Eis que logo venho; bendito é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.
Comentário de E. W. Hengstenberg
Em Apocalipse 22:3 a pessoa que lê é declarada bem-aventurada, “porque o tempo está próximo”. Aqui a ordem é inversa: venho sem demora, portanto, etc. é claro como o dia (comp Apocalipse 22:20). Mas não há mudança adequada de pessoa; a pessoa enviada fala apenas da pessoa do remetente, como em Gênesis 19:21-22. O anjo, como ele é, e porque ele é o anjo de Deus, também o anjo de Cristo (comp. Apocalipse 22:16). Não foi dada nenhuma razão para delimitar a esfera de Deus em relação à de Cristo. Na passagem fundamental também de Malaquias o Senhor vem no anjo da aliança.
O tríplice, “Eis que venho depressa”, aqui e no Apocalipse 22:12; Apocalipse 22:20 (comp. Apocalipse 3:11, Apocalipse 2:5; Apocalipse 2:16), refere-se à passagem clássica do Antigo Testamento a respeito da vinda do Senhor, Mal 3:1, “O Senhor a quem buscais virá subitamente ao seu templo, e o anjo da aliança que desejais, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos”. Em nenhuma outra passagem do Antigo Testamento a idéia de vir tão proeminentemente trazida à tona; primeiro, ele virá de repente; e depois novamente no final, com ênfase solene, Eis que ele vem. Ele contém todas as três palavras da cláusula que temos diante de nós: o eis, a vinda, e o rápido (de repente). Que a passagem aqui tem uma estreita conexão com a de Malaquias é evidente pelo que foi observado na cristologia a respeito da importação desta última: “Sobre a queixa do povo, que as aparências desmentiram a idéia de um Deus justo, responde o profeta, que Deus logo removerá este aparente contraste entre aparência e idéia. Ele, que agora parece estar ausente, logo aparecerá na pessoa de seu mensageiro celestial”. Que este anúncio recebeu seu cumprimento final na aparência de Cristo, no qual o anjo do Senhor, o Logos, se fez carne, dificilmente precisa ser comentado. É igualmente evidente que não devemos buscar este cumprimento final, nem no estado de humilhação, nem somente no estado de exaltação, mas sim combinar os dois juntos como um todo inseparável. A aparência de Cristo na humilhação contida no germe tudo quanto se refere a bênção e maldição que em seu estado de exaltação ele já trouxe, ou ainda trará em realização”. O pensamento em Malaquias é o da energia irreprimível e do desejo de manifestação exterior por parte do Logos, segundo o qual ele está sempre, desde o tempo do profeta até o fim do mundo, levando adiante um plano, no qual, como as circunstâncias exigem perpetuamente sua interposição, ele está sempre pronto a interferir, seja para a salvação, seja para o julgamento. João também aponta a mesma profecia de Malaquias, em João 1:9, João 1:15, João 1:27 de seu Evangelho, onde ele fala da manifestação de Cristo na carne, e em Apocalipse 21:22, a expressão, eu venho, é encontrada ali com uma referência a Malaquias, exatamente como aqui, da futura vinda do Senhor.
Dificilmente é preciso observar, que a palavra “Eis que venho depressa”, não se refere a um único ato; que ela denota antes o caráter brilhante do aparecimento de Cristo em relação ao cumprimento de todas as promessas e ameaças de todo este livro. Bengel: “Esta palavra vem nos admoestar sobre todo o assunto do livro, e por isso, se tudo em nós for elevado e elevado, que todo o céu apocalíptico possa, de certa forma, girar, diante de nossos olhos.
No Apocalipse 1:3 são mencionadas apenas as palavras da profecia. Mas aqui é acrescentado: deste livro. Esta adição diz, que a conclusão do livro acompanhou o ritmo da recepção do Apocalipse. O livro, que também é mencionado repetidamente nos versículos seguintes, já deve ser completado quanto à sua parte principal [Nota: Assim também no final do Pentateuco, em Deuteronômio, onde sua rápida conclusão é vista, Moisés fala dele como um livro; primeiro Deuteronômio 17:18; Deuteronômio 17:10, depois 28:58, 29:19, 20, 26. Veja o Beitr. III. p. 168]. [Hengstenberg, aguardando revisão]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.