:6; 1Reis 21:11-13; 26-28; 5:17,18,26,27; 13:50; 16:19,20; 17:6; 18:12).
o bom nome – provavelmente o Nome de Cristo, pelo qual os discípulos eram conhecidos (Atos 11:26), e pelo qual sofreram (Atos 5:41; 1Pedro 5:14-16).
que foi invocado sobre vocês. Uma expressão semelhante é encontrada no discurso de Tiago em Atos 15:17, em uma citação de Amós 9:12. [Pulpit, 1895]
lei real (compare com Tiago 2:12; Tiago 1:25; 1Pedro 2:9).
Amarás o teu próximo como a ti mesmo (compare com Levítico 19:1834; Mateus 22:39; Marcos 12:31-33; Lucas 10:27-37; 26-28Atos 7:5960Romanos 13:89; Gálatas 5:14; Gálatas 6:2; 1Tessalonicenses 4:9).
tratam as pessoas com parcialidade – no original grego, fazem acepção de pessoas.
Em outras palavras, a lei real (Tiago 2:8) é uma unidade; não se deve escolher quais mandamentos devem ser obedecidos, e quais devem ser ignorados.
Ele é Aquele que deu toda a lei; portanto, aqueles que violam Sua vontade em um ponto, violam tudo (Bengel). A lei e seu Autor têm uma unidade completa.
Os mandamentos ‘Não cometa adultério’ e ‘Não mate’ são escolhidos enquanto violações mais gritantes do dever para com o próximo. [JFU, 1866]
julgados pela lei da liberdade (Tiago 1:26) – ou seja, a lei evangélica do amor; não uma lei de constrangimento externo, mas de livre inclinação instintiva. A lei da liberdade nos liberta da maldição da lei, para que, a partir de então, sejamos livres para amar e obedecer voluntariamente (Romanos 8:2-4). Se, por sua vez, não praticarmos o amor ao nosso próximo, essa lei da graça nos condena mais fortemente do que a antiga lei (Tiago 2:13). Compare com Mateus 18:32-35; Jo 12:48; Apocalipse 6:16: “ira do Cordeiro” (misericordioso). [JFU, 1866]
A misericórdia triunfa sobre o juízo. A “misericórdia”, ao invés de temer o julgamento de seus seguidores, se gloria contra ele, sabendo que não os pode condenar. Não que a misericórdia deles seja a base de sua absolvição, mas a misericórdia de Deus em Cristo para com eles, produzindo misericórdia de sua parte para com seus semelhantes, os faz triunfar sobre o juízo, que todos os outros merecem. [JFU, 1866]
A fé sem obras é morta
Acaso a fé pode salvá-lo? Está implícito nesta pergunta que a fé não pode salvá-lo, pois muitas vezes a forma mais enfática de fazer uma afirmação é fazendo uma pergunta. O significado aqui é que aquela fé que não produz boas obras […] não salvará ninguém, pois não é uma fé genuína. [Barnes, 1870]
🔗 Alguns afirmam que há contradição entre Paulo e Tiago; qual a relação entre a fé e as obras? Ouça a resposta do Rev. Hernandes Dias Lopes. (5 minutos)
necessitados de roupa – no original grego, nus.
Vão em paz. Como se todas as necessidades deles fossem satisfeitas por meras palavras. As mesmas palavras na boca de Cristo, em quem diziam ter fé, foram acompanhadas por atos de amor. [JFU, 1866]
A crença em dogma, como a existência de um só Deus (Tiago 2:19), que não se expressa em boas obras, está “morta em si mesma”.
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Mostra-me a tua fé sem as tuas obra. A pessoa que confiou na fé é desafiado a exibi-la, se puder, à parte das obras, como uma entidade distinta por si mesma. Assume-se que tal demonstração não é possível. Se ela quiser dar qualquer evidência de que tem a fé que salva, deve ser recorrendo às obras que negligencia e, possivelmente, menospreza. Por outro lado, o desafiante, a partir das obras, pode apontá-las como provas de algo além de si mesmas. Atos de amor, que resultam de uma vitória sobre si mesmo, não poderiam ter sido realizados sem […] uma confiança viva em Deus. [Plumptre, 1890]
os demônios também creem, e estremecem. O significado aqui é que havia muito mais no caso referido do que mera fé especulativa. Houve uma fé que produziu algum efeito, e um efeito de caráter evidente. Na verdade, não produziu boas obras ou uma vida santa, mas tornou manifesto que havia fé; e, consequentemente, seguiu-se que a existência de mera fé não era tudo o que era necessário para salvar os homens, ou para assegurar que eles estariam seguros, a menos que se sustentasse que os demônios seriam justificados e salvos por ela. Se eles podem manter tal fé e ainda permanecer na perdição, os homens podem tê-la e ir para a perdição. Uma pessoa não deve concluir, portanto, porque tem fé, mesmo aquela fé em Deus que a deixa alarmada, que por isso está a salva. Ela deve ter uma fé que produza um efeito completamente diferente – aquela que conduza a uma vida santa. [Plumptre, 1890]
a fé sem as obras é morta? Os manuscritos variam entre “morta” e “inútil” (Mateus 12:36; 20:3). O significado é substancialmente o mesmo. Aquilo que não tem vida está sem a atividade que é a única prova de vida. [Plumptre, 1890]
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o nosso pai Abraão – ou seja, nosso antepassado Abraão.
justificado pelas obras – diante das pessoas (Tiago 2:18). Em Tiago 2:23, Tiago, assim como Paulo, reconhece que foi a fé de Abraão que foi contada como justiça na sua justificação perante Deus. [JFU, 1866]
pelas obras a fé foi aperfeiçoada – ou seja, “por meio das suas ações, a sua fé se tornou completa” (NTLH).
cumpriu-se a Escritura – em Gênesis 15:6.
Abraão creu em Deus, e isso lhe foi considerado como justiça – em outras palavras, “Abraão creu em Deus, e assim foi considerado justo“ (NVT).
justificada pelas obras – diante das pessoas (Tiago 2:18). Em Tiago 2:23, Tiago, assim como Paulo, reconhece que foi a fé de Abraão que foi contada como justiça na sua justificação perante Deus. [JFU, 1866]
Pela natureza do ato de Raabe, está claro que ele não é citado para provar a justificação pelas obras como tais. Ela acreditou seguramente no que seus outros compatriotas não acreditaram, e isso em face de toda improbabilidade de que este povo não-guerreiro conquistaria a fortalecida Jericó. Nessa crença, ela escondeu os espiões com o risco de sua vida. Assim, Hebreus 11:31 nomeia isso como um exemplo de fé, e não de obediência. “Pela fé, Raabe, a prostituta, não foi destruída com os desobedientes” (NVI). Se faltasse um exemplo de obediência, o autor de Hebreus e Tiago dificilmente teriam citado uma mulher de carácter anteriormente mau, em vez dos muitos patriarcas morais e piedosos. Mas como um exemplo de graça livre justificando as pessoas através de um agente, em oposição a uma mera fé verbal, ninguém poderia ser mais adequado do que uma “prostituta” salva. Como Abraão era um exemplo de homem ilustre e pai dos judeus, Raabe é citada como uma gentia — alguém totalmente improvável — mostrando que a fé justificadora tem se manifestado a todos. A natureza das obras alegadas é tal que prova que Tiago as usa apenas como evidências de fé, em contraste com uma mera profissão verbal: não obras de caridade e piedade, mas obras cujo valor consiste apenas em serem provas de fé: elas eram fé expressa em ato, sinônimo da própria fé. [JFU, 1871, com adaptações]
assim como o corpo sem o espírito está morto (compare com Jó 34:1415; Salmo 104:29; Salmo 146:4; Eclesiastes 12:7; Isaías 2:22; Lucas 23:46; 26-28Atos 7:5960).
a fé sem obras é morta (compare com Tiago 2:14,17,20).
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Visão geral de Tiago
Em seu livro, Tiago “combina a sabedoria de seu irmão Jesus com o livro de Provérbios em seu próprio chamado desafiador para viver uma vida totalmente devotada a Deus”. Tenha uma visão geral deste livro através do vídeo a seguir produzido pelo BibleProject. (8 minutos)
Leia também uma introdução à Epístola de Tiago.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – maio de 2021.