As profecias do livro de Ezequiel são caracterizadas por representações simbólicas e alegóricas, “desdobrando uma rica série de visões majestosas e de símbolos colossais”. Há também um grande número de “ações simbólicas que incorporam concepções vívidas da parte do profeta” (Ezequiel 4:1-4; 5:1-4; 12:3-6; 24:3-5; 37:16, etc. “O modo de representação, no qual símbolos e alegorias ocupam um lugar de destaque, dá um caráter sombrio e misterioso às profecias de Ezequiel. Elas são obscuras e enigmáticas. Um mistério nebuloso as domina, que é quase impossível de penetrar. Jerônimo chama o livro de “um labirinto dos mistérios de Deus”. Foi por causa desta obscuridade que os judeus proibiram qualquer um de lê-lo até atingir a idade de trinta anos”.
Ezequiel é único na frequência com que ele se refere ao Pentateuco (e.g., Ezequiel 27; 28:13; 31:8; 36:11,34; 47:13, etc.). Ele mostra também um conhecimento com os escritos de Oséias (Ezequiel 37:22), Isaías (Ezequiel 8:12; 29:6), e especialmente com os de Jeremias, seu contemporâneo mais antigo (Jeremias 24:7,9; 48:37).
Estrutura do livro de Ezequiel
O livro de Ezequiel consiste principalmente de três grupos de profecias. Depois de um relato de seu chamado para o ofício profético (Ezequiel 1 à 3:21), Ezequiel (1) pronuncia palavras de denúncia contra os judeus (Ezequiel 3:22-24), os advertindo da destruição certa de Jerusalém, em oposição às palavras dos falsos profetas (Ezequiel 4:1-3). Os atos simbólicos, pelos quais os extremos aos quais Jerusalém seria reduzida são descritos no cap. 4,5, mostram seu íntimo conhecimento da legislação levítica. (Veja Êxodo 22:30; Deuteronômio 14:21; Levítico 5:2; 7:18,24; 17:15; 19:7; 22:8, etc.).
(2) Profecias contra várias nações vizinhas: contra os amonitas (Ezequiel 25:1-7), os moabitas (Ezequiel 8-11), os edomitas (Ezequiel 12-14), os filisteus (Ezequiel 15-17), Tiro e Sidom (Ezequiel 26-28) e contra o Egito (29-32).
(3) Profecias entregues após a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor: os triunfos de Israel e do reino de Deus na terra (Ezequiel 33-39); tempos messiânicos, e o estabelecimento e prosperidade do reino de Deus (Ezequiel 40; 48).
As visões finais deste livro são mencionadas no livro do Apocalipse (Ezequiel 38 = Apocalipse 20:8; Ezequiel 47:1-8 = Apocalipse 22:1-2). Outras referências a este livro também são encontradas no Novo Testamento. (Comp. Romanos 2:24 com Ezequiel 36:2; Romanos 10:5, Gálatas 3:12 com Ezequiel 20:11; 2Pedro 3:4 com Ezequiel 12:22)
Pode-se notar que Daniel, catorze anos depois de sua deportação de Jerusalém, é mencionado por Ezequiel (Ezequiel 14:14) juntamente com Noé e Jó como distinguido por sua justiça, e cerca de cinco anos depois ele é mencionado como proeminente por sua sabedoria (Ezequiel 28:3). [Easton, 1896]