José na casa de Potifar
Comentário de Robert Jamieson
Potifar. Esse nome, Potifar, significa “devotado ao sol”, a divindade local de On ou Heliópolis, uma circunstância que fixa o local de sua residência no Delta, o distrito do Egito que faz fronteira com Canaã.
oficial – literalmente, “príncipe do Faraó” – isto é, a serviço do governo.
capitão dos da guarda. O significado do termo original foi interpretado de várias maneiras, alguns considerando que significa “chefe de cozinha”, outros, “inspetor-chefe das plantações”; mas o que parece ser mais bem fundamentado é “chefe dos carrascos”, o mesmo que o capitão da guarda.
comprou-o…dos ismaelitas. A idade, aparência e inteligência do escravo hebreu logo o fariam ser comprado no mercado. Mas a influência invisível e não percebida do grande Condutor atraiu a atenção de Potifar para ele, para que, na casa de alguém tão intimamente ligado à corte, pudesse receber a formação prévia necessária para o alto cargo que estava destinado a ocupar, e na escola da adversidade aprender as lições de sabedoria prática que seriam da maior utilidade e importância em sua futura carreira. Assim é que quando Deus tem algum trabalho importante a ser feito, Ele sempre prepara agentes adequados para realizá-lo. [Jamieson; Fausset; Brown]
Comentário de Robert Jamieson
estava na casa de seu senhor o egípcio. Os escravos que haviam sido cativos de guerra eram geralmente enviados para trabalhar no campo e submetidos a um tratamento duro sob a “vara” dos capatazes. Mas aqueles que eram comprados com dinheiro eram empregados em fins domésticos, eram tratados com bondade e gozavam de certa liberdade. [JFU]
Comentário de Robert Jamieson
E viu seu senhor que o SENHOR era com ele. Embora mudado em sua condição, José não foi mudado em espírito; embora despojado da sua túnica colorida, ele não havia perdido as virtudes morais que distinguiam o seu caráter; embora separado do seu pai na terra, ele ainda vivia em comunhão com o seu Pai no céu; embora, na casa de um idólatra, ele continuou adorando o verdadeiro Deus. [JFU]
Comentário Cambridge
e servia-lhe. O caráter e as capacidades de José foram testados pela primeira vez pelo serviço pessoal e, depois, pela responsabilidade da supervisão geral.
mordomo de sua casa. José foi feito administrador de toda a casa, uma posição que encontramos mencionada nos primeiros registros egípcios. Compare com Gênesis 43:16; 44:1. [Cambridge]
Comentário de Robert Jamieson
lhe deu o encargo de sua casa. Não sabemos qual função José assumiu no serviço à Potifar, mas o olhar observador de seu mestre logo descobriu suas qualidades e o tornou seu chefe, seu servo confidencial (compare Efésios 6:7; Colossenses 3:23). A ascensão de servos domésticos não é incomum, e é considerado uma grande desgraça não elevar alguém que tenha estado na família por um ano ou dois. Mas esse avanço extraordinário de José foi obra do Senhor, embora por parte de Potifar tenha sido a consequência de observar a prosperidade surpreendente que o acompanhava em tudo o que fazia.
Comentário Cambridge
nem com ele sabia de nada mais que do pão que comia. O mestre de José confiou-lhe tudo. Tudo corria bem; e com José como administrador, ele não tinha necessidade de pensar em nada, a não ser na comida. Também é possível que, a comida, devido o rigor da consciência dos egípcios (compare com Gênesis 43:32), não poderia ser confiada aos cuidados de um estrangeiro. José era o responsável, ou mordomo, da casa. [Cambridge]
Comentário de Robert Jamieson
a mulher de seu senhor pôs seus olhos em José. As mulheres egípcias não eram mantidas na mesma maneira reclusa que as mulheres são na maioria dos países orientais agora [editor: ou seja, no século 19, quando este livro foi escrito]. Elas eram tratadas da maneira mais digna de um povo civilizado – na verdade, desfrutavam de muita liberdade tanto em casa quanto fora dela. Assim, a esposa de Potifar tinha oportunidade constante de encontrar José. Mas as antigas mulheres do Egito eram muito permissivas em sua moralidade. Intrigas e intemperança eram vícios muito prevalentes entre elas, como os monumentos atestam claramente [Wilkinson]. A esposa de Potifar provavelmente não era pior do que muitas do mesmo nível, e suas infames investidas em José surgiram de sua posição superior. [Jamieson; Fausset; Brown]
Comentário do Púlpito
E ele não quis – pode ser que a ausência de encantos pessoais tenha facilitado a resistência de José (Kalisch); mas José atribui uma razão diferente para não aceitação da sua proposta totalmente imoral – e disse à mulher de seu senhor – “à sua incitação impura, ele responde com palavras puras e saudáveis” (Hughes). [Pulpit]
Comentário de Robert Jamieson
como, pois, faria eu este grande mal e pecaria contra Deus? Essa repreensão, quando todos os argumentos inferiores menores, encarnou o verdadeiro princípio da pureza moral – um princípio sempre suficiente onde existe, e sozinho suficiente. [Jamieson; Fausset; Brown]
Comentário do Púlpito
E foi que falando ela – ou, embora ela falasse (Kalisch) – a José cada dia, e não escutando-a ele para deitar-se ao lado dela (um eufemismo), para estar com ela. [Pulpit]
Comentário Ellicott
para fazer seu ofício. Ou seja, atender a seus deveres ordinários como administrador. A ausência de todos os homens da casa é explicada pela suposição de que era um festival; mas, como ela os chamou (Gênesis 39:14), parece que estavam ocupados em seus respectivos afazeres nas proximidades. [Ellicott]
Comentário do Púlpito
E pegou-o ela por sua roupa (provavelmente uma longa túnica solta ou manto, com mangas curtas, usada no traje completo oriental) dizendo: Dorme comigo. Então ele deixou sua roupa nas mãos dela, e fugiu, e saiu-se fora – literalmente, ele foi para fora do lugar, isto é, fora da casa e para a rua. [Pulpit]
Comentário Cambridge
sua roupa. Este acidente forneceu a única prova circunstancial da acusação apresentada contra ele. [Cambridge]
Comentário de Robert Jamieson
Chamou aos de casa. Desapontada e ofendida, ela jurou vingança e acusou José, primeiro aos servos da casa e, em seu regresso, ao seu senhor.
Olhai que ele nos trouxe um hebreu, para que fizesse zombaria de nós – uma acusação fingida e infundada [affected and blind] contra o marido por ter um hebreu em sua casa, algo que os egípcios consideram uma abominação. [Jamieson; Fausset; Brown]
Comentário do Púlpito
deixou junto a mim sua roupa (literalmente, ao meu lado) e fugiu, e saiu-se fora (ou saiu para a rua, et supra). [Pulpit]
E ela pôs junto a si a roupa dele. Ou seja, colocada de um lado e mantida pronta a ser apresentada como prova.
Comentário do Púlpito
Então lhe falou ela semelhantes palavras, dizendo: O servo hebreu que nos trouxeste (aqui acusa o marido de ser pelo menos indiretamente a causa da suposta ofensa que foi causada a ela) veio a mim para desonrar-me – “ela parece muito modesta ao falar em termos simples do crime de José” (Lawson). [Pulpit]
Comentário de John Gill
quando eu levantei minha voz e gritei …. por ajuda dos servos, e amedrontada com a sua tentativa atrevida.
ele deixou sua roupa junto a mim, e fugiu fora – e então ela a trouxe e mostrou a ele. [Gill]
Comentário do Púlpito
Um papiro de dezenove páginas de dez linhas de escrita hierática (comprado da Madame D’Orbiney, e atualmente no Museu Britânico), pertencente provavelmente à décima nona dinastia, contém um conto de dois irmãos, nos quais ocorrem incidentes muito semelhantes aos aqui narrados. Enquanto os dois estão arando no campo, o irmão mais velho envia o irmão mais novo, que parece ter atuado como superintendente geral, para buscar sementes em casa. “E o irmão mais novo encontrou a esposa do irmão mais velho sentada em seu banheiro”. … “E ela falou com ele, dizendo: Que força há em ti! Na verdade, eu observo tua vitalidade todos os dias. Seu coração o conhecia. Ela o agarrou e disse a ele: Vem, vamos nos deitar por um instante. Melhor para ti … roupas bonitas”. “O jovem se tornou como uma pantera com fúria por causa do discurso vergonhoso que ela lhe dirigiu. E ela ficou muito alarmada”. … “Seu marido voltou para casa à noite, de acordo com seu costume diário. Ele veio para casa e encontrou sua esposa deitada como se fosse assassinada por um bandido”. Ao perguntar o motivo de sua angústia, ele é respondido como Potifar foi respondido por sua esposa enganosa. “E o irmão mais velho se tornou como uma pantera; ele afiou sua adaga e o tomou em sua mão”. [Pulpit]
Comentário de Robert Jamieson
E tomou seu senhor a José, e pôs-lhe na casa do cárcere – a casa redonda, devido à sua forma de construção, geralmente anexa à moradia de um oficial como Potifar. Era em parte uma masmorra subterrânea (Gênesis 41:14), embora as paredes construídas de tijolos se elevassem consideravelmente acima da superfície do solo e fossem cobertas por um teto abobadado um tanto na forma de uma tigela invertida. Nessa masmorra, Potifar, na primeira explosão de raiva, jogou José e ordenou que ele fosse submetido a tratamento tão severo (Salmo 105:18) quanto pudesse; pois o poder dos mestres sobre seus escravos era muito bem restringido por lei, e o assassinato de um escravo era um crime capital.
onde estavam os presos do rei. Embora as prisões parecessem ser um apêndice inseparável dos palácios, esta não era uma prisão comum – era a local de criminosos do estado; e, portanto, pode-se presumir que fossem exercidas mais rigidez e vigilância do que o usual sobre os prisioneiros. Em geral, no entanto, as prisões egípcias, como outras prisões orientais, eram usadas exclusivamente para fins de detenção. As pessoas acusadas eram lançadas nelas até que as acusações contra elas pudessem ser investigadas; e embora o carcereiro fosse responsável pela condição [appearance] daqueles sob sua custódia, desde que fossem apresentados quando solicitados, ele nunca era interrogado sobre a forma como os havia mantido. [Jamieson; Fausset; Brown]
Comentário Cambridge
O agrado de Jeová para com José é a causa da aceitabilidade de José com o guardião da prisão. Ele recebe o mesmo grau de confiança na prisão que tinha recebido do mestre a quem serviu como mordomo. [Cambridge]
Comentário de John Gill
E o chefe da casa do cárcere entregou em mão de José todos os presos que havia naquela prisão. Como eram prisioneiros do Estado, representavam uma considerável responsabilidade; e isso deu a José grande honra, crédito e influência na prisão.
tudo o que faziam ali, ele o fazia – não que ele aprendeu e exercitou todos os ofícios dos prisioneiros para ganhar a vida, que é o sentido de alguns, como Aben Ezra relata; ou que ele na verdade fazia tudo o que era feito na prisão: mas o significado é que ele dava ordens para que tudo fosse feito, e nada era feito sem ele; tudo o que era feito, como o Targum de Jonathan parafraseia, ele ordenava que fosse feito; ou, como Onkelos, tudo o que era feito era feito por sua palavra, isto é, por sua autoridade e comando. [Gill]
Comentário do Púlpito
Não via o chefe do cárcere coisa alguma que em sua mão estava, ou seja, ele não se preocupava com nada que era confiado a José. [Pulpit]
Visão geral do Gênesis
Em Gênesis 1-11, “Deus cria um mundo bom e dá instruções aos humanos para que possam governar esse mundo, mas eles cedem às forças do mal e estragam tudo” (BibleProject). (8 minutos)
Em Gênesis 12-50, “Deus promete abençoar a humanidade rebelde através da família de Abraão, apesar das suas falhas constantes e insensatez” (BibleProject). (8 minutos)
Leia também uma introdução ao livro do Gênesis.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles – fevereiro de 2018.