A palavra louvor vem do latim laudare, que significa “elogiar” (fonte). Louvar é reconhecer o valor de alguém ou algo. Embora o louvor possa ser usado de forma errada ou por motivos errados, o verdadeiro louvor é sincero e baseado na percepção real do valor de quem está sendo louvado.
Esse tipo de louvor pode ser visto na cena descrita no Apocalipse, onde Deus e o Cordeiro são adorados porque são considerados dignos de adoração (Apocalipse 4:11; 5:12).
Termos bíblicos para Louvor
- tehillah, “salmo”, “louvor”
- todah, “confissão”, “ação de graças”
- shabhach, “louvar”, “glorificar”
- zamar, yadhah, “estender a mão”, “confessar”
- aineo, epaineo, (epainos).
Louvor a uma pessoa
Uma pessoa pode receber louvor, tanto de Deus quanto de outras pessoas. Quando o louvor vem de Deus (como em Romanos 2:29 e 1Coríntios 4:5), ele é sempre justo, pois se baseia no julgamento perfeito de Deus. Mas quando vem de outras pessoas, o valor desse elogio depende das intenções por trás dele.
Existe um tipo de elogio que, na verdade, é uma sentença (Lucas 6:26), uma honra que acaba cegando a pessoa para a fé (João 5:44), e um uso descuidado da palavra “bom” que desrespeita Deus (Lucas 18:19). Esse é o tipo de “louvor dos homens” que Jesus alertou para evitarmos, pois ele é incompatível com o “louvor de Deus” (Mateus 6:1-4; veja também João 12:43; Gálatas 1:10; 1Tessalonicenses 2:6).
Por outro lado, há um tipo de louvor que é uma reação natural da alma à justiça (Lucas 23:47), o reconhecimento do bem feito por um governo justo (Romanos 13:3; 1Pedro 2:14), ou o reconhecimento da igreja ao serviço cristão de destaque (2Coríntios 8:18). Esse tipo de louvor, longe de se opor ao louvor de Deus, reflete esse louvor na consciência humana. Por isso, Paulo associa o louvor à virtude, como algo que ajuda e incentiva uma vida santa, e que deve ocupar nossos pensamentos (Filipenses 4:8).
Louvor a Deus
Na Bíblia, é Deus quem aparece especialmente como o principal alvo de louvor. Toda a criação O louva — desde os anjos no céu (Salmo 103:20; Apocalipse 5:11) até seres inferiores que são inconscientes ou até inanimados (Salmo 19:1-4; Salmo 148:1-10; Apocalipse 5:13). Mas o foco principal das Escrituras é o louvor oferecido a Deus pelos seres humanos, e o dever humano de louvar a Deus. Sobre esse tema, alguns pontos importantes se destacam:
As razões para Louvor
Às vezes, Deus é louvado por quem Ele é em Sua essência. Sua majestade (Salmo 104:1) ou santidade (Isaías 6:3) enche a mente, e Ele é “glorificado como Deus” (Romanos 1:21) por causa do que Ele é por natureza.
Mais frequentemente, Deus é louvado por Suas obras — na criação, na providência e na redenção. Nem é preciso citar muitos exemplos, pois isso aparece em praticamente todas as páginas da Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse. O Livro dos Salmos, em especial, do começo ao fim, está cheio desses temas.
Quando essas ações de Deus são vistas não apenas como resultado do Seu poder e sabedoria, mas como expressões do Seu amor pessoal — seja por um indivíduo, pela nação ou pela igreja — essas obras se tornam benefícios, e o louvor se transforma em bênção e ações de graças (como em Salmos 34 e 103; Efésios 1:3; 1Pedro 1:3).
Os modos de Louvor
O verdadeiro louvor a Deus, diferente do falso louvor (Isaías 29:13; Mateus 15:8), começa como uma emoção interior — uma alegria e regozijo no coração (Salmo 4:7; Salmo 33:21), uma música da alma e do espírito (Salmo 103:1; Lucas 1:46), algo tão profundo que nem as palavras conseguem expressar completamente (Salmo 106:2; 2Coríntios 9:15).
Mas, quando sentimos algo forte, é natural querermos expressar isso. A boca, então, busca colocar em palavras o louvor que vem do coração (Salmo 51:15 e muitos outros). Vários dos trechos mais tocantes das Escrituras nasceram desse espírito de louvor despertado ao contemplar a majestade, o poder, a sabedoria ou a bondade de Deus — especialmente o amor revelado na redenção.
Além disso, o espírito de louvor é um espírito que busca o coletivo — deseja ser compartilhado. Quem louva a Deus quer fazer isso diante dos outros (Salmo 40:10) e quer que os outros se unam ao seu louvor (Salmo 34:3).
O louvor também é, por natureza, uma forma de cântico. Pode ser expresso de outras formas — por meio de sacrifícios (Levítico 7:13), testemunhos (Salmo 66:16) ou orações (Colossenses 1:3) — mas sua forma mais natural e completa é por meio do canto e da música. Quando Deus enche o coração com louvor, Ele coloca um novo cântico nos lábios (Salmo 40:3). O Livro dos Salmos é a grande prova disso no Antigo Testamento. No Novo Testamento, vemos o mesmo: tanto anjos quanto seres humanos, tanto a igreja na terra quanto no céu, expressam os momentos mais elevados de louvor com cânticos (Lucas 2:14; Efésios 5:19; Colossenses 3:16; Apocalipse 5:9; 14:3; 15:3).
Com o tempo, esse espírito musical deu origem a formas organizadas de louvor público. No início, os louvores de Israel eram expressões espontâneas de alegria, com cânticos, gritos e danças acompanhadas de instrumentos simples, como tamborins e trombetas (Êxodo 15:20; 2 Samuel 6:5, 14). Mais tarde, Israel desenvolveu seu próprio saltério (livro de salmos), grupos de cantores treinados (Esdras 2:41; Neemias 7:44) e músicos habilidosos (Salmos 42; 49 etc.). O louvor em Sião se tornou algo solene e belo, marcado pela santidade (Salmo 29:2; 96:9).

No Novo Testamento, os Salmos ainda eram usados no louvor coletivo. O “hino” que Jesus cantou com os discípulos após a Última Ceia (Mateus 26:30) provavelmente fazia parte do Hallel (Salmos 113–118), usado na celebração da Páscoa. E várias cartas do Novo Testamento mostram que os cristãos continuaram usando os salmos no culto (1Coríntios 14:26; Efésios 5:19; Colossenses 3:16; Tiago 5:13).
No entanto, o saltério judaico não era suficiente para expressar os sentimentos únicos da fé cristã. As expressões originais do espírito do cântico cristão foram, em parte, uma manifestação do dom de línguas (1Coríntios 14:15-17). Paulo faz distinção entre salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5:19; Colossenses 3:16). E foram hinos que ele e Silas cantaram à meia-noite na prisão em Filipos (Atos 16:25).
Com o tempo, esses hinos e cânticos, que originalmente eram expressões espontâneas e pessoais, evoluíram naturalmente — como já acontecia no Antigo Testamento — para hinos cantados em uníssono por toda a congregação. Em trechos com ritmo poético, como 1Timóteo 3:16 e Apocalipse 15:3 em diante, encontramos o que parecem ser fragmentos da hinologia cristã primitiva.
Essa prática também foi registrada fora da Bíblia: Plínio, um governador romano no início do século II, escreveu ao imperador Trajano informando que os cristãos da Bitínia se reuniam de manhã para cantar hinos alternados a Cristo como Deus (Carta X.97).
O dever de Louvar
Na Bíblia, o louvor é apresentado não só como algo natural e prazeroso, mas também como um dever. Deixar de louvar a Deus é negar a Ele a glória que Lhe pertence (Salmo 50:23; Romanos 1:20). É fechar os olhos para os sinais da Sua presença (Isaías 40:26), esquecer das Suas misericórdias (Deuteronômio 6:12) e ser ingrato diante da Sua bondade (Lucas 6:35).
Se não queremos cair nestes pecados, mas dar a Deus a honra, glória e gratidão que Ele merece, precisamos cultivar com empenho o espírito e o hábito de louvar. Os homens santos do passado nos ensinam que isso pode ser feito de várias formas:
- Despertando a alma da preguiça e inércia (Salmo 57:8; 103:1)
- Fixando o coração em Deus (Salmo 57:7; 108:1)
- Meditando nas obras e caminhos de Deus (Salmo 77:11)
- Relembrando e reconhecendo os benefícios que Ele nos dá (Salmo 103:2)
- E, acima de tudo, para aqueles a quem Deus falou por meio do Seu Filho, refletindo sobre o Seu dom indescritível (2Coríntios 9:15; ver também Romanos 8:31; 1 João 3:1).
Adaptado de J. C. Lambert, Orr, 1915