E disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de Nos sabendo o bem e o mal; agora, pois, para que não estenda sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva para sempre:
Comentário de Robert Jamieson
E disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de Nós. Não falado em ironia como geralmente se supõe, mas em profunda compaixão.
agora, pois, para que não estenda sua mão, e tome também da árvore da vida. Sendo essa árvore um penhor da vida imortal com a qual a obediência deve ser recompensada, o homem perdido, em sua queda, reivindica o direito a essa árvore; e, portanto, para não comer dela ou iludir-se com a ideia de que comer dela iria restaurar o que havia perdido, o Senhor o enviou para fora do jardim. [Jamieson; Fausset; Brown]
Comentário de Carl F. Keil
Vestido com este sinal de misericórdia, o homem foi expulso do paraíso, para suportar a punição de seu pecado. As palavras de Jeová, “O homem tornou-se como um de nós, para conhecer o bem e o mal”, não contêm ironia, como se o homem se tivesse exaltado a uma posição de autonomia semelhante à de Deus; pois “a ironia às custas de uma alma miserável tentada poderia muito bem ser própria de Satanás, mas não do Senhor”. A semelhança com Deus é baseada somente no conhecimento do bem e do mal, no qual o homem se tornou realmente como Deus. Para que, após o germe da morte ter penetrado em sua natureza junto com o pecado, ele não pudesse “tomar também da árvore da vida, e comer e viver para sempre (חַי contratado de חָיַי = חָיָה, como em Gênesis 5:5; 1Samuel 20:31), Deus o enviou do jardim do Éden”. Com וַיְשַׁלְּחֵהוּ (enviado por ele) a narrativa passa das palavras para as ações de Deus. Do גַּם (também) segue-se que o homem ainda não tinha comido da árvore da vida. Se ele tivesse continuado em comunhão com Deus pela obediência ao comando de Deus, ele poderia ter comido dela, pois foi criado para a vida eterna. Mas depois de ter caído pelo pecado no poder da morte, o fruto que produziu a imortalidade só poderia fazer-lhe mal. Pois a imortalidade em estado de pecado não é o ζωὴ αἰώνιος, que Deus projetou para o homem, mas a miséria sem fim, que as Escrituras chamam “a segunda morte” (Apocalipse 2:11; Apocalipse 20:6, 14; Apocalipse 21:8). A expulsão do paraíso, portanto, foi uma punição infligida para o bem do homem, destinada, ao mesmo tempo em que o expõe à morte temporal, a preservá-lo da morte eterna. [Keil, 1861-2]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.