Que seria pois, se vísseis ao Filho do homem subir aonde estava primeiro?
Comentário de Brooke Westcott
Que seria pois, se vísseis… Esta questão incompleta, que parece deixar em aberto, em certa medida, as alternativas de maior ofensa ou possível vitória, foi interpretada de duas maneiras muito diferentes. Em uma interpretação, adiciona-se uma resposta negativa: “Então, vocês não se ofenderão mais”; e na outra, uma resposta positiva: “Então, certamente, vocês se ofenderão ainda mais”. De acordo com a primeira interpretação, a “ascensão” é a Ascensão como a espiritualização final da Pessoa do Senhor, pela qual a ofensa da linguagem sobre sua carne seria removida pelo entendimento da verdade sobre sua humanidade espiritual. Na segunda interpretação, a “ascensão” é referida à “elevação” na cruz, e a ofensa causada pela referência à morte de Cristo é vista como aumentada pela morte em si, em suas circunstâncias reais. Ambas as interpretações parecem conter elementos do significado completo. O contexto todo mostra claramente que os discípulos seriam submetidos a uma prova mais severa. O sentido da frase, portanto, deve ser: “Se então virdes o Filho do Homem subindo… vocês, de acordo com seu estado atual, se ofenderão ainda mais gravemente; pois para essa prova, ainda precisareis ser disciplinados.” Por outro lado, a Crucificação sozinha não poderia ser descrita como uma “ascensão para onde Cristo estava antes”; ainda assim, foi a primeira parte da Ascensão, o sacrifício absoluto de si mesmo que resultou no triunfo absoluto sobre as limitações da existência terrena. A Paixão, a Ressurreição e a Ascensão foram etapas no progresso da “ascensão” através do sofrimento, que é a grande ofensa do Evangelho. A dificuldade de aceitar esse fato completo é (embora maior) do mesmo tipo que a dificuldade de aceitar a vida apenas através da humanidade comunicada do Filho encarnado.
ao Filho do Homem subir (ascendendo) aonde estava primeiro. Compare com João 8:58, 17:5, 17:24; Colossenses 1:17. Nenhuma frase poderia mostrar mais claramente a personalidade imutável de Cristo. Como “Filho do Homem”, Ele fala de Sua existência no céu antes da Encarnação. “Filius Dei et filius hominis unus Christus … Filius Dei in terra suscepta carne, filius hominis in cælo in unitate personæ” (Agostinho, comentando o texto). [Westcott, 1882]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.