Imposição de mãos

A imposição de mãos no Antigo Testamento

O prática da imposição das mãos aparece no Antigo Testamento em várias conexões: no ato da bênção (Gênesis 48:14); no ritual de sacrifício (mãos do ofertante colocadas na cabeça da vítima, Êxodo 29:10, 15, 19; Levítico 1:4; Levítico 3:2, 8, 13 ; Levítico 4:4, 24, 29; Levítico 8:14; Levítico 16:21); no testemunho em crimes capitais (Levítico 24:14). A tribo de Levi foi separada por imposição solene de mãos (Números 8:10); Moisés nomeou Josué para ser seu sucessor através de um ato semelhante (Números 27:18, 23; Deuteronômio 34:9). A ideia nestes casos varia de acordo com a finalidade do ato. A ideia primária parece ser a de transmissão ou transferência (compare com Levítico 16:21), mas, em conjunto com isso, em certos casos, estão as ideias de identificação e devoção a Deus. [James Orr, 1915]

A imposição de mãos no Novo Testamento

Embora a imposição de mãos empregada de várias maneiras no Novo Testamento, a ideia geral é sempre a de bênção.

1. O caso mais simples é quando Jesus impõe as mãos de bênção sobre as criancinhas (Mateus 19:13, 15 ||). O fato de as mães desejarem que Ele o fizesse mostra que esse era um costume da época e das pessoas. A narrativa em Mateus mostra ainda que, como utilizada por Jesus, não era uma forma mágica, mas a expressão simbólica do que era essencialmente um ato de oração (Mateus 19:13).

2. Em Seus atos de cura, Jesus constantemente fez uso deste símbolo (Marcos 6:5; Marcos 8:23, Lucas 4:40; Lucas 13:13; compare com Mateus 9:18 ||, Marcos 7:32)— um exemplo que foi seguido pela Igreja Apostólica (Atos 9:12, 17; Atos 28:8). Nesses casos, no entanto, além de seu simbolismo religioso, o ato pode ainda ter expressado empatia com o enfermo (compare com a mão colocada sobre o leproso, Marcos 1:41, Lucas 5:13), ou foi usado para trazer reforço à fé.

3. Na Igreja primitiva, a imposição das mãos era usada, às vezes em estreita conexão com o batismo (Atos 9:17-18; Atos 19:5-6; compare com Hebreus 6:2, que, no entanto, pode incluir todos os vários tipos de imposição de mãos), mas às vezes como um acompanhamento de oração para que os crentes possam receber uma capacitação especial do Espírito Santo em formas carismáticas (Atos 8:17, 19). Que esta capacitação não significa o dom essencial da vida espiritual, mas algum tipo de ‘manifestação’ (1Coríntios 12:7), é provado quando Atos 9:17 (“cheio do Espírito Santo”) é comparado com Atos 2:4 , e quando Atos 8:15, 17 é lido à luz do pedido de Simão Mago (Atos 8:18 e segs.), e Atos 19:2 à luz de Atos 19:6. O caso de Ananias e Saulo (Atos 9:17) prova ainda que a imposição de mãos para este propósito não era uma prerrogativa apostólica peculiar.

4. Em quatro passagens a imposição de mãos é citada em conexão com um ato que corresponde à ordenação (a palavra em seu sentido eclesiástico não ocorre no Novo Testamento. ‘Ordenado’ em Atos 14:23 deve ser ‘eleito’ ou ‘nomeado’. Os sete, depois de escolhidos pela multidão, foram nomeados para o diaconato pelos Apóstolos, com oração e imposição de mãos (Atos 6:6). Os “profetas e mestres” da Igreja em Antioquia “separaram” Barnabé e Saulo para seu trabalho missionário, impondo-lhes as mãos com jejum e oração (Atos 13:3). Timóteo recebeu o “dom da graça” que estava nele com a imposição das mãos de um corpo de anciãos, com o qual o próprio Paulo estava associado (compare com 1Timóteo 4:14 com 2 Timóteo 1: 6). O “dom” de Timóteo provavelmente significa sua aptidão especial para ser companheiro de Paulo na obra de um evangelista missionário.

5. Sobre a maneira pela qual os diáconos e presbíteros ou bispos era designados para cargos, nenhuma informação é dada no Novo Testamento.  O fato, no entanto, de que os rabinos judeus empregassem esse rito quando um discípulo era autorizado a ensinar, favorece a visão de que era comumente praticado na Igreja Apostólica, como era quase universalmente na pós-apostólica, em consagração ao ofício ministerial. Mas o silêncio do Novo Testamento neste ponto é contra a suposição de que o rito fosse considerado um canal essencial da graça ministerial, ou algo mais do que o símbolo externo e apropriado para um ato de oração intercessória (ver Mateus 19:13, Atos 6:6; Atos 13:3; Atos 28:8. [J. C. Lambert, 1909]

A imposição de mãos na igreja primitiva

Na Igreja primitiva, a imposição das mãos era praticada na recepção dos catecúmenos, no batismo, na confirmação e na ordenação. Cipriano deriva seu uso da prática apostólica (epístola 72, ad Stephan.; epístola 73, ad Jubaean)’; assim também Agostinho (De Bapt. 3, 16). Que a imposição das mãos ao receber os catecúmenos era diferente daquela usada no batismo, etc, é mostrado por Bingham (bk. 10:ch. 1). Seu uso no batismo era geral já na época de Tertuliano (Coleman; Ancient Christianity, 19:§ 4). Isso provavelmente deu origem à confirmação. Depois que esse rito foi introduzido, a imposição das mãos tornou-se sua principal cerimônia. Geralmente era realizado pelo bispo, mas os anciãos eram autorizados a fazê-lo em certos casos, em subordinação ao bispo. Na ordenação, a imposição das mãos era uma parte essencial da cerimônia desde o início, mas não na ordenação de qualquer classe abaixo dos diáconos. [Strong e McClintock, 1876-87]