Pois o próprio Pai vos ama, porque vós me amastes, e crestes que eu saí de Deus.
Comentário de Brooke Westcott
O próprio Pai, sem necessidade de intercessão da minha parte, ama vocês com um amor que vem de uma relação natural (φιλεῖ), pois os discípulos também são filhos (Romanos 8:15). Compare com João 5:20; Apocalipse 3:19. Essa certeza reforça ainda mais a promessa em João 14:21, 14:23 (ἀγαπᾷν).
Vocês me amaram (πεφιλήκατε): Essa palavra, nos Evangelhos, é usada exclusivamente para descrever o afeto dos discípulos por seu Senhor (veja também João 21:15 e seguintes). A proximidade dos pronomes (ὑμεῖς ἐμὲ πεφ.) destaca a relação pessoal. Compare com Mateus 10:37. O amor dos discípulos deve ser visto tanto como um sinal quanto como uma resposta ao amor do Pai (João 14:21, 14:23). O amor de Deus possibilitou o amor deles e, por sua vez, respondeu a esse amor (1 João 4:10; “donum Dei est diligere Deum”, Agostinho, ad loc.). O amor dos discípulos é visto tanto em sua origem quanto em sua continuidade (vocês têm amado, πεφιλήκατε), enquanto o amor do Pai é expresso em sua ação presente (ama, φιλεῖ).
Vim de Deus: Na leitura correta, vim do Pai. A preposição usada aqui (παρά) indica a saída de uma posição, como se fosse ao lado do Pai (compare com João 15:26), enquanto a preposição usada no versículo seguinte (ἐκ) aponta para a origem a partir do Pai, como a fonte da divindade. Os dois requisitos essenciais do verdadeiro discipulado são apresentados: (1) Devoção pessoal. (2) Crença na missão pessoal (ἐγώ) de Cristo vinda do céu (João 17:8). O reconhecimento do Filho depende da compreensão correta de sua relação com o Pai. A leitura comum (de Deus) obscurece esse conceito. [Westcott, aguardando revisão]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.