Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
Comentário do Púlpito
Que tipo de mandamento é importante na Lei? De acordo com o ensino rabínico, havia mais de seiscentos preceitos na Lei; deste número considerável, nem todos puderam ser observados. Quais eram de obrigação absoluta? quais não eram? As escolas rabínicas faziam uma distinção entre mandamentos pesados e leves, como se alguns fossem de menos importância do que outros e pudessem ser negligenciados impunemente; e alguns de tal dignidade excessiva que o cumprimento deles toleraria obediência imperfeita no caso de outros. Alguns ensinaram que se um homem selecionasse corretamente algum grande preceito para observar, ele poderia com segurança desconsiderar o restante da Lei (ver Mateus 19:16, etc.). Esse era o tipo de doutrina contra a qual Tiago (Tiago 2:10) denuncia: “Todo aquele que guardar toda a Lei e, ainda assim, tropeçar em um ponto, torna-se culpado de todos.” Os fariseus podem ter desejado descobrir se Jesus conhecia e sancionava essas distinções rabínicas. Ele provou estar intimamente familiarizado com o significado interno das Escrituras, e capaz de desenvolver doutrinas e traçar analogias que suas mentes embotadas nunca haviam compreendido; a questão agora era se ele entrava em suas divisões sutis e poderia decidir essa disputa por eles. Essa é a opinião geralmente adotada sobre a pergunta do escriba; mas pode-se duvidar, se for levado em consideração o caráter do homem, se ele tinha alguma intenção de enredar Cristo nessas sutilezas, mas pediu uma solução para o problema geral – De que natureza era o preceito que deveria ser considerado como “primeiro” (Marcos) na Lei? Podemos comparar a pergunta e a resposta um tanto semelhantes em Lucas 10:25-28. A ideia de Lange, de que o escriba desejava forçar Cristo a dar alguma resposta que, ao sugerir sua própria afirmação de ser o Filho de Deus, bateria de frente com [would trench upon] a doutrina do monoteísmo, parece totalmente injustificada. Essa teoria é baseada na suposição de que o fariseu tinha como certo que Jesus responderia: “Amarás a Deus acima de tudo”, e pretendia fundamentar nessa resposta uma condenação por ter se tornado igual a Deus por sua afirmação de filiação. Mas o texto não dá conta de tal intenção, e foi sugerido principalmente com o propósito de explicar a pergunta posterior de Cristo (Mateus 22:41-45), que, no entanto, não precisa de tal fundamento, como veremos. [Pulpit]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.