A astúcia de José para deter seus irmãos
Comentário de Robert Jamieson
E mandou José ao mordomo de sua casa. O objetivo de colocar a taça no saco de Benjamim era claramente colocar o jovem em uma situação de dificuldade ou perigo, a fim de descobrir até que ponto os sentimentos fraternos dos outros irmãos seriam despertados para simpatizar com o seu sofrimento e estimular seus esforços para garantir sua libertação. Mas qual era o propósito de devolver o dinheiro? Foi feito, em primeiro lugar, por bondade em relação ao seu pai; mas outro e maior objetivo parece ter sido a prevenção de quaisquer ideia negativa quanto ao caráter de Benjamim. A descoberta da taça em sua posse, se não houvesse nada mais para julgar, poderia ter gerado uma dolorosa suspeita de culpa sobre o irmão mais novo; mas a presença do dinheiro nos sacos de cada um levaria a todos à mesma conclusão, de que Benjamim era tão inocente quanto eles mesmos, embora a circunstância adicional da taça encontrado em seu saco o colocasse em maior apuro e perigo. [Jamieson; Fausset; Brown, 1873]
Comentário de Robert Jamieson
E porás meu copo, o copo de prata, na boca do saco. Era um grande copo, como indica o original, muito valorizado pelo seu dono, seja por causa de seu material caro ou seu acabamento elegante, e que provavelmente havia adornado a sua mesa no deslumbrante banquete do dia anterior. [Jamieson; Fausset; Brown, 1873]
Comentário de Robert Jamieson
Eles iniciaram sua jornada de volta ao amanhecer (ver em Gênesis 18:2); e é fácil imaginar que estavam animados, após um desfecho tão positivo para todas as suas dificuldades e ansiedades. [Jamieson; Fausset; Brown, 1873]
Comentário de Robert Jamieson
Havendo eles saído da cidade…disse José a seu mordomo. Eles foram repentinamente interrompidos pela notícia chocante de que um artigo de grande valor estava faltando na casa do governador. Tratava-se de um copo de prata; suspeitas tão fortes foram levantadas contra eles que um mensageiro especial foi enviado para revistá-los. [Jamieson; Fausset; Brown, 1873]
Comentário de Robert Jamieson
Não é isto no que bebe meu senhor – não apenas reservado para uso pessoal do governador, mas também usado para adivinhação. A adivinhação por meio de cálices, para conhecer o futuro, era uma das superstições predominantes no antigo Egito, como ainda é em países do Oriente. É pouco provável que José, um piedoso crente no verdadeiro Deus, se entregasse a essa prática supersticiosa. Mas ele pode ter se aproveitado dessa ideia popular para executar com sucesso sua estratégia no último teste decisivo de seus irmãos. [Jamieson; Fausset; Brown, 1873]
Comentário de Robert Jamieson
(6-7) As palavras do mordomo devem atingido eles como um raio, e um dos seus sentimentos mais predominantes deve ter sido a humilhante e angustiante sensação de serem frequentemente objetos de suspeita. Protestando sua inocência, eles convidaram a busca. O desafio foi aceito (Gênesis 44:10-11). Começando pelo mais velho, cada saco foi examinado, e ao encontrar o cálice no de Benjamim (Gênesis 44:12), todos retornaram à casa do governador em uma agonia indescritível de espírito (Gênesis 44:13), jogando-se aos pés dele (Gênesis 44:14), com a notável confissão: “Deus descobriu a nossa culpa” (Gênesis 44:16, NAA). [Jamieson; Fausset; Brown, 1873]
Comentário de George Bush
Os filhos de Jacó eram culpados aos olhos de Deus por muitos pecados. Eles estavam cientes de crimes tão grandes quanto este que agora lhes era atribuído, ou até mesmo crimes muito maiores, e no entanto ficaram chocados com a atual acusação, expressando a mais profunda repulsa por tal conduta. Nunca tal façam teus servos. Seriam eles tão vis e perversos a ponto de roubar um cálice favorito do grande homem que os tratara com tanta dignidade? Seria possível que abusassem de sua bondade para oportunamente furtar o pertence mais precioso da mesa onde haviam sido honrados com um lugar? [Bush]
Comentário do Púlpito
Eis que, o dinheiro (literalmente, a prata) que achamos na boca de nossos sacos, o voltamos a trazer a ti desde a terra de Canaã (essa era uma prova incontestável de sua honestidade) como, pois, havíamos de furtar da casa de teu senhor prata nem ouro? [Pulpit]
Comentário Whedon
que morra. Suas palavras na ocasião mostram a intensidade de seus sentimentos e agitação, e toda a sua ação evidenciou sua consciência de inocência em relação à acusação de roubar o cálice. [Whedon]
Comentário do Púlpito
E ele (o mordomo) disse: Também agora seja conforme vossas palavras. Assim como a Septuaginta, a Vulgata e a maioria dos comentaristas; porém, Kalisch interpreta como uma pergunta: “É justo de acordo com as suas palavras?” significando que a justiça estrita exigia apenas a punição do ladrão, como ele explicou.
aquele em quem se achar, será meu servo, e vós (ou seja, os outros de vocês) sereis sem culpa. [Pulpit]
Comentário de George Bush
Eles concordaram prontamente com a proposta do mordomo e, com sentimentos indignados, cada um descarregou sua carga, a fim de refutar a acusação. Pensaram que alguns momentos seriam suficientes para comprovar plenamente sua inocência. No entanto, seus rostos ficaram cobertos de vergonha quando viram o que não esperavam encontrar. [Bush]
Comentário do Púlpito
E (o mordomo) buscou desde o mais velho começou, e acabou no mais novo; e o copo foi achado (onde o próprio mordomo o tinha colocado) no saco de Benjamim. [Pulpit]
Comentário do Púlpito
Então eles rasgaram suas roupas (sobre simlah, veja Gênesis 9:23) e carregou cada um seu asno (pondo o saco que havia sido retirado) e voltaram à cidade. [Pulpit]
Comentário do Púlpito
E chegou Judá– que é reconhecido como o líder desta segunda ida ao Egito (Gênesis 43:8) – com seus irmãos à casa de José, que ainda estava ali – “aguardando, sem dúvida, o resultado daquilo que já sabia” (Murphy) – e prostraram-se diante dele em terra. A expressão indica uma prostração completa do corpo. Era um sinal de arrependimento deles, e um gesto de que imploravam o seu perdão. [Pulpit]
Comentário do Púlpito
E disse-lhes José – em uma fala não de “ironia cruel e arrogante” (Kalisch), mas simplesmente suposto ressentimento — Que obra é esta que fizestes? Não sabeis que um homem como eu sabe adivinhar? (ver em Gênesis 44:5). Embora José use essa linguagem e seja representado pelo seu mordomo como possuindo uma taça de adivinhação, não há motivo para supor que ele tivesse o hábito de praticar essa superstição pagã. [Pulpit]
A humilde suplica de Judá
Comentário de Robert Jamieson
(16-34) A fala de Judá não necessita de comentários — consistindo a princípio de frases curtas e fragmentadas, como se, sob a força avassaladora das emoções do orador, sua fala estivesse sufocada, torna-se mais livre e abundante à medida que ele continua a falar, esforçando-se para se expressar. Cada palavra encontra seu caminho para o coração; e pode-se imaginar que Benjamin, que permanecia ali em silêncio, como uma vítima prestes a ser sacrificada, ao ouvir a oferta magnânima de Judá de se submeter à escravidão para o resgate dele, ficaria vinculado por uma gratidão vitalícia a seu generoso irmão, um laço que parece ter se tornado hereditário em sua tribo. O comportamento de José não deve ser avaliado a partir de um único ponto ou em partes separadas, mas como um todo – um plano bem pensado, cuidadosamente concebido e intimamente conectado; e embora algumas características possam exibir uma aparência de dureza, o princípio predominante de sua conduta era de real e genuína bondade fraternal. Lida sob essa luz, a narrativa dos acontecimentos descreve a busca contínua, embora secreta, de um único objetivo; e José demonstra, na execução do seu plano, um alto grau de inteligência, um coração caloroso e sensível, unido a um discernimento que exercia completo controle sobre seus sentimentos — uma feliz habilidade em conceber meios para alcançar seus fins e uma adesão inflexível ao caminho, por mais doloroso que fosse, que a prudência exigia. [Jamieson; Fausset; Brown, 1873]
Comentário do Púlpito
E ele (ou seja, José) respondeu: Nunca eu tal faça (ver Gênesis 44:9) homem em cujo poder foi achado o copo, ele será meu servo; vós ide em paz a vosso pai. Assim, eles foram mais uma vez testados para ver se conseguiriam, como antes, entregar friamente o favorito de seu pai e, assim, levar os cabelos brancos de seu pai à sepultura, ou se ofereceriam heroica e abnegadamente suas próprias vidas e liberdade para protegê-lo (Rosenmüller, Keil, Lange, Murphy e outros). Quão nobremente eles enfrentaram o teste é revelado pela tocante súplica de Judá. [Pulpit]
Comentário do Púlpito
Então Judá se chegou a ele, e disse – a fala de Judá em defesa de seu jovem irmão Benjamim tem sido adequadamente caracterizada como “uma das obras-primas da composição hebraica” (Kalisch), “uma das mais grandiosas e belas encontradas no Antigo Testamento” (Lange), “a fala é mais comovente do que qualquer outra que qualquer orador já tenha proferido” (Lawson), “um dos mais belos exemplos de eloquência natural no mundo” (Inglis). Sem ser distinguido por uma imaginação brilhante ou uma linguagem altamente poética, “seu encanto e excelência inimitáveis consistem no poder da verdade psicológica, simplicidade e pathos comovente” (Kalisch).
Ai senhor meu, rogo-te que fale teu servo uma palavra aos ouvidos de meu senhor (provavelmente se aproximando dele em sua ansiedade), e não se acenda tua ira contra teu servo, pois que tu és como Faraó (isto é, alguém investido com a autoridade de Faraó e, portanto, capaz, como Faraó, de perdoar ou condenar). [Pulpit]
Comentário de Henry Alford
Essa é a mesma declaração que os irmãos fizeram a seu pai, como podemos ver em Gênesis 43:7, e daí parece que era a exata situação do caso, ou Judá não teria se arriscado a apelar para a lembrança de José sobre isso. [Alford]
Comentário do Púlpito
Substancialmente, esta é a descrição que os irmãos deram de si mesmos desde o início (Gênesis 42:13); apenas agora, Judá com tato, assim como com pathos irresistível, enfatiza a circunstância tripla de que o pequeno cuja vida estava em jogo era inexprimivelmente querido a seu pai, tanto por causa de seu irmão falecido como por causa de sua mãe falecida e por dele próprio. [Pulpit]
Comentário do Púlpito
Esta última sentença (“porei meus olhos sobre ele”) é uma ampliação retórica das palavras de José, “ἐπιμελοῦμαι αὐτοῦ” (LXX). A expressão “colocar os olhos em alguém” é comumente usada em um sentido positivo, significando tratar alguém com bondade, olhar para o seu bem-estar (compare com Esdras 5:5; Jó 24:23; Jeremias 39:12; Jeremias 40:4). [Pulpit]
Comentário do Púlpito
Judá, aqui, relata sem dúvida corretamente a conversa original, embora a observação não esteja registada no primeiro relato. [Pulpit]
Compare com Gn 42:15-20; Gn 43:3,5.
Comentário do Púlpito
Judá não relata o efeito da triste fala deles sobre Jacó (Gênesis 42:36), mas passa para o período do início da segunda viagem. [Pulpit]
Comentário do Púlpito
E disse nosso pai (ou seja, depois do consumo do suprimento de grãos) Voltai a comprar-nos um pouco de alimento (ver Gênesis 43:2). [Pulpit]
Comentário de John Gill
porque não podemos ver o rosto do homem, não estando conosco nosso irmão o mais novo – o rosto do grande homem, o governador do Egito; pois fica claro que essa expressão “o homem” não é usada diminutivamente, mas para expressar grandeza, caso contrário, nunca teria sido usada na presença dele e em um discurso tão submisso e polido como este de Judá. [Gill]
Comentário do Púlpito
Então teu servo meu pai nos disse (neste ponto, Judá, com crescente ternura, faz referência à comovente lamentação do patriarca angustiado quando ouviu pela primeira vez a proposta indesejável de tirar Benjamin de seu lado) Vós sabeis que dois me deu – José e Benjamin (Gênesis 30:22, 24; Gênesis 35:18) – minha mulher – Raquel foi durante toda a vida a mulher de seus afetos (compare com Gênesis 46:19). [Pulpit]
Comentário do Púlpito
E um (José) saiu de minha presença (e não voltou, assim aludindo indiretamente à sua morte) e penso certamente que foi despedaçado, e até agora não o vi. Jacó quer dizer que se José estivesse vivo, certamente teria retornado; mas, como desde aquele fatídico dia em que ele partiu de Hebrom, ele nunca mais o viu, ele só pode concluir que sua inferência estava correta, e que José foi devorado por alguma fera selvagem. [Pulpit]
com tristeza ao Sheol. Compare com Gênesis 42:38; Gênesis 37:35; Gênesis 44:31.
Comentário Cambridge
sua alma está ligada à alma dele. Veja 1Samuel 18:1, onde é dito que “a alma de Jonatas estava unida à alma de Davi, e Jonatas o amava como a sua própria alma”. São os afetos, não as vidas, de duas pessoas que se amam que estão entrelaçados. [Cambridge]
Comentário Cambridge
com tristeza – como em Gênesis 42:38; não “com o mal”, como em Gênesis 44:29. [Cambridge, aguardando revisão]
fiador. Compare com Gênesis 43:9.
Comentário Cambridge
Esta oferta por parte de Judá de permanecer no Egito como servo de José, como substituto de Benjamim (LXX ἀντὶ τοῦ παιδίου), forma o nobre clímax do generoso apelo aos sentimentos de José. A ironia inconsciente da situação é intensificada pelo fato de Judá desconhecer a verdadeira identidade de José e, ainda assim, fundamentar seu apelo nas referências (a) à velhice e aos sentimentos afetuosos de Jacó e (b) à perda que ele já sofreu com a morte do irmão mais velho de Benjamim. [Cambridge]
Comentário do Púlpito
É impossível superestimar o heroísmo sublime desse nobre ato de autossacrifício por parte de Judá. Em favor daquele que ele sabia ser mais amado por seu pai do que ele próprio, Judá estava disposto a renunciar à sua liberdade para não ver seu pai idoso morrer de angústia. A magnanimidade auto esquecida de tal ação nunca foi ofuscada e raramente igualada. Após palavras tão primorosamente belas e profundamente comoventes, era impossível para José duvidar que uma mudança completa tinha ocorrido em seus irmãos, e em especial em Judá, desde o dia em que ele pediu insistentemente, e eles consentiram perversamente, em vender seu irmão José como escravo para o Egito. Tudo estava agora pronto para o desfecho nesse drama familiar. A história da revelação de José à seus espantados irmãos é relatada no capítulo seguinte. [Pulpit]
Visão geral do Gênesis
Em Gênesis 1-11, “Deus cria um mundo bom e dá instruções aos humanos para que possam governar esse mundo, mas eles cedem às forças do mal e estragam tudo” (BibleProject). (8 minutos)
Em Gênesis 12-50, “Deus promete abençoar a humanidade rebelde através da família de Abraão, apesar das suas falhas constantes e insensatez” (BibleProject). (8 minutos)
Leia também uma introdução ao livro do Gênesis.
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