Moisés

Moisés foi um grande profeta judeu a quem a autoria dos primeiros cinco livros da Bíblia é atribuída. Ainda bebê, foi adotado por uma princesa egípcia, porém quando adulto tornou-se o líder e legislador dos israelitas.

Moisés com os 10 Mandamentos por Philippe de Champaigne, 1647

Significado do nome

Em hebraico Mosheh, o nome Moisés significa tirado, “porque das águas foi tirado” pela filha do Faraó (Ex 2:10). No inglês o nome é traduzido para Moses.

História de Moisés

No tempo em José, filho de Jacó,  era governador do Egito, Faraó convido Jacó e seus filhos para morarem no Egito(Gênesis 45:17-25) .Esta imigração ocorreu provavelmente cerca de 350 anos antes do nascimento de Moisés.

Jacó e sua comitiva estavam acostumados com a vida de pastores e, ao chegarem ao Egito, foram recebidos com benevolência pelo rei, que lhes atribuiu o “melhor da terra” (Gênesis 47:6) para habitarem, a terra de Gósen.

Assim favorecidos, os descendentes de Jacó, também chamados de israelitas, começaram a “se multiplicar grandemente” (Gênesis 47:27), e se estendiam para o oeste e para o sul. Eles foram autorizados a manterem suas propriedades em Gósen sem perturbações, mas após a morte de José a situação deixou de ser tão favorável.

Os egípcios começaram a desprezá-los, e iniciou o período de “aflição” (Gênesis 15:13). Eles foram fortemente oprimidos. Continuaram, no entanto, a aumentar em número, e “a terra foi cheia deles” (Ex 1:7). Os egípcios passaram a temer que os hebreus guerreassem contra eles.

E nesse processo “surgiu um rei que não conhecia José” (Ex 1:8). Sob tais circunstâncias este rei achou necessário enfraquecer os hebreus oprimindo-os, e gradualmente, reduzir seu número.

Os hebreus foram feitos escravos do reino, e empregados na construção de numerosos edifícios, especialmente templos e palácios. Suas vidas foram amargadas com a forte escravidão, e “todo o seu serviço, em que os fez servir, foi com rigidez” (Ex 1:13-14).

Filhos de Israel no Egito por Edward Poynter (1867)

Mas essa cruel opressão não resultou na redução do número de hebreus como os egípcios esperavam. Pelo contrário, “quanto mais os egípcios os afligiam, mais eles se multiplicavam e cresciam” (Ex 1:12).

Em um novo plano, o rei do Egito ordenou as parteiras que matassem todos os meninos que nascessem dos israelitas e deixassem vivas somente as meninas, mas as parteiras temeram a Deus e não fizeram o havia sido ordenado (Ex 1:15-22).

O nome das parteiras que não obedeceram ao rei do Egito era: Sifrá e Puá

Assim desconcertado, o rei fez uma proclamação pública pedindo ao povo que matasse todos os filhos dos hebreus do sexo masculino, lançando-os no rio Nilo (Ex 1:22). Mas nem este decreto alcançou o propósito do rei.

Nascimento de Moisés

Uma das famílias hebreias em que o cruel decreto do rei causou grande alarme foi a de Anrão, da família dos coatitas (Ex 6:16-20). Anrão era casado com  Joquebede e tinha dois filhos, Miriam, uma menina de talvez quinze anos de idade, e Arão, um menino de três anos. Eles residiam próxima a capital na época.

Nesse tempo, Joquebede deu a luz a um filho do sexo masculino (1571 aC). Ela ocultou-o em casa por três meses.

Quando a tarefa de escondê-lo tornou-se difícil, Joquebede decidiu levar seu filho ao encontro da filha do rei, construindo para ele uma arca de juncos, que colocou entre as folhagens que cresciam na borda do rio no local onde a princesa costumava descer e banhar-se.

O plano de Joquebede foi foi bem sucedido. A filha do rei “viu a criança, e eis que a criança chorava”. A princesa enviou Miriam, que estava de próxima, para buscar uma enfermeira. Ela foi e trouxe a mãe da criança, a quem a princesa disse: “Leve este menino e amamente-o para mim, e eu lhe pagarei por isso”.

Moisés encontrado no rio Nilo

Assim que o tempo natural para o desmamar da criança chegou, ele foi transferido da humilde morada de seu pai para o palácio real, onde ele foi criado como o filho adotivo da princesa, sua mãe provavelmente ainda o acompanhava.

Moisés cresceu em meio a toda a grandeza e agitação da corte egípcia, mantendo, no entanto, provavelmente uma amizade com sua mãe, que era da maior importância em relação a sua crença religiosa e seu interesse em seus “irmãos”.

A educação de Moisés, sem dúvida, foi cuidadosamente acompanhada, e ele desfrutou de todas as vantagens de exercitar tanto quanto o seu corpo e quanto a sua mente. Ele finalmente se tornou “aprendido em toda a sabedoria dos egípcios” (Atos 7:22).

Há uma tradição registrada por Josefo que ele assumiu a liderança na guerra que foi então travada entre o Egito e a Etiópia, na qual ele ganhou fama como general hábil, e tornou-se "poderoso em ações" (Atos 7:22).

Moisés mata um egípcio e foge para Midiã

Moisés, em meio a todos os seus arredores egípcios, jamais esqueceu que ele era um hebreu. Ao completar 40 anos, resolveu familiarizar-se com a condição de seus compatriotas, e “foi ao lugar onde estavam os seus irmãos hebreus e descobriu como era pesado o trabalho que realizavam” (Ex 2:11).

Ele não podia permanecer indiferente ao estado das coisas ao seu redor. Um certo dia, enquanto observava o trabalho dos hebreus, Moisés avistou um egípcio maltratando um hebreu e indignou-se . Ele ergueu a mão com força, matou o egípcio e escondeu seu corpo na areia.

Moisés estava convencido de que Deus o havia escolhido para salvar Israel do Egito. Mas este assassinato precipitado de um egípcio mostrou que ele ainda não estava pronto para o trabalho.

No dia seguinte, Moisés saiu novamente e encontrou dois hebreus brigando entre si, ao tentar reconcilia-los, os hebreus o rejeitaram dizendo: Quem o nomeou líder e juiz sobre nós? Quer matar-me como matou o egípcio ontem?” (Atos 7:27-28) Rapidamente ele percebeu que o que havia feito no dia anterior foi descoberto. Chegou também aos ouvidos do Faraó, que “procurou matar Moisés” (Ex 2:15).

Movido pelo medo, Moisés fugiu do Egito, e se foi à terra de Midiã, a parte sul da península do Sinai, provavelmente pela mesma rota que, quarenta anos depois, conduziu os israelitas ao Sinai.

Ele foi providencialmente levado a encontrar uma nova casa com a família de Jetro, que veio a ser seu sogro(Ex 2:21). Permaneceu ali por quarenta anos (Atos 7:30), sob treinamento inconscientemente para o grande trabalho da sua vida.

Chamado de Moisés

Aos oitenta anos, Moisés estava apascentando as ovelhas do seu sogro e de repente, o anjo do Senhor apareceu-lhe em uma sarça ardente (Ex 3), e ordenou-lhe que voltasse ao Egito e “tirasse os filhos de Israel” da escravidão.

Ele estava relutante a ir, mas finalmente foi obediente à visão celestial e deixou a terra de Midiã (Ex 4:18-26). No caminho, ele foi recebido por Arão e os anciãos de Israel (Ex 4:27-31).

A trajetória de Moisés e Arão para livrar o povo hebreu do Egito esta registrada em Êxodo dos capítulos 4 à 14. Onde pela mãe de Moisés, Deus operou as Dez pragas como sinal ao Faraó e também abriu o mar vermelho para passagem do povo.

Os israelitas atravessando o mar vermelho por Juan de la Corte (1580 – 1663)

Morte de Moisés

Depois de uma viagem agitada de um lado para outro no deserto, os israelitas acampam nas planícies de Moabe, prontos para atravessar o Jordão para Terra Prometida.

Então Moisés dirigiu-se aos anciãos reunidos (Deuteronômio 1:1-4; 5:1 à 26:19; 27:11 à 30:20), deu ao povo seus últimos conselhos, e revirou uma canção (Deuteronômio 32). Depois de abençoar as tribos de Israel (Deuteronômio 33), Moisés sobe a “a montanha de Nebo, até o topo de Pisga, em frente de Jericó” (Deuteronômio 34:1), e daí ele examina a terra.

“Deus mostrou-lhe toda a terra de Gileade, a Dã, a todos os Naftali, e à terra de Efraim, a Manassés e a toda a terra de Judá, ao extremo do mar, ao sul e à planície do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar” (Deuteronômio 34:2-3), a magnífica herança das tribos de quem ele havia sido o líder há tanto tempo. Após isto, morreu tendo 120 anos.

Moisés foi sepultado pelo Senhor “em um vale na terra de Moabe, diante de Bete-Peor” (Deuteronômio 34:6) e pessoas lamentaram por ele durante trinta dias.

Em Judas 1:9 menciona-se uma disputa entre Anjo Miguel e o diabo sobre o corpo de Moisés. Presume-se que esta disputa ocorreu para ocultação do corpo de Moisés de modo a evitar a idolatria pelo povo de Israel.

Assim morreu “Moisés, o homem de Deus” (Deuteronômio 33:1; Josué 14:6). Ele se distinguia de todos os outros por sua mansidão, paciência e firmeza, e ” perseverou, porque via aquele que é invisível”.

“Em Israel nunca mais se levantou profeta como Moisés, a quem o Senhor conheceu face a face, e que fez todos aqueles sinais e maravilhas que o Senhor o tinha enviado para fazer no Egito, contra o faraó, contra todos os seus servos e contra toda a sua terra. Pois ninguém jamais mostrou tamanho poder como Moisés nem executou os feitos temíveis que Moisés realizou aos olhos de todo o Israel” —  Deuteronômio 34:10-12

Moisés no Novo Testamento

No Novo Testamento, Moisés é referido como o representante da lei e como um tipo de Cristo (Jo 1:17; 2Coríntios 3:13-18; Hebreus 3:5-6).

Ele é o único personagem no Antigo Testamento a quem Cristo se compara (Jo 5:46; Deuteronômio 18:15,18-19; Atos 7:37). Em Hebreus 3:1-19, esta semelhança a Moisés está estabelecida em vários detalhes.

Adaptado de: Illustrated Bible Dictionary e Wikipedia.