Introdução ao livro de Josué
O livro de Josué contém a história dos israelitas desde a morte de Moisés até a de Josué. O livro consiste em três partes: (1) A história da conquista da terra (Josué 1 à 12). (2) A distribuição da terra para as diferentes tribos, com a nomeação de cidades de refúgio, a provisão para os levitas (Josué 13 à 22) e a despedida das tribos orientais para suas casas. (3) Os discursos de despedida de Josué, com um relato de sua morte (Josué 23 e 24).
Este livro está em primeiro lugar na segunda das três seções, (1) a Lei, (2) os Profetas, (3) os “outros escritos” = Hagiographa, em que a Igreja Judaica dividiu o Antigo Testamento.
Autor do livro de Josué
Há todas as razões para concluir que a tradição unânime dos judeus está correta quando atribui a autoria do livro a Josué, com exceção a parte final (Josué 24:29-33), que foi adicionada por outra pessoa.
Dificuldades relacionadas ao livro de Josué
Existem duas dificuldades relacionadas com este livro que deram origem a muita discussão, (1) O milagre em que o sol e a lua pararam em Gibeão. O registro disso ocorre na fervorosa oração de fé de Josué, como citado (Josué 10:12-15) do “Livro de Jaser”. Existem muitas explicações dadas sobre essas palavras. Elas não devem, porém, apresentar nenhuma dificuldade se acreditarmos na possibilidade da intervenção milagrosa de Deus em favor do seu povo. Se foi causada pela refração da luz, ou de outra maneira, nós não sabemos.
(2) Outra dificuldade surge do mandamento dado por Deus de exterminar totalmente os cananeus. “Não deve o Juiz de toda a terra fazer o que é certo?” Basta que Josué soubesse claramente que esta era a vontade de Deus, que emprega seus terríveis instrumentos, fome, pestes e guerra, no justo governo deste mundo. Os cananeus haviam afundado em um estado de imoralidade e corrupção tão repugnante e degradante que tiveram que ser extirpados da terra através da espada. “A espada dos israelitas, em suas execuções mais sangrentas, fez um trabalho de misericórdia para todas as nações da terra até o fim do mundo”.
O livro de Josué e a arqueologia
Este livro é muito semelhante aos Atos dos Apóstolos no número e variedade de incidentes históricos que registra e em suas muitas referências a pessoas e lugares; e, como no último caso, as epístolas de Paulo confirmam sua exatidão histórica por meio de suas alusões incidentais e “coincidências não planejadas”, de modo que as descobertas modernas confirmam sua historicidade.
Os tabuletas de Amarna estão entre as descobertas mais notáveis da época. Datadas de cerca de 1480 a.C. até o tempo de Josué, e consistindo de comunicações oficiais dos chefes amorreus, fenícios e filisteus ao rei do Egito, elas dão uma ideia da atual condição da Palestina antes da invasão hebraica, e ilustram e confirmam a história da conquista. Uma carta, também ainda existente, de um oficial militar, “mestre dos capitães do Egito”, datada de perto do final do reinado de Ramessés II, dá um curioso relato de uma viagem, provavelmente oficial, que ele empreendeu pela Palestina até o norte de Alepo, e uma visão da condição social do país naquela época.
Entre as coisas trazidas à luz por essa carta e pelas tabuletas de Amarna está o estado de confusão e decadência que havia caído sobre o Egito. As guarnições egípcias que mantiveram a posse da Palestina desde a época de Tutemés III, cerca de duzentos anos antes tinham sido retiradas. O caminho foi assim aberto para os hebreus. Na história da conquista não há menção de Josué ter encontrado qualquer força egípcia. As tabuletas contêm muitos apelos ao rei do Egito por ajuda contra as invasões dos hebreus, mas nenhuma ajuda foi enviada. Não é isso apenas um estado de coisas que poderia ter acontecido em consequência do desastre do Êxodo?
Em muitos pontos, como mostrado em vários artigos, o progresso da conquista é notavelmente ilustrado pelas tabuletas. O valor das descobertas modernas em sua relação com a história do Antigo Testamento tem sido assim bem descrito:
“A dificuldade de estabelecer a acusação de falta de credibilidade histórica, em contraste com o testemunho do Antigo Testamento, aumentou muito nos últimos anos. O resultado das recentes escavações e explorações é totalmente contrário. Enquanto estes livros (da Bíblia) continham, em sua maioria, os únicos relatos conhecidos dos eventos que mencionam, havia alguma plausibilidade na teoria de que talvez estes relatos fossem escritos mais para ensinar lições morais do que para preservar um conhecimento exato dos eventos. Era fácil dizer que naqueles tempos os homens não tinham o sentido histórico. Mas as recentes descobertas tocam os eventos gravados na Bíblia em muitos pontos diferentes em muitas gerações diferentes, mencionando as mesmas pessoas, países, povos, eventos que são mencionados na Bíblia, e mostrando sem dúvida que estes foram estritamente históricos. O ponto não é que as descobertas confirmem a exatidão das afirmações bíblicas, embora isso seja comumente o caso, mas que as descobertas mostram que os povos daquelas épocas tinham o sentido histórico e, especificamente, que as narrativas bíblicas que tocam são narrativas de ocorrências reais”.
Adaptado de: Illustrated Bible Dictionary (Joshua, The Book of).