O nome hebraico shushan ou shoshan, que significa “brancura”, era usado como o nome geral de várias plantas comuns na Síria, como a tulipa, íris, anêmona, gladíolo, ranúnculo, etc. Alguns interpretam, com muita probabilidade, que no Antigo Testamento esse termo se refere ao lírio-d’água (Nymphoea lotus de Linn.), ou lótus (Cânticos 2:1, 2; 2:16; 4:5; 5:13; 6:2, 3; 7:2). “Suas flores são grandes e de cor branca, com listras rosadas. Elas serviram como modelos para os ornamentos das colunas e do mar de bronze” (1Reis 7:19, 22, 26; 2Crônicas 4:5). Groser, entretanto, argumenta fortemente (História Natural das Escrituras) que a palavra, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, se refere a plantas liliáceas em geral, ou, se um gênero deve ser selecionado, que deve ser o gênero Iris, que é “grande, vigoroso, elegante em forma e exuberante em coloração.”
Os lírios (krinia) mencionados no Novo Testamento (Mateus 6:28; Lucas 12:27) provavelmente eram o martagão escarlate (Lilium chalcedonicum) ou “lírio-turco-vermelho”, que “floresce na estação do ano em que se supõe que o Sermão da Montanha foi proferido. É abundante na região da Galileia; e suas flores escarlates chamativas naturalmente atrairiam a atenção dos ouvintes” (Balfour’s Plants of the Bible).
Entre as verdadeiras “glórias florais da Palestina”, o olho-de-faisão (Adonis Palestina), o ranúnculo (R. Asiaticus) e a anêmona (A. coronaria), esta última é, com a maior probabilidade, considerada como o “lírio do campo” ao qual nosso Senhor se refere. “Certamente,” diz Tristram (História Natural da Bíblia), “se, na riqueza maravilhosa de flores que caracteriza a terra de Israel na primavera, alguma planta pode reivindicar preeminência, é a anêmona, a flor mais natural para nosso Senhor colher e usar como ilustração, seja caminhando pelos campos ou sentado na encosta da colina.” “O lírio-d’água branco (Nymphoea alba) e o lírio-d’água amarelo (Nuphar lutea) são ambos abundantes nos pântanos do Alto Jordão, mas não têm conexão com o lírio das Escrituras.” [Easton, 1897]