No sentido estrito da palavra, a aspersão consiste em espalhar ou lançar algumas gotas de líquido sobre pessoas ou coisas, seja com os dedos, seja com um ramo de folhagem, seja com qualquer outro instrumento ou recipiente destinado a esse fim. A aspersão, portanto, difere tanto da “ablução” total ou parcial do corpo quanto da “efusão” de um líquido. Encontramos na tradição hebraica uma grande variedade de substâncias e ritos de aspersão.
Diversos significados de aspersão
Encontramos ainda na Sagrada Escritura “aspersões” feitas com cinzas, como sinal de luto (2Samuel 13:19; Jeremias 25:34); com perfumes (Provérbios 7:17). A palavra “aspergir” é usada metaforicamente, seja por Davi: “Tu me aspergirás com hissopo, e ficarei puro” (Salmo 51:7), seja por Paulo: “Tendo os nossos corações sido purificados pela aspersão” (Hebreus 10:22). Em Isaías 63:3 e no Apocalipse 19:13, o Messias aparece com um manto “aspergido de sangue”, simbolizando a vitória sobre seus inimigos, cujo sangue ele derramou em Sua ira, e que respingou em Suas vestes. Em Isaías 52:15, pelo menos na tradução da Vulgata, diz-se que o Messias “aspergirá muitas nações”, prefigurando o sacrifício de Jesus, no qual Ele derramou Seu sangue por todas as pessoas e nações. Sobre as dificuldades desse último versículo, traduzido de forma diferente pela Septuaginta, veja Gesenius, Commentar über den Jesaia, LII, 15, Leipzig, 1821, p. 174-176, e Thesaurus linguæ hebrææ, p. 868; Rosenmüller, In Isaiam prophetam, LII, 15, Leipzig, 1820, p. 331-338. Muitos comentaristas modernos explicam esse trecho de Isaías da seguinte forma: “Assim ele fará com que muitas nações se levantem diante dele”, em reverência à Sua pessoa, o que está em harmonia com a segunda parte do paralelismo: “E os reis se calarão, em admiração” (Knabenbauer, Commentarius in Isaiam, t. II, Paris, 1887, p. 293-295). [S. Many, Vigouroux, 1912]