José era o mais velho dos dois filhos de Jacó com Raquel (Gênesis 30:23-24), que, no seu nascimento, disse: “Deus tirou (Hebr. ‘asafe) minha reprovação”. “O Senhor me acrescentará (Heb. yoseph) outro filho” (Gênesis 30:24). Ele era uma criança de provavelmente seis anos de idade, quando seu pai voltou de Harã para Canaã e estabeleceu sua residência na antiga cidade patriarcal de Hebrom. “Israel amava José mais do que todos os seus filhos, porque ele era filho de sua velhice”, e “por isso mandou fazer para ele uma túnica longa” (Gênesis 37:3), ou seja, uma vestimenta tal como era usada pelos filhos de nobres. Esta parece ser a interpretação correta das palavras.
Quando ele tinha cerca de dezessete anos, José sentiu o ódio e a inveja de seus irmãos (Gênesis 37:4). Eles “o odiavam e não podiam falar pacificamente com ele”. Sua ira aumentou quando ele lhes contou seus sonhos (Gênesis 37:11).
Jacó, desejando ouvir notícias dos filhos, que haviam ido a Siquém com os seus rebanhos, a uns 100km de Hebrom, enviou José como seu mensageiro para saber sobre eles. José descobriu que tinham deixado Siquém para Dotã. Assim que o viram chegando, eles começaram a conspirar contra ele, e o teriam matado se Rúben não tivesse interferido. Por fim, venderam-no a uma companhia de mercadores ismaelitas por vinte peças (siclos) de prata, dez peças a menos que o valor corrente de um escravo, pois o que eles queriam mesmo era se livrar de José. Estes comerciantes desciam com uma variedade de mercadorias para o mercado egípcio, e lá o levavam, e finalmente o venderam como escravo a Potifar, um “oficial do Faraó e capitão da guarda” (Gênesis 37:36) “O Senhor abençoou a casa do egípcio por causa de José”, e Potifar nomeou-o superintendente da sua casa. Depois de uma falsa acusação feita contra ele pela esposa de Potifar, ele foi imediatamente lançado na prisão do estado (Gênesis 39; 40), onde permaneceu por pelo menos dois anos. Depois de um tempo, o “chefe dos copeiros” e o “chefe dos padeiros” da casa de Faraó foram lançados na mesma prisão (Gênesis 40:2). Cada um desses novos prisioneiros sonhou um sonho na mesma noite, que José interpretou, e o evento aconteceu como ele havia dito.
Isso fez com que José fosse lembrado posteriormente pelo mordomo chefe, quando o faraó também sonhou. Por sugestão sua, José foi trazido da prisão para interpretar os sonhos do rei. Faraó ficou muito satisfeito com a sabedoria de José ao interpretar os seus sonhos, e com o seu conselho em relação aos acontecimentos então preditos; e colocou-o sobre toda a terra do Egito (Gênesis 41:46), e lhe deu o nome de Zafenate-Paneia. Ele se casou com Asenate, a filha do sacerdote de On, e assim passou a fazer parte da classe sacerdotal. José tinha agora cerca de trinta anos de idade.
Como José havia interpretado, vieram sete anos de abundância, durante os quais ele armazenou uma grande abundância de grãos nos celeiros edificados para esse fim. Estes anos foram seguidos por sete anos de fome “sobre toda a face da terra”, quando “todos os países vieram ao Egito para comprarem de José” (Gênesis 41:56-57; 47:13-14). Assim “José recolheu toda a prata que circulava no Egito e em Canaã, dada como pagamento do trigo que o povo comprava”. Depois todo o gado e toda a terra, e por fim os próprios egípcios, tornaram-se propriedade de Faraó.
Durante este período de fome, os irmãos de José também desceram ao Egito para comprar cereais. A história do seu trato com eles, e do modo como ele se deu a conhecer a eles, é uma das narrativas mais fascinantes que se pode ler (Gênesis 42-45). José ordenou a seus irmãos que voltassem e trouxessem Jacó e sua família para a terra do Egito, dizendo: “Eu lhes darei o melhor da terra do Egito e vocês poderão desfrutar a fartura desta terra…Não se preocupem com os seus bens, pois o melhor de todo o Egito será de vocês”. Assim desceram ao Egito Jacó e sua família, ao número de setenta almas, juntamente com “tudo o que tinham”. Estabeleceram-se na terra de Gósen, onde José encontrou seu pai, e “lançaram-se-lhe ao pescoço, e choraram sobre o seu pescoço por um bom tempo” (Gênesis 46:29).
As escavações do Dr. Naville mostraram que a terra de Goshen é a Wadi Tumilat, entre Ismaília e Zagazigue. Em Gósen tinham pasto para os seus rebanhos, estavam perto da fronteira asiática do Egito, e estavam fora do caminho do povo egípcio. Uma inscrição fala dela como uma região entregue aos pastores errantes da Ásia.
Por fim, Jacó morreu e, cumprindo a promessa que exigira, José subiu a Canaã para enterrar seu pai “no campo de Efrom, o heteus” (Gênesis 47:29-31; 50:1-14). Este foi o último ato registrado de José, que voltou novamente ao Egito.
Com sua mulher Asenate, José teve dois filhos, Manassés e Efraim (Gênesis 41:50). Tendo José obtido a promessa de seus irmãos que, quando viesse o tempo em que Deus os trouxesse “para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó”, levariam os seus ossos do Egito, morreu com a idade de cento e dez anos; e “embalsamaram-no, e ele foi posto num caixão” (Gênesis 50:26). Esta promessa foi fielmente cumprida. Seus descendentes, muito tempo depois, quando o Êxodo chegou, carregaram o corpo com eles durante seus quarenta anos de peregrinação, e o enterraram em Siquém, na parte de terra que Jacó comprou dos filhos de Hamor (Josué 24:32; comp. Gênesis 33:19). Com a morte de José a era patriarcal da história de Israel chegou ao fim.
O Faraó da ascensão de José foi provavelmente Apepi, ou Apopis, o último dos reis hicsos. Alguns, porém, pensam que José veio ao Egito no reinado de Tótmo III, muito depois da expulsão dos hicsos.
Em algumas partes da Escritura, o nome José denota as duas tribos de Efraim e Manassés em Deuteronômio 33:13-17; o reino de Israel em Ezequiel 37:16,19, Amós 5:6; e todo o povo da aliança de Israel no Salmo 81:4.
Adaptado de: Illustrated Bible Dictionary.