Mas se vos converterdes a mim, e guardardes meus mandamentos, e os praticardes; então ainda que os rejeitados estejam nos confins dos céus, de lá eu os ajuntarei, e os trarei ao lugar que escolhi para fazer habitar ali o meu nome.
Comentário de H. E. Ryle
A Promessa. O apelo a esta promessa marca o ponto crucial da oração.
se vos converterdes. A palavra, como em Deuteronômio 30:2, é mais forte do que ‘virar’. Denota um ‘retorno’ de um caminho errado. As costas são viradas para a direção errada anterior. Cf. Malaquias 3:18.
e guardardes meus mandamentos, e os praticardes. Estas palavras contêm a explicação prática do ‘retorno’. Não se pode realmente fazer distinção entre ‘guardar’ e ‘praticar’ os mandamentos. As palavras ocorrem juntas com grande frequência em Deuteronômio, tanto como ‘observar para fazer’ quanto ‘observar (ou guardar) e fazer’.
ainda que os rejeitados estejam nos confins dos céus… Esta e as próximas sentenças são claramente tiradas de Deuteronômio 30:4, onde as mesmas palavras (exceto pelo uso do 2º sing. para o 2º plur.) ocorrem. O termo ‘os rejeitados’ não ocorre com esse uso em outro lugar no Pentateuco, enquanto a frase exata ‘nos confins dos céus’ também só ocorre lá. A palavra ‘rejeitados’ pode ser ilustrada por 2Samuel 14:13-14; Isaías 16:3-4; Isaías 27:13; Isaías 56:8; Jeremias 30:17; Jeremias 49:36, e ‘o extremo do céu’ de Deuteronômio 4:32 e Juízes 7:11. Mas a ocorrência aqui lado a lado dessas duas formas só pode ser explicada pela suposição de que Neemias tem aqui em seus pensamentos a passagem Deuteronômio 30:1-4.
Sobre ‘ajuntar os rejeitados’, compare o título dado ao Senhor em Isaías 56:8, ‘O Senhor Deus que reúne os exilados de Israel’.
de lá eu os ajuntarei. A promessa de reunir ‘os rejeitados’ de Israel deve ser comparada com a metáfora do pastor e das ovelhas dispersas, em Ezequiel 34:11-18. Veja especialmente, Ezequiel 34:13, ‘E os tirarei dos povos, e os congregarei das terras, e os trarei para a sua própria terra.’
ao lugar que escolhi para fazer habitar ali o meu nome. Esta sentença é novamente caracteristicamente deuteronomista. As palavras, ‘o lugar que o Senhor teu Deus escolher’, não ocorrem no Pentateuco exceto no livro de Deuteronômio, onde são encontradas cerca de 20 vezes. Em cinco desses passagens (Deuteronômio 12:11, Deuteronômio 14:23, Deuteronômio 16:6; Deuteronômio 16:11, Deuteronômio 26:2) a frase completa é encontrada, ‘o lugar que o Senhor teu Deus escolher para fazer habitar ali o seu nome’, que Neemias cita aqui.
Que ‘o lugar’ assim designado é Jerusalém e o Templo em Jerusalém está além de qualquer dúvida. Este era o lugar do qual Deus tinha dito ‘Ali estará o meu nome’ (1Reis 8:29). Em Siló, Deus ‘fez habitar o seu nome primeiramente’ (Jeremias 7:12). Mas Siló passou. E embora Jerusalém por um tempo parecesse ameaçada com um destino semelhante (Jeremias 7:12-15), o dia chegou quando os vigias nos montes de Efraim clamaram, ‘Levantai-vos, subamos a Sião, ao Senhor nosso Deus’ (Jeremias 31:6).
O verbo hebraico ‘fazer habitar’ é aquele do qual veio a palavra hebraica tardia ‘Shechinah’, aplicada à manifestação visível na Glória da Presença Divina.
A associação do ‘Nome’ com o Templo é muito frequente em Crônicas (por exemplo, 1Cronicas 22:7-10, 19; 1Crônicas 28:3; 1Crônicas 29:16; 2Crônicas 2:1, 4; 2Cronicas 6:5-9, 20, 33-34, 38; 2Crônicas 7:16, 20; 2Crônicas 12:13; 2Crônicas 20:8-9; 2Crônicas 33:4, 7). [Ryle, 1901]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.