Mas as prudentes tomaram azeite nos seus frascos, com as suas lâmpadas.
Comentário de David Brown
As “lâmpadas” e o “azeite” na parábola têm sido interpretados de várias maneiras. Contudo, visto que tanto as virgens tolas quanto as prudentes tomaram suas lâmpadas e saíram para encontrar o noivo, essas lâmpadas acesas, e o fato de as insensatas terem avançado certo caminho junto com as prudentes, deve simbolizar a profissão cristã comum a todos que carregam o nome de cristãos; enquanto a insuficiência dessa profissão de fé, sem algo mais que elas nunca possuíram, mostra que as “loucas” representam aqueles que, embora compartilhem o que é comum aos cristãos genuínos, carecem da preparação essencial para encontrar Cristo. Então, como a sabedoria das “prudentes” consistia em levar azeite extra com suas lâmpadas, mantendo-as acesas até que o noivo chegasse, esse azeite deve simbolizar a realidade interior da graça, que é a única coisa que se sustentará quando Cristo aparecer, cujos olhos são como chama de fogo.
Mas isso é muito geral; pois não pode ser por acaso que essa graça interior seja aqui apresentada pelo símbolo familiar do azeite, pelo qual o Espírito de toda a graça é constantemente representado nas Escrituras. Sem dúvida, foi isso que foi simbolizado pelo precioso azeite da unção com o qual Arão e seus filhos foram consagrados ao ofício sacerdotal (Êxodo 30:23-25; 30:30); pelo “óleo da alegria” com o qual o Messias seria ungido, “acima de seus companheiros” (Salmo 45:7; Hebreus 1:9); assim como é dito expressamente que “Deus não dá o Espírito por medida a Ele” (João 3:34). Também vemos o óleo na visão de Zacarias, onde um vaso cheio de azeite dourado, recebendo seu suprimento de duas oliveiras, derramava-o através de sete tubos de ouro no candelabro dourado, para mantê-lo constantemente aceso e brilhante (Zacarias 4:1-14) – pois o profeta é claramente informado de que essa visão proclamava a grande verdade: “Não por força, nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos [será construído este templo]. Quem és tu, ó grande montanha [de oposição a esse empreendimento]? Diante de Zorobabel, tu te tornarás uma planície [ou serás removida do caminho], e ele trará a pedra principal [do templo], com gritos [clamando], GRAÇA, GRAÇA a ela.”
Assim, o “suprimento de azeite”, representando a graça interior que distingue as prudentes, parece simbolizar mais especificamente o “suprimento do Espírito de Jesus Cristo”, que, além de ser a fonte da nova vida espiritual, é também o segredo da sua permanência. Tudo o que está aquém disso pode ser possuído pelas “tolas”, mas é a posse desse Espírito que torna as “prudentes” preparadas quando o Noivo aparece, e aptas a entrar com Ele para as bodas. Da mesma forma, na parábola do Semeador, aqueles que caem em terreno pedregoso, por não terem “profundidade de terra” e “raízes em si mesmos”, brotam rapidamente, mas nunca amadurecem, enquanto aqueles que estão em boa terra produzem o grão precioso. [Jamieson; Fausset; Brown, 1866]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.