pois o que se pode conhecer de Deus é evidente a eles, porque Deus lhes manifestou.
Comentário de David Brown
pois o que se pode conhecer de Deus. Três sentidos foram atribuídos a essa expressão: (1) o conhecido de Deus (como na Vulgata Latina, DeWette, etc.); (2) o passível de ser conhecido de Deus (assim interpretado por Erasmo, Calvino, Beza, Grotius, Tholuck, Stuart, Conybeare, Mehring, Green); (3) o conhecimento de Deus (como no siríaco, Crisóstomo, Lutero, Fritzsche).
O primeiro e o último desses sentidos, no único aspecto em que têm algo de relevante a recomendar, praticamente se reduzem ao sentido intermediário – o da nossa própria tradução, que consideramos decididamente o mais adequado. Argumenta-se contra este sentido que, embora nas obras clássicas ele seja o sentido usual, a Septuaginta e o Novo Testamento o utilizam no sentido de “o que é conhecido,” e não de “o que pode ser conhecido.” Porém, isso é apenas parcialmente verdadeiro (veja Romanos 1:20, “anapologeetous”; e Romanos 2:1, “anapologeetos”), e, como a palavra não é muito comum e seus sentidos podem se sobrepor, devemos nos guiar pelo contexto em cada caso. Outro argumento contra esse sentido é que nem tudo o que pode ser conhecido de Deus está “manifesto” aos pagãos; portanto, o sentido não pode ser “o que pode ser,” mas sim “o que é conhecido está manifesto neles.” Contudo, o apóstolo não diz “tudo o que pode ser conhecido,” mas apenas “aquilo que pode ser conhecido;” e, para mostrar que ele não queria dizer “tudo,” ele especifica no próximo versículo o que de Deus eles de fato conhecem – a saber, “Seu poder eterno e Sua divindade.” Isto, então, é o que está manifesto neles [en autois] – não “entre eles” (como interpretam Erasmo, Grotius, Fritzsche), sugerindo o que os filósofos pagãos alcançaram por reflexão, em meio à ignorância grosseira da maioria, mas (como os melhores intérpretes entendem) “dentro deles,” no sentido que o próximo versículo explicará mais detalhadamente.
porque Deus lhes manifestou – “porque Deus lhes mostrou”, gravado na constituição da natureza humana desde a criação, onde a convicção da existência de um Deus está profundamente enraizada e é percebida através das obras de Suas mãos, que despertam essa percepção. [Jamieson; Fausset; Brown, 1866]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.