João 16:10

E da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;

Comentário de Brooke Westcott

Sobre a justiça, porque vou … – A pessoa de Cristo, apresentada como objeto da fé humana, serve como um teste da verdadeira compreensão do pecado. Da mesma forma, a obra histórica de Cristo, concluída em Sua ascensão, serve como um teste da verdadeira compreensão da justiça. A vida, a morte e a ressurreição do Filho de Deus lançaram uma nova luz sobre a justiça. Por meio desses eventos, a majestade da lei, o poder da obediência e a realidade de uma comunhão divina mais forte que a morte foram revelados de uma vez por todas. Por um tempo, o Senhor demonstrou externamente o cumprimento perfeito da Lei e a total conformidade de uma vida humana ao ideal divino. Ele também mostrou que o pecado traz consigo consequências que devem ser suportadas e como essas consequências foram levadas de uma forma que as anulou potencialmente. Na vida de Cristo, encerrada por Seu retorno ao Pai, houve uma manifestação completa da justiça em relação a Deus e aos homens. O Filho recebeu uma obra a realizar e, tendo-a cumprido, retornou não apenas ao céu, mas ao Pai que O enviou, como sinal de sua realização plena. Essa revelação foi definitiva. Porque nada poderia ser acrescentado a ela (“vou para o Pai”) e porque, após isso, Cristo foi retirado da visão humana (“vocês não me verão mais”), ficou estabelecido para sempre o padrão pelo qual a justiça dos homens poderia ser avaliada. Por outro lado, até que Cristo fosse glorificado, a justiça ainda não havia sido plenamente confirmada. A condenação de Cristo pelos representantes de Israel mostrou, na forma mais extrema, como os homens falharam em compreender a verdadeira natureza da justiça. O Espírito, portanto, partindo da totalidade da vida de Cristo – Sua obra, sofrimento e glória –, revela os aspectos divinos da ação humana, conforme se manifestaram no Filho do Homem. Dessa forma, as possibilidades da vida em comunhão com Cristo, que elevou a humanidade ao céu, são expostas.

Justiça – Essa palavra aparece apenas nesta passagem no Evangelho de João. Em sua primeira carta, João usa a expressão “praticar a justiça” (1 João 2:29; 3:7, 3:10; compare com Apocalipse 22:11, 19:11). Aqui, a justiça é considerada em seu sentido mais amplo. Qualquer visão limitada da justiça – seja a justiça de Deus na rejeição dos judeus, a justiça do homem como crente ou até mesmo a justiça de Cristo fora de sua realização plena em relação a Deus e ao homem – não corresponde ao sentido do texto. O mundo é examinado e convencido de suas falsas concepções sobre justiça. Em Cristo estava o único modelo absoluto de justiça, e é dEle que o homem pecador deve obtê-la. Assim como o Espírito revela que o pecado é algo muito mais profundo do que a simples violação de mandamentos específicos, Ele também revela que a justiça é algo muito maior do que o cumprimento externo de normas cerimoniais ou morais. Compare com Mateus 5:20; 6:33; Romanos 3:21-22; 10:3.

Vou para o Pai (não ‘meu Pai’), e vocês não me verão mais – A primeira parte da frase expressa a conclusão de uma obra (João 8:14; 13:3); a segunda, uma mudança no modo de existência de Cristo. No original, o pronome “vocês” não é enfatizado, mas sim o verbo, indicando que a nova forma de existência de Cristo é absoluta e não apenas relativa ao mundo. Compare com João 16:16 e seguintes. [Westcott, aguardando revisão]

< João 16:9 João 16:11 >

Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.