E toda a província da Judeia e os de Jerusalém saíam até ele; e eram todos batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
Comentário de Stewart Salmond
E toda a província da Judeia e todos os de Jerusalém saíam até ele. A descrição de Marcos sobre João Batista e seu ministério é menos detalhada que a de Mateus ou Lucas, mas é muito vívida e tem características próprias. Ele destaca o sucesso do ministério de João enfatizando as multidões que foram atraídas por sua pregação. Fala como se toda a população – não apenas os camponeses de todas as partes do território da Judeia, mas até mesmo os habitantes de Jerusalém – tivesse ido até João em conjunto (o “todos” refere-se àqueles que foram até João, não aos que foram batizados, como na versão do King James), usando essa afirmação forte para indicar que a maioria do povo realmente o fez. Mateus e Lucas mostram com que ousadia e fidelidade João falou à consciência do povo.
e eram batizados por ele no rio Jordão. Mateus diz apenas “no Jordão”, mas Marcos, escrevendo para leitores menos familiarizados com a Terra Santa, é mais específico. Normalmente, o nome é “o Jordão”, e acredita-se que signifique “o que desce”. No passado, alguns pensavam que o nome significava “rio de Dã” ou “rio das duas fontes, Jor e Dã”, enquanto outros o interpretam como “lugar de água”. Poucos rios do mundo têm tanta importância histórica ou características físicas peculiares quanto o Jordão. Ele está ligado a eventos marcantes da história de Israel, como os feitos de Gideão, Elias, Eliseu e Davi, além de ser o cenário do batismo do nosso Senhor. O rio atravessa uma grande depressão de mais de 260 km de extensão e entre 3 e 24 km de largura, descendo do nível do mar até 394 metros abaixo dele, na costa do Mar Morto, cujo fundo é ainda mais profundo, chegando a cerca de 1.300 metros abaixo do nível do mar (G. A. Smith, Geografia Histórica da Terra Santa, p. 468). Seu curso sinuoso faz com que percorra mais de 320 km em uma linha reta de apenas 105 km. Alguém que se aventurou a percorre-lo de barco o descreveu assim: “O rio curvava-se e torcia-se para o norte, sul, leste e oeste, mudando de direção a cada meia hora, como se quisesse prolongar sua jornada tranquila pelo vale silencioso e relutasse em despejar suas doces e sagradas águas no amaldiçoado mar amargo” (Lynch, Narrativa, p. 211).
batizados. O termo era familiar no grego antigo e tinha vários significados. Literalmente, significa mergulhar ou submergir na água, mas também pode significar lavar. Nos tempos antigos e no Oriente Médio, o batismo geralmente era por imersão. Em alguns casos, pode ter ocorrido algo menos que a imersão total, como possivelmente aconteceu com os 3.000 batizados no dia de Pentecostes. Em um período inicial da história da Igreja, como vemos no interessante escrito conhecido como Didaquê, era permitido derramar água sobre a cabeça quando não havia condições para a imersão. Além disso, desde cedo, a prática de derramar água (efusão) ou aspergir (aspersão) foi adotada no caso de doentes. Este se tornou o costume estabelecido para todos na Igreja Ocidental após o século XIII. No entanto, na Igreja Oriental, a imersão sempre foi a prática predominante, sendo feita até os dias de hoje. Na Igreja Ortodoxa Russa, por exemplo, o batismo é realizado com três imersões distintas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Para essas igrejas, qualquer batismo por uma única imersão, seja de batistas modernos, católicos romanos ou outros grupos, não é considerado batismo válido.
s por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. O verbo usado aqui é forte e sugere que a confissão era feita de maneira aberta e pública, não de forma privada diretamente a João. [Salmond, 1906]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.