João 7:18

Quem fala de si mesmo busca sua própria honra; mas quem busca a honra daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.

Comentário de F. L. Godet

O mensageiro que busca apenas a glória do mestre que o envia, e não trai nenhum interesse pessoal em suas comunicações, dá, neste mesmo fato, prova da fidelidade com que entrega sua mensagem; tão certamente como ele não diz nada em vista de si mesmo, certamente também ele não diz nada como auto-movido. A aplicação a Jesus que deve ser feita desta verdade evidente e geral é deixada para a mente dos ouvintes. O ensino de Jesus apresenta uma característica que é particularmente adequada para atingir o homem que anseia pela santidade: é que tende a glorificar a Deus, e somente a Deus. Do alvo pode-se inferir a origem; visto que tudo no Evangelho é para Deus, tudo nele deve também proceder de Deus. Aqui está uma das experiências por meio das quais se forma o silogismo moral, através do qual a alma desejosa do bem discerne Deus como o autor do ensinamento de Cristo. Há, ao mesmo tempo, neste dito, uma resposta à acusação daqueles que diziam: Ele desencaminha o povo. Aquele que maltrata os outros, certamente age assim por si mesmo, não em vista de Deus. Para entender completamente esse raciocínio, basta aplicá-lo à Bíblia em geral: Aquele que é glorificado neste livro, da primeira à última página, com exclusão de todo homem, é Deus; o homem é constantemente julgado e humilhado nele. Este livro, portanto, é de Deus. Este argumento é o que mais afeta diretamente a consciência.

As últimas palavras de João 7:18: E não há injustiça nele, contêm a transição do ensino de Jesus (Sua λαλεῖν, João 7:17-18) para Sua conduta (Sua ποιεῖν João 7:19-23), mas não de uma maneira geral e banal. Se Jesus vem falar aqui de sua conduta moral, é porque se pensava que se descobrisse nela um certo assunto de reprovação que era alegado contra a divindade de seu ensino e de sua missão, e com referência ao qual ele tinha em mente, por este argumento, para justificar a Si mesmo.

Sem os seguintes versículos, poderíamos pensar que estas últimas palavras: E não há injustiça nele, aplicam-se apenas à acusação declarada em João 7:12: Ele é um impostor. Mas o argumento contido em João 7:19-23 mostra claramente, apesar das negações de Meyer, Weiss e Keil, que Jesus já está pensando especialmente na acusação que ainda pairava sobre Ele como violação do sábado, desde Sua visita anterior a Jerusalém (capítulo 5). Esta foi a ofensa pela qual o julgamento sumário: Ele engana o povo, foi justificado na presença da multidão. O termo ἀδικία, injustiça, portanto, não significa aqui, como alguns pensam: falsidade: mas, como ordinariamente: injustiça, desordem moral. Jesus passa para a acusação da qual Ele era o objeto no capítulo 5, porque Ele está ansioso para tirar com referência a este ponto todo pretexto para incredulidade. [Godet, aguardando revisão]

< João 7:17 João 7:19 >

Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.