E melhor que estes ambos, é aquele que ainda não existe; que não viu as más obras, que são feitas abaixo do sol.
Comentário de E. H. Plumptre
E melhor que estes ambos. Como a expressão de um sentimento pessoal de desespero, temos um paralelo nas palavras de Jó (Eclesiastes 3:11-16). Como expressão de uma visão mais generalizada da vida temos ecos multiformes do pensamento nos escritores gregos, de cuja influência, direta ou indireta, o livro apresenta tantos vestígios. Assim temos em Teógnis:
“A melhor sorte para os homens é nunca nascer,
Nem nunca ver os raios brilhantes da manhã:
O próximo melhor, quando nascer, se apressar com o passo mais rápido
Onde os portões de Hades estão abertos para os mortos,
E descanse com muita terra juntada para nossa cama.” (425-428).
Ou em Sófocles:
“Nunca ser nada
Supera toda fama;
Rapidamente, o próximo melhor, para passar
De onde viemos.” (Oed. Col. 1225).
Mais remoto, mas de significado ainda mais profundo, é o fato de que o mesmo sentimento está na raiz do budismo e sua busca pelo Nirvana (aniquilação ou inconsciência) como o único refúgio do fardo da existência. Por mais terrível que seja a depressão assim indicada, ela está um degrau acima do ódio à vida que apareceu nos caps. Eclesiastes 1:14, Eclesiastes 2:17-18. Isso era simplesmente o cansaço de uma saciedade egoísta; isso, como o sentimento de Çakya Mouni quando ele viu as misérias da velhice, doença e morte, e do Coro Grego que acabamos de citar, surgiu da contemplação das tristezas da humanidade em geral. Era melhor não ser do que ver a obra maligna que se fazia debaixo do sol. Em contraste marcante com essa visão sombria da vida, temos as palavras: “Bom fosse que aquele homem não tivesse nascido” em Mateus 26:24, como marcando um exemplo totalmente excepcional de culpa e, portanto, de miséria. [Plumptre, aguardando revisão]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.