Introdução ao Salmo 16
O Salmo 16 expressa uma expectativa confiante da vida eterna e da felicidade, fundada sobre a evidência do verdadeiro apego a Deus. Ele expressa a profunda convicção de que alguém que ama que Deus não será deixado no túmulo para sempre.
O conteúdo do salmo é o seguinte:
(1) Uma oração fervorosa do autor por preservação com base em que ele colocou sua confiança em Deus (Salmo 16:1).
(2) Uma declaração de seu apego a Deus (Salmo 16:2-3), fundada em parte em sua consciência de tal apego (Salmo 16:2), e em parte no fato de que ele realmente amava os amigos de Deus (Salmo 16:3).
(3) Uma declaração do fato de que ele não tinha simpatia por aqueles que rejeitaram o Deus verdadeiro; que ele não participava e não participaria de sua adoração. O Senhor era sua porção e sua herança (Salmo 16:4-5).
(4) Agradecimento que as suas divisas caíram em lugares tão agradáveis; que ele teve seu nascimento e herança onde o verdadeiro Deus era adorado, e não em uma terra de idólatras (Salmo 16:6-7).
(5) Uma expectativa confiante, com base em seu apego a Deus, de que ele seria feliz para sempre; que ele não seria deixado para perecer na sepultura; que ele obteria a vida eterna à destra de Deus (Salmo 16:8-11). Essa expectativa implica os seguintes detalhes:
(a) Que ele nunca seria abalado; isto é, que ele não ficaria desapontado e rejeitado (Salmo 16:8).
(b) Que, embora fosse morrer, sua carne descansaria em esperança (Salmo 16:9).
(c) Que ele não seria deixado nas regiões dos mortos, nem seria permitido que permanecesse para sempre na sepultura (Salmo 16:10).
(d) Que Deus lhe mostraria o caminho da vida e lhe daria um lugar à sua direita (Salmo 16:11).
Nada pode ser determinado com certeza a respeito da ocasião em que o salmo foi composto. É um salmo que pode ter sido composto a qualquer momento em vista de solenes reflexões sobre a vida, a morte, a sepultura e o mundo além; sobre a questão de saber se a sepultura é o fim do homem, ou se haverá um futuro. É feito de reflexões felizes sobre a sorte e as esperanças dos piedosos; expressando a convicção de que, embora devessem morrer, havia um mundo mais brilhante além – embora devessem ser sepultados, nem sempre permaneceriam lá; que eles seriam libertados do túmulo e levantados à destra de Deus. Expressa mais claramente do que em qualquer outro lugar do Antigo Testamento uma crença na doutrina da ressurreição – uma garantia de que aqueles que amam a Deus e guardam seus mandamentos, não permanecerão sempre na sepultura.
O salmo é invocado por Pedro (Atos 2:25-31), e por Paulo (Atos 13:35-37), como referindo-se à ressurreição de Cristo, e é apresentado por eles de forma a mostrar que consideravam que Ele seria ressuscitado dos mortos. Não é necessário supor, para uma correta compreensão do salmo, que ele tinha uma referência exclusiva ao Messias, mas apenas que ele se referia a ele no sentido mais elevado, ou que tinha nele sua completa realização. Sem dúvida expressa os sentimentos de Davi em relação a si mesmo – suas próprias esperanças em vista da morte; embora seja verdade que ele foi orientado a usar uma linguagem ao descrever seus próprios sentimentos e esperanças que só poderiam ter um cumprimento completo no Messias. Em um sentido mais pleno e completo, era verdade que ele não seria deixado na sepultura e que não seria permitido “ver a corrupção”.
Na verdade, no sentido em que Davi usou o termo como aplicável a si mesmo, era verdade que ele não seria “deixado” permanentemente e, em última instância, na sepultura, sob o domínio da corrupção; era literalmente verdade quanto ao Messias, como Pedro e Paulo argumentaram, que ele não “viu a corrupção”; que ele foi levantado da sepultura sem passar por aquela mudança na tumba pela qual todos os outros devem passar. Como Davi usou a linguagem (conforme aplicável a si mesmo), a esperança sugerida no salmo será cumprida na futura ressurreição dos justos; como as palavras devem ser entendidas literalmente, elas só poderiam ser cumpridas em Cristo, que ressuscitou dos mortos sem ver a corrupção. O argumento de Pedro e Paulo é que esta linguagem profética foi encontrada no Antigo Testamento, e que só poderia ter um cumprimento completo na ressurreição de Cristo. Davi, embora ressuscitará como antecipou, de fato, voltou à corrupção. Sobre o Messias, era literalmente verdade que seu corpo não sofreu nenhuma mudança na sepultura. A referência ao Messias é que teve seu cumprimento mais elevado e completo nele.
O título do salmo é “Mictam de David. A palavra “Mictam” ocorre apenas nos seguintes lugares, em todos os quais é usada como título do salmo: Salmo 16,56,57,58,59,60. Gesenius supõe que significa uma “escrita”, especialmente um poema, salmo ou canção; e que seu sentido é o mesmo que o título do salmo de Ezequias (Isaías 38:9), onde a palavra usada é traduzida como “escrita”. De acordo com Gesenius, a palavra usada aqui – מכתם miktâm – é a mesma que a palavra empregada em Isaías – מכתב miktâb – a última letra ב (b), tendo sido gradualmente alterada para ם (m). Outros, inadequadamente, diz Gesenius, derivaram a palavra de כתם kethem, ouro “, significando um salmo” dourado “; isto é, precioso ou preeminente. DeWette traduz:” Schrift”, escrita. Talvez seja impossível agora determinar por que alguns dos salmos de Davi devam ter sido meramente chamados de “escritos”, enquanto outros são mencionados com títulos mais específicos. [Barnes]
Visão geral de Salmos
“O livro dos Salmos foi projetado para ser o livro de orações do povo de Deus enquanto esperam o Messias e seu reino vindouro”. Tenha uma visão geral deste livro através de um breve vídeo produzido pelo BibleProject. (9 minutos)
Leia também uma introdução ao livro de Salmos.
Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – maio de 2021.