Amizade

Duas palavras são traduzidas como “amigo” ou “companheiro” no Antigo Testamento: re’eh, indicando um mero parceiro, colega passageiro ou companheiro; ‘ahabh, indicando afeto natural ou não natural. No Novo Testamento, também há duas palavras: hetairos, “um companheiro” ou “um colega”, e philos, sugerindo uma relação mais afetuosa.

A melhor ilustração do duplo uso da palavra é a de Provérbios 18:24: “Quem que tem muitos amigos pode cair em desgraça; mas há amigo mais chegado que um irmão” (NVI). Novamente, “O ferro se afia com ferro, e uma pessoa, pela presença do seu próximo” (Provérbios 27:17, NVI). A honestidade e franqueza dos verdadeiros amigos são apresentadas no provérbio, “Leais são as feridas feitas pelo que ama” (Provérbios 27:6, NVI).

Amizade no Antigo Testamento

A literatura abunda em exemplos concretos de amizade de qualquer um dos tipos mencionados acima, e de exposições profundamente filosóficas, sentimentais e poéticas da ideia de amizade. Notáveis entre estes são os exemplos do Antigo Testamento. Abraão, por causa da intimidade da sua relação, foi chamado “o amigo de Deus” (2Crônicas 20:7; Isaías 41:8; Tiago 2:23). “O SENHOR falava com Moisés face a face, como quem fala com o seu amigo” (Êxodo 33:11, NVI). O aspecto afetuoso da amizade de Rute e Noemi é interessante (Rute 1:16-18). A devoção de Husai, que é repetidamente referido como amigo de Davi (2Samuel 15:37; 2Samuel 16:16), é uma notável ilustração do afeto de um subordinado por seu superior. A mútua amizade de Davi e Jônatas (1Samuel 18:1), da qual o autor diz: “A alma de Jônatas estava ligada à alma de Davi, e Jônatas o amava como a sua própria alma”, é outro exemplo. Novamente, em sua lamentação por Jônatas (2Samuel 1:26, NVI), Davi diz em tom altamente emocional que “Excepcional era o seu amor, ultrapassando o amor de mulheres”.

Amizade no Novo Testamento

No Novo Testamento, Jesus e seus discípulos ilustram o desenvolvimento da amizade desde a de mestre e discípulo, senhor e servo, até aquela de amigo e amigo (João 15:13-15). A amizade de Paulo e Timóteo também é notória (2Timóteo 1:2).

Amizade na Literatura

Na literatura em geral, temos o clássico incidente, registrado por Plutarco, de Damão e Pítias durante o governo de Dionísio. Pítias, condenado à morte, estava prestes a ser executado, mas desejava ver sua família. Damão se ofereceu como substituto no caso de ele não retornar a tempo para a hora da execução. Retornando a tempo, ambos foram libertos pelo grande Dionísio, que pediu para conhecer o segredo de tal amizade. Há muitos escritos sobre amizade. Platão e Cícero imortalizaram-se por seus comentários. Cícero valorizava muito a amizade de Cipião, declarando que de tudo o que a Natureza ou a Fortuna lhe deram, não havia nada que pudesse comparar-se à amizade de Cipião. Bacon, Emerson, Black, Gladden, King, Hillis e muitos outros escreveram extensamente sobre amizade. [Walter G. Clippinger, ISBE, 1915]