Mateus 25:12

Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço.

Comentário de J. A. Broadus

Em verdade vos digo, uma garantia solene, conforme Mateus 5:18.

não vos conheço. Elas não têm o direito de serem recebidas como convidadas; ele nem mesmo as reconhece como conhecidas. (ver Mateus 7:23)

A aplicação desta bela parábola é óbvia, mas extremamente terna e comovente. Ensina a mesma lição de Mateus 24:37-42 e Mateus 24:43-51: que a única maneira de estar preparado para a vinda de Jesus é estar sempre pronto. O termo ‘virgens’ não deve receber um significado espiritual, como se denotasse cristãos puros; pois cinco dessas virgens representam pessoas que realmente não são cristãs. A divisão em duas metades não deve ser interpretada como se ensinasse que, na vinda de Cristo, metade das pessoas no mundo ou em qualquer comunidade estará pronta para encontrá-lo e a outra metade não; foi simplesmente a divisão mais natural do número redondo, não havendo razão especial para dividi-lo de outra maneira. O atraso do noivo poderia sugerir aos discípulos que seu Senhor não viria imediatamente. (ver Mateus 25:19) O fato de que todas as dez estavam dormindo não deve ser visto como uma reprovação aos verdadeiros cristãos. Não era errado que as virgens dormissem nessas circunstâncias; elas não estavam negligenciando nenhum dever ao fazê-lo, desde que tivessem se preparado adequadamente para a chegada do noivo. Entender isso como significando que as gerações sucessivas da humanidade devem “adormecer” na morte (como sugerido por alguns Pais da Igreja e escritores modernos) não tem fundamento e parece totalmente inadequado. Não há evidências de que as virgens tolas devam ser vistas como representando “membros da igreja”; elas são pessoas que professam e sinceramente acreditam que são amigas de Cristo e esperam encontrá-lo com alegria. Levar lâmpadas sem um suprimento duradouro de óleo sugere aquele interesse superficial e temporário nas coisas divinas que é tão comum; compare com Oséias 6:4. A tentativa apressada e infrutífera, no momento crucial, de fazer a preparação que deveria ter sido feita antes é profundamente comovente e toca em uma falha infelizmente comum quanto à prontidão para encontrar Cristo em sua vinda, ou para encontrar o mensageiro que ele envia para nos levar, a morte. A incapacidade das virgens prudentes de ajudarem as tolas em sua extremidade nos lembra que a piedade envolve condições e relações pessoais com Cristo que não são transferíveis. “Não vos conheço.” Não se trata de rejeitar pessoas que pedem para ser salvas, mas renegar pessoas que alegam ter sido salvas e estarem prontas, aguardando sua vinda.

Buscar um significado espiritual separado nas lâmpadas, no azeite e nos vendedores de óleo, etc., parece aqui pior que inútil. (ver Mateus 13:3) Maldonado conta quinze itens separados com significado espiritual, e Keach treze. É muito imprudente aqui trazer a ideia da noiva como sendo “a igreja” (Efésios 5:25). A noiva não é mencionada na parábola e, como já sugerido, por uma razão óbvia: os cristãos aqui aparecem como amigos esperando para se juntar à procissão. Incluir a noiva como a igreja introduz uma inevitável confusão de ideias através da mistura de imagens distintas. Deve ser sempre lembrado que, se “metáforas misturadas” são ruins para a retórica, são piores para a exegese. [Broadus, 1886]

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Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.