O autor deste Evangelho foi, sem sombra de dúvida, Mateus, um apóstolo de nosso Senhor, cujo nome é atribuído. Ele escreveu o Evangelho de Cristo de acordo com seus próprios planos e objetivos, e de seu próprio ponto de vista, como também os outros “evangelistas”.
Quanto ao tempo de sua composição, há pouco no próprio Evangelho de Mateus para indicar. Foi evidentemente escrito antes da destruição de Jerusalém (Mateus 24), e algum tempo depois dos eventos que registra. A probabilidade é que tenha sido escrito entre os anos 60 e 65 d.C.
O molde do pensamento e as formas de expressão empregadas pelo escritor mostram que o Evangelho de Mateus foi escrito para os cristãos judeus da Palestina. Seu grande objetivo é provar que Jesus de Nazaré era o Messias prometido, e que nele as antigas profecias tinham seu cumprimento. O Evangelho está repleto de alusões àquelas passagens do Antigo Testamento nas quais Cristo é predito e prefigurado. O único objetivo que prevalece em todo o livro é mostrar que Jesus é aquele “de quem Moisés escreveu na lei e nos profetas”. O Evangelho de Mateus contém não menos do que sessenta e cinco referências ao Antigo Testamento, quarenta e três delas sendo citações verbais diretas, superando em muito as encontradas nos outros Evangelhos. A principal característica deste Evangelho pode ser expressa no lema: “Eu não vim para destruir, mas para cumprir”.
Quanto à linguagem em que o Evangelho de Mateus foi escrito, há muita controvérsia. Muitos sustentam, de acordo com a velha tradição, que ela foi originalmente escrita em hebraico (isto é, o dialeto aramaico ou siro-caldeu, língua dos habitantes da Palestina), e depois traduzido para o grego, seja pelo próprio Mateus ou por algum pessoa desconhecida. Apesar desta teoria ter sido sinceramente mantida por hábeis críticos, não vemos nenhum motivo para adotá-la. Desde o princípio, este Evangelho em grego foi recebido como autoridade na Igreja. Não há nada para mostrar que é uma tradução. Embora Mateus escrevesse principalmente para os judeus, em toda parte eles estavam familiarizados com a língua grega. As mesmas razões que teriam sugerido a necessidade de uma tradução para o grego teriam levado o evangelista a escrever em grego a princípio.
A principal característica do Evangelho de Mateus é que ele expõe a glória real de Cristo e mostra que ele é o verdadeiro herdeiro do trono de Davi. É o evangelho do reino. Mateus usa a expressão “reino dos céus” (trinta e duas vezes), enquanto Lucas usa a expressão “reino de Deus” (trinta e três vezes). Algumas palavras latinizadas ocorrem neste Evangelho, como kodrantes (Mateus 5:26), em Latim quadrang, e phragello (Mateus 27:26), em Latim flagello. Deve ser lembrado que Mateus era um coletor de impostos para o governo romano e, portanto, estava em contato com aqueles que usam a língua latina.
Quanto à relação dos Evangelhos entre si, devemos afirmar que cada escritor dos sinópticos (os três primeiros) escreveu independentemente dos outros dois, sendo Mateus provavelmente o primeiro a ser escrito.
“De um total de 1071 versos, o Evangelho de Mateus tem 387 em comum com Marcos e Lucas, 130 com Marcos, 184 com Lucas, apenas 387 sendo peculiar a si mesmo”.
O livro está apropriadamente dividido nestas quatro partes:
Mateus 1-2 Contendo a genealogia, o nascimento e a infância de Jesus.
Mateus 3-3:11 Os discursos e ações preparatórias de João Batista para o ministério público de Cristo.
Mateus 4:12-20:16 Os discursos e ações de Cristo na Galileia.
Mateus 20:17-28 Os sofrimentos, morte e ressurreição de nosso Senhor.
Adaptado de: Illustrated Bible Dictionary (Matthew, Gospel according to).