Quem há entre vós de todo seu povo, seu Deus seja com ele, e suba a Jerusalém que está em Judá, e edifique a casa ao SENHOR Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém.
Comentário de H. E. Ryle
entre vós. O decreto é dirigido aos habitantes dos muitos reinos que o Império Persa incluía.
de todo o seu povo. Do contexto, no qual apenas Judá e Jerusalém são mencionados, é claro que o édito se referia apenas ao reino do Sul, cujos habitantes haviam sido ‘deportados’ por Nabucodonosor. Não é provável que Ciro estivesse familiarizado com as circunstâncias da ‘deportação’ do reino do Norte por Sargão, o Assírio, tantos anos antes (721 a.C.), mesmo se (o que é muito improvável) a identidade das Dez Tribos tivesse sido preservada. Ao mesmo tempo, há boas razões para supor que alguns cativos das tribos do Norte, que haviam preservado sua linhagem e sua religião nacional, aproveitaram a oportunidade oferecida pelo decreto de Ciro. Veja em Esdras 2:2. Cf. 1Crônicas 9:3.
seu Deus seja com ele. O texto paralelo em 2Crônicas 36:23 diz ‘o Senhor (Yahweh), o seu Deus, esteja com ele’. Como é mais provável que o Nome Sagrado tenha sido inserido do que omitido pelos copistas judeus, o texto conforme está em nosso verso é preferível; ele também é apoiado pela Septuaginta e por 1 Esdras 2:5. A palavra no original para ‘seja’ (y‘hî), contendo as duas primeiras consoantes de ‘Yahweh’, possivelmente foi confundida com isso e deu origem à variação. As palavras são uma forma comum de bênção. Após a bênção, vem a substância do decreto, (1) o Retorno, (2) a Construção do Templo.
e suba a Jerusalém. A jornada para a terra de Judá é tratada como uma ascensão. Cf. “Os Cânticos de Degraus”, Salmos 120-134.
e edifique – ou seja, reconstrua.
ao SENHOR Deus de Israel. O antigo título nacional usado livremente sem margem para equívocos após a destruição do reino do Norte (cf. em Esdras 4:1; Esdras 4:3; Esdras 5:1; Esdras 6:14; Esdras 6:21-22; Esdras 7:6; Esdras 7:15; Esdras 8:35; Esdras 9:4; Esdras 9:15). A disciplina do Cativeiro havia revivido a concepção do verdadeiro Israel (veja Isaías 41:17; Jeremias 30:2; Ezequiel 8:4).
ele é o Deus que habita em Jerusalém. Na ACF (ele o Deus) que está em Jerusalém.
(a) Se as palavras ‘ele é o Deus’ forem tomadas entre parênteses como na ACF, então ‘que está em Jerusalém’ refere-se ‘à casa de Yahweh’. Isso fornece uma informação adicional necessária para aqueles que não associam os templos dos deuses a um único lugar. Templos de deuses pagãos, por exemplo, de Nebo, poderiam ser erguidos em inúmeras cidades. Por que então não de Yahweh? O decreto de Ciro explicitamente localiza o culto.
(b) Caso contrário, as palavras, ‘que está em Jerusalém’, são tomadas intimamente com ‘ele é o Deus’, como NAA e NVI. Esta é a tradução da Septuaginta (αὐτὸς ὁ θεὸς ὁ ἐν Ἱερονσαλήμ) e da Vulgata (Ipse est Deus qui est in Ierusalem). Também é apoiada pela tradição judaica preservada pelos acentos hebraicos. Aceitando esta colocação das palavras, o estudante deve ter cuidado para atribuir a ênfase adequada às palavras ‘o Deus’. Pois a cláusula não é simplesmente explicativa geograficamente das palavras anteriores, ‘o Senhor, o Deus de Israel’, afirmando que ‘ele é o Deus que está em Jerusalém’ para distinguí-lo dos deuses de outras localidades. Mas o nome, ‘o Deus’, é usado enfaticamente (hâ-Elohim, não Elohim) e absolutamente, como em Esdras 1:4-5. Compare ‘O Senhor Ele é o Deus’ em 1Reis 18:39. O sentido então é ‘Ele é O Deus, o Todo-Poderoso, e Ele escolheu Jerusalém como Sua morada’.
As razões para preferir a primeira tradução são as seguintes:
(1) A frase “que está em Jerusalém” é quase invariavelmente neste livro aplicada ao Templo ou serviço do Templo (cf. Esdras 1:4-5, Esdras 2:68, Esdras 5:2; Esdras 5:14-16, Esdras 6:5; Esdras 6:12 (9, 18), Esdras 7:15-17; Esdras 7:27). (2) Não é uma frase natural – seja parte do édito original ou adicionada pelo tradutor judeu – para designar Aquele que já foi chamado de “o Deus de Israel”. (3) A objeção à separação (ACF) da cláusula “que está em Jerusalém”, da palavra à qual ela deve ser anexada, provocou a tradução da Septuaginta e Vulgata. (4) Mas uma interpolação parenética “Ele é o Deus” tem o caráter de uma inserção judaica após a menção do Nome sagrado. (5) A suposta importância da tradução alternativa desaparece com a descoberta de que Ciro não era monoteísta. Pois Ciro não teria dito “Ele é o (ou seja, o verdadeiro) Deus que está em Jerusalém”, enquanto um editor judeu pós-cativeiro não teria introduzido uma localização tão incomum e restritiva para seu Deus.
Portanto, concluímos que as palavras “Ele é o Deus” são uma parêntese judaica inserida pelo compilador de forma reverente, mas estranha, de modo a quebrar a frase “a casa do Senhor, o Deus de Israel — que está em Jerusalém”. [Ryle, 1901]
Comentário de Robert Jamieson 🔒
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