Pois a quem tem, lhe será dado, e terá em abundância; mas a quem não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.
Comentário de J. A. Broadus
Pois, ou de forma mais enfática, “por este motivo”, refere-se ao princípio geral acabado de ser declarado: aquele que não tem perderá até o que possui; e a explicação adicional vem no que segue: “vendo, eles não enxergam”. Por essa razão, Jesus ensinava em forma de parábolas, que seriam compreensíveis e marcantes para aqueles que estavam preparados para entender, mas incompreensíveis para aqueles que, por sua ignorância intencional, negligência e oposição, estavam despreparados. Em Marcos (Marcos 4:12) e Lucas (Lucas 8:10), isso é apresentado como propósito divino: “para que vendo, não vejam”, etc. Essas declarações não conflitam entre si. O que era um resultado natural do caráter deles também era um julgamento divino sobre eles. Não apenas foi previsto que eles não entenderiam essas coisas, mas foi também intencionalmente planejado que eles não entendessem, como uma punição merecida por seu caráter e conduta. Essas pessoas não eram ignorantes por falta de oportunidade de conhecimento, mas por negligência intencional e hostilidade à verdade e ao Mestre (Mateus 12:24). Se nos incomodarmos com a ideia de que o “Senhor do céu e da terra” revela a alguns e esconde de outros, estaremos estranhamente desalinhados com os sentimentos de Jesus e de Paulo, que encontraram nessa ideia não apenas motivo de resignação, mas também de adoração e alegria (Mateus 11:25; Romanos 9:18ss.; 11:30-36). Não devemos supor que o único objetivo de Jesus ao usar parábolas fosse impedir os endurecidos de entender, pois a maneira mais simples de fazer isso seria (como Crisóstomo sugeriu) não falar nada a eles. As parábolas ainda lhes davam a oportunidade de entender, caso não estivessem tão endurecidos, e eram pensadas para despertar sua curiosidade, chamar sua atenção e deixar algo em suas mentes, cujo significado espiritual eles poderiam compreender mais tarde, se viessem a desenvolver uma melhor disposição. “Para os teimosos e frívolos, essa ainda é a única linguagem que, em um momento feliz, pode suavizá-los e despertá-los. Depois de ouvi-la como uma parábola, a figura permanece com eles, o espelho está sempre voltado para eles, e em algum momento ou outro eles terão que olhar para ele.”
A declaração de Mateus 13:12 é repetida em Mateus 25:29. Em Lucas 8:18 (Marcos 4:25), encontramos esse mesmo princípio geral como razão para prestar atenção a como eles ouviam. Talvez Jesus tenha afirmado isso tanto no ponto mencionado por Mateus quanto em seus comentários adicionais após a explicação da parábola. Se isso parecer improvável, devemos concluir que a declaração foi transposta por Mateus, ou por Marcos e Lucas, para uma conexão diferente daquela em que foi falada. Como nenhum escritor poderia relatar tudo, e algum tipo de organização temática era necessário, é inevitável que tais transposições de declarações particulares ocorram às vezes. [Broadus, 1886]
Comentário de W. C. Allen 🔒
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.