Pois foi do agrado do Pai que toda a plenitude habitasse nele;
Comentário A. R. Fausset
toda a plenitude – ou seja, de Deus, seja qual for a excelência divina em Deus Pai (Colossenses 2:9; Efésios 3:19; compare com Jo 1:16; 3:34). Os gnósticos usavam o termo “plenitude” para o conjunto de emanações, ou poderes angélicos, vindo de Deus. O Espírito prescientemente por Paulo adverte a Igreja, que a verdadeira “plenitude” habita em Cristo somente. Isto atribui a razão pela qual Cristo tem precedência sobre toda criatura (Colossenses 1:15). Por duas razões Cristo é o Senhor da Igreja: (1) Porque a plenitude dos atributos divinos (Colossenses 1:19) habita nEle, e assim Ele tem o poder de governar o universo; (2) Porque (Colossenses 1:20) o que Ele fez pela Igreja lhe dá o direito de presidi-la.
habitasse – como em um templo (Jo 2:21). Esta habitação da Divindade em Cristo é o fundamento da reconciliação por Ele (Bengel). Daí o “e” (Colossenses 1:20) conecta como causa e efeito as duas coisas, a divindade em Cristo, e a reconciliação por Cristo.
nele – isto é, no Filho (Mateus 3:17). [Jamieson; Fausset; Brown]
Comentário de L. B. Radford
Pois foi do agrado do Pai. A linha de pensamento implícita em pois depende do significado da habitação da ‘plenitude’ em Cristo, sobre a qual veja nota na p. 183. King James por isso agradou ao Pai. O texto grego tem apenas o verbo ‘agradou’ ou ‘agradou’. A R. V. [King James, Versão Revisada] marg. toma ‘a plenitude’ como sujeito do verbo. Qualquer que seja a construção, o sentido é o mesmo; todo o conteúdo da divindade habitava em Cristo. Mas as várias construções defendidas por comentaristas antigos e modernos levantam questões teológicas interessantes e importantes, ou dão voltas diferentes ao restante da frase. (1) A provisão de Deus Pai como assunto apresenta a teologia mais simples. O Pai é a única ‘fonte da divindade’. À primeira vista, o pretérito do verbo parece sugerir que a divindade do Filho foi conferida em algum momento e implicar que houve um tempo em que Ele não existia ou não era completamente divino. Mas mesmo que a referência seja à divindade do Cristo preexistente, o tempo aoristo pode se referir não a um momento particular na história da Divindade, mas a um propósito eterno, um ato atemporal da vontade do Pai. Mas a elipse de um sujeito como Deus com este verbo não tem paralelo, embora uma elipse semelhante ocorra com outros verbos em Tiago 1:12, 4:6. A última menção anterior de Deus como sujeito de uma sentença (versículo 12) é muito remota para justificar o fornecimento da palavra ‘Deus’ ou ‘o Pai’ aqui. (2) A provisão de Cristo como o assunto ‘confunde irremediavelmente a teologia da passagem’ (Lightfoot). Nesta suposição, a menos que o pronome ele deva ser entendido como algo diferente para ele do que significa nos outros três casos de sua ocorrência nestes versículos (19, 20), ele deve se referir a Cristo e indicar que é com Cristo que todas as coisas devem ser reconciliadas, enquanto a reconciliação é com Deus o Pai, por exemplo. 2Coríntios 5:19. Essa dificuldade é removida ou reduzida por algumas interpretações do significado de reconciliação, para as quais veja nota sobre ‘reconciliar’ abaixo. Mas há uma dificuldade mais grave. Tornar a habitação da Divindade no Filho e a reconciliação do mundo consigo mesmo ou com o Pai um ato da própria vontade do Filho é criar uma segunda fonte distinta da vontade da Divindade, e fazer do Filho um autor do propósito divino, em contradição com a idéia subjacente de toda a passagem e com todo o teor das poucas referências registradas, mas inconfundíveis de nosso Senhor à Sua subordinação à vontade do Pai. (3) Gramaticalmente a construção mais simples é tomar toda a plenitude como sujeito, como na R.V. [King James, Versão Revisada] marg. Esta interpretação não envolve a concessão de existência independente aos atributos da Divindade, foi feita pela teoria gnóstica posterior de emanações personificadas como a Sabedoria. A frase aqui significa Deus ou a Divindade em toda a plenitude de seu ser. compare com 2:9, nele habita toda a plenitude da Divindade’ ou ‘da Divindade’, com a Septuaginta de Salmo 68:17, ‘Deus se agradou de habitar nela’.
toda a plenitude – evidentemente a mesma coisa que é descrita em 2:9 como ‘a plenitude da Divindade’, ou seja, da natureza de Deus. O significado deste termo, Grego pleroma, não é explicado aqui ou em 2:9, mas aparentemente é considerado conhecido pelos colossenses. Provavelmente era familiar para eles como um termo técnico no ensino dos sincretistas colossenses, embora considerassem essa plenitude como residindo não em Cristo, ou somente em Cristo, mas nos ‘elementos’, ou seja, os poderes celestes. Nos desenvolvimentos posteriores do Gnosticismo, o termo é usado para denotar a soma total das emanações da Divindade. Veja nota adicional abaixo.
habitasse. Existem duas palavras gregas, ambas compostas do verbo simples habitar, mas uma denotando transitória, a outra habitação permanente, por exemplo. Septuaginta Gênesis 36:44 (37:1), onde ambas ocorrem num contraste entre as peregrinações de Isaque e a residência fixa de Jacó. A última palavra é usada aqui. Os gnósticos posteriores consideraram a plenitude da natureza divina em Cristo como parcial e transitória, alguns deles ensinando que a natureza divina ou ser desceu sobre Jesus em Seu batismo e partiu Dele na Cruz. Os falsos mestres em Colossos podem ter tido tal visão, e o uso desta palavra por Paulo aqui e em 2:9 pode ser uma insistência deliberada na permanência do divino em Cristo. [Radford, aguardando revisão]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.