A oferta da viúva pobre
na arca do tesouro do templo. Um lugar no pátio do templo onde treze arcas foram colocadas para receber as ofertas do povo para manutenção dele (2Reis 12:9; Jo 8:20). Por causa do seu formato, essas arcas eram chamadas de trombetas, visto que eram largas de um lado e estreitas do outro. [JFU, 1866]
duas pequenas moedas (ou então, “duas moedas de cobre”, NVI) – eram as moedas judaicas de menor valor que haviam. Nos nossos dias valeriam o suficiente para comprar dois pães franceses.
E disse – “a seus discípulos”, a quem Ele “chamou a si” (Marcos 12:43), para ensinar a partir dele uma grande lição futura.
lançou (como oferta) mais do que todos – em proporção aos seus recursos, que é o padrão de julgamento de Deus (2Coríntios 8:12). [JFU, 1866]
estes deram do que lhes sobrava. A essência da oferta é a abnegação.
O sermão profético: o princípio das dores
adornado com…ofertas. As ofertas não eram restritas a dinheiro, mas poderiam ser qualquer coisa dedicada a Deus. Antigos guerreiros dedicavam a seus deuses o saque da guerra – os escudos, capacetes, armaduras e roupas dos mortos em batalha. Estes eram pendurados nos templos. Parece que algo desse tipo ocorreu no templo de Jerusalém, e que o povo, para expressar sua gratidão a Deus, havia fixado na sua parte externa presentes e ofertas dedicas ao templo. Josefo menciona particularmente uma “videira” dourada com a qual Herodes, o Grande havia adornado as colunas do templo. [Barnes, 1870]
Cerca de quarenta anos depois, em 70 d.C, as palavras do Senhor se cumpriram, apesar do forte desejo de Tito de poupar o templo. Josefo, escrevendo sobre a completa destruição da cidade e do templo, diz que, com exceção das três grandes torres de Herodes e parte do muro ocidental, toda a cidade foi de tal forma arrasada que ninguém que a visitasse acreditaria que alguma vez tivesse sido habitada. [Pulpit, 1895]
perguntaram-lhe – Pedro, Tiago, João e André (Marcos 13:3).
quando, pois, serão essas coisas? E que sinal haverá. A primeira pegunta ele deixa sem resposta (ver em Lucas 17:20), e só aborda a segunda. Este foi o Seu método gentil de desencorajar perguntas irrelevantes ou inadmissíveis (compare com Lucas 13:23-24). [Cambridge, 1891]
dizendo…o tempo já está perto (ou então, “Chegou a hora!”, NVT) – ou seja, afirmando que o Reino já chegou em toda a sua glória.
Os historiadores do primeiro século, Josefo e Tácito, descrevem o período que se seguiu imediatamente à Crucificação como cheio de guerras, crimes, violências, terremotos. “Era um tempo”, diz Tácito, “rico em desastres, horrível com batalhas, dilacerado por revoltas, selvagem até na própria paz”. [Pulpit, 1895]
Mateus e Marcos (Mateus 24:8; Marcos 13:8) acrescentam: “Todas estas coisas são o princípio das dores”, ou como as dores de parto (Jeremias 4:31, etc.). [JFU, 1866]
haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu – estas palavras tiveram seu cumprimento primário nos fenômenos assombrosos que foram vistos antes da destruição de Jerusalém, e que são particularmente descritos por Josefo no sexto livro de sua história das guerras judaicas. Uma cumprimento mais terrível é esperado quando o “fim do mundo” se aproximar. [Edwads, 1851]
Em outras palavras, “Essa, contudo, será sua oportunidade de lhes falar sobre mim” (NVT).
que vós decidais nos vossos corações – ou então, “convençam-se de uma vez” (NVI), que devem sempre depender de Deus para ajudá-los em todas provações. Veja Marcos 13:11. [Barnes, 1870]
eu vos darei boca e sabedoria – ou então, ” as palavras certas e tanta sabedoria” (NVT).
sereis traídos. Como consequência das desuniões profetizadas em Lucas 12:53; Mateus 10:21.
Todos os registros do cristianismo primitivo testemunham conjuntamente o ódio universal com o qual a nova seita era vista por pagãos e também por judeus. As palavras dos judeus romanos relatadas em Atos 28:22 bem resumem isso: “quanto a esta seita, conhecemos que em todo lugar há quem fale contra ela” (ver também Atos 24:5 e 1Pedro 2:12). Os escritores romanos Tácito, Plínio e Suetónio, dão o mesmo testemunho. [Pulpit, 1895]
Esta fala, por razões óbvias (basta ler os versículos anteriores), não deve ser entendida literalmente. O comentário de Bengel a parafraseia com precisão: “Nenhum fio de sua cabeça perecerá sem a providência especial de Deus, nem sem recompensa, nem antes do tempo devido”. As palavras também tiveram um cumprimento geral; pois a comunidade cristã da Palestina, advertida por esse mesmo discurso do Senhor, fugiu a tempo da cidade condenada e escapou do extermínio que atingiu o povo judeu na grande guerra que terminou na queda de Jerusalém (70 d.C.). [Pulpit, 1895]
A necessidade de paciência e perseverança até o fim é frequentemente enfatizada no Novo Testamento: Romanos 5:3; 2Tessalonicenses 3:4; Hebreus 10:36; Tiago 1:4, etc. A resistência, não a violência, é a proteção do cristão, e salvará a alma, e a verdadeira vida , mesmo que perca tudo o mais. [Cambridge, 1891]
O sermão profético continua: a grande tribulação
a sua desolação (“destruição”, NVT). Quarenta anos depois destas palavras serem ditas, no ano 70 d.C, Jerusalém é totalmente destruída pelo general romano Tito.
para que todas as coisas que estão escritas se cumpram. Quase todos os profetas ameaçaram julgamento divino contra aquela cidade ímpia. Eles falaram de seus crimes e ameaçaram sua ruína. Uma vez Deus destruiu Jerusalém e levou o povo para Babilônia; mas seus crimes haviam se repetido quando eles retornaram, e Deus novamente ameaçou sua ruína. Esta destruição foi particularmente predita por Daniel, Daniel 9:26; “E depois das sessenta e duas semanas o Messias será exterminado, e nada terá para si; e o povo do príncipe que virá destruirá à cidade e o santuário; o fim dela será com inundação, e até o fim da guerra estão determinadas assolações”. [Barnes, 1870]
ai das grávidas, e das que amamentarem. O “ai” é uma expressão de piedade por elas, visto que a fuga delas seria difícil ou até mesmo impossível.
grande calamidade haverá na terra, e ira contra este povo. 1Tessalonicenses 2:16: “a ira veio sobre eles até o fim”. Josefo diz que, quando não havia mais nada para saquear ou matar, após “massacres e misérias inacreditáveis”, Tito ordenou que a cidade fosse arrasada tão completamente que parecesse um lugar que nunca havia sido habitado. [Cambridge, 1891]
Muitos cairão ao fio da espada. Diz-se que 1.100.000 judeus morreram na guerra e no cerco romano. “Parece que toda a raça havia marcado um encontro para o extermínio” (Renan).
serão levados cativos para todas as nações. Josefo fala de 97.000 judeus enviados para várias províncias e para as minas egípcias.
Jerusalém será pisada pelos gentios. Todos os tipos de gentios – romanos, sarracenos, persas, francos, noruegueses, turcos – têm “pisado” Jerusalém desde então. O estai patounmene (“será pisada”) do original grego implica um resultado mais permanente do que o futuro simples. Leia também Apocalipse 11:2.
até se completarem os tempos (ou então, “as oportunidades”) deles – ou seja, até se completar o período estabelecido para a plena evangelização dos gentios. Romanos 11:25: “o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios tenha entrado”. [Cambridge, 1891]
O sermão profético continua: a volta do Filho do Homem
haverá sinais no sol, na lua, e nas estrelas. Segundo Mateus 24:29: “o sol se escurecerá, a lua não dará o seu brilho, as estrelas cairão do céu, e as forças dos céus se estremecerão”.
desmaiarão de medo – ou então, “ficarão aterrorizadas” (NVT).
os poderes dos céus serão abalados. Como se a vinda de Cristo perturbasse por um tempo a estrutura do sistema planetário. O abalo, porém, pode ser apenas a percepção daqueles que observarem o fenômeno. [Whedon, 1874]
verão o Filho do homem vir em uma nuvem. Compare com Atos 1:11; Mateus 26:64; Apocalipse 14:14.
olhai para cima, e levantai vossas cabeças – ou então, “levantem-se e ergam a cabeça” (NVI). A destruição que ocorrerá no cumprimento destas palavras, causando terror nas almas daqueles que se limitaram às esperanças materiais, será para o cristão um sinal encorajador, já que este procura um novo céu e uma nova terra. [McGarvey e Pendleton, 1914]
Olhai a figueira, e todas as árvores. Cristo falou isso do monte das Oliveiras na primavera, pouco antes da páscoa; quando as folhas das árvores estavam árvores. [Wesley, 1765]
quando começarem a brotar – ou então, “Quando as folhas aparecem [começarem a brotar]“ (NVT).
o Reino – ao qual a velha Jerusalém deve dar lugar. Compare com Lucas 9:27. Depois que os maus vinhateiros (lavradores a quem a vinha tinha sido arrendada) foram mortos, a vinha foi arrendada a outros (Mateus 21:41,43). [Bengel, 1742]
Se tomarmos isso como significando que o todo se cumpriria dentro dos limites da geração então atual, ou, de acordo com uma maneira usual de falar, que a geração então existente não passaria sem ver um cumprimento iniciado desta predição, os fatos correspondem inteiramente. Pois ou o todo se cumpriu na destruição realizada por Tito, como muitos pensam; ou se o estendemos, segundo outros, até a completa dispersão dos judeus um pouco mais tarde, sob Adriano, todas as demandas das palavras de nosso Senhor parecem ser cumpridas. [JFU]
A expressão mais forte possível da autoridade divina pela qual Ele falou; não como Moisés ou Paulo poderiam ter dito de sua própria inspiração, pois tal linguagem seria inadequada em qualquer boca meramente humana. [Jamieson; Fausset; Brown]
O sermão profético continua: a vigilância
E olhai por vós – ou então, “Tenham cuidado!” (NVT).
não venham a se encher de glutonaria (“libertinagem”, NVT; ou então, “farras”, NVT) e embriaguez (“bebedeiras”, NVT).
vigiai sempre – ou então, “estejam sempre atentos” (NVI).
dignos…de ficarem de pé diante do Filho do homem. “Os ímpios não subsistirão no juízo”, Salmo 1:5. “quem subsistirá, quando ele aparecer?”, Malaquias 3:2. [Cambridge, 1891]
no monte…das Oliveiras – provavelmente em Betânia, que ficava na encosta leste deste monte (Mateus 21:17). [Whedon, 1874]
Todos os relatos indicam o intenso interesse das pessoas pelos seus ensinamentos durante esta última semana. O Senhor ensinava no templo durante o dia, mas passava as noites em Betânia ou no Monte das Oliveiras. [Johnson, 1891]
Visão geral de Lucas
No evangelho de Lucas, “Jesus completa a história da aliança entre Deus e Israel e anuncia as boas novas do reino de Deus tanto para os pobres como para os ricos”. Tenha uma visão geral deste Evangelho através deste breve vídeo (em duas partes) produzido pelo BibleProject.
Parte 1 (9 minutos).
Parte 2 (9 minutos).
Leia também uma introdução ao Evangelho de Lucas.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles – março de 2020.