1 (Oração de Davi) Ouve, SENHOR, a justa causa; presta atenção ao meu clamor; dá ouvidos à minha oração, que não procede de lábios enganosos.
Ouve, SENHOR, a justacausa (compare com Salmo 9:4). Aqui e em outros lugares, o salmista considera que o direito está do seu lado e que é perseguido injustamente. Se não estivesse convencido disto, não poderia ter invocado Deus para defendê-lo. A narrativa em 1Samuel 18-27 justifica plenamente a convicção do salmista. [Pulpit, 1895]
dá ouvidos à minha oração, que não procede de lábios enganosos – ou seja, “que faço com sinceridade” (NTLH).
2 De diante de teu rosto saia o meu julgamento; que teus olhos observem o que é justo.
De diante de teu rosto saia o meu julgamento – em outras palavras, que a tua sentença sobre a minha justa causa se manifeste diante de todo o mundo, ao livrar-me de meus inimigos. [JFU, 1866]
que teus olhos observem o que é justo (NVI) – ou então, teus olhos observam com justiça (NAA, A21).
3 Tu provas o meu coração, tu me visitas de noite; tu me examinas, e nada encontras; decidi que minha boca não transgredirá.
4 Quanto às obras dos homens, conforme a palavra de teus lábios eu tenho me guardado dos caminhos do violento;
conforme a palavra de teus lábios eu tenho me guardado dos caminhos do violento – em outras palavras, “segui teus mandamentos, que me guardam de imitar as ações de pessoas cruéis” (NVT).
5 Guiando meu andar em teus caminhos, meus passos não tropeçaram.
Ou então, Guie meu andar em teus caminhos, para que meus passos não tropecem.
6 Eu clamo a ti, ó Deus, pois tu me respondes; inclina teus ouvidos a mim, escuta as minhas palavras.
7 Mostra as maravilhas da tua bondade, ó tu que por tua mão direita salvas os que em ti se refugiam daqueles que se levantam contra eles.
por tua mão direita – ou seja, por teu poder. A “mão direita” é aquela pela qual executamos nossos propósitos, ou exercemos a nossa força; e o salmista pede a Deus que use seu poder para defendê-lo. Compare com Isaías 41:10; Jó 40:14; Salmo 89:13. [Barnes, 1870]
8 Guarda-me como a menina dos olhos; esconde-me debaixo da sombra de tuas asas,
Guarda-me como a menina dos olhos (Deuteronômio 32:10; Lm 2:18; Zacarias 2:8). A pupila, ou centro do olho, um lugar de grande segurança, cuidadosamente guardado. [Whedon, 1874]
sombra de tuas asas. A figura muda, mas a ideia de total segurança é preservada. Compare com Salmo 91:4; Mateus 23:37.
esconde-me debaixo da sombra de tuas asas. Imagem de uma águia mãe (Deuteronômio 32:11) reunindo seus filhotes debaixo da sua asa para protegê-los dos inimigos. O Senhor Jesus teria assim escondido Jerusalém, mas ela quis (Mateus 23:37). [JFU, 1866]
9 dos perversos que me atacam; dos meus mortais inimigos que me cercam.
10 Na sua gordura se fecham; com sua boca falam arrogantemente.
Na sua gordura se fecham. Uma frase que deve ser entendida figurativamente para pessoas arrogantes, insubordinadas e egoístas, que se tornaram insensatas por causa da prosperidade. [Whedon, 1874]
11 Agora eles têm cercado nossos passos; eles fixam seus olhos, prontos para nos derrubar no chão;
12 semelhantes ao leão, ávido pela presa, e ao leãozinho, que espreita em esconderijos.
leão. Muito comum na Palestina em tempos antigos. Atualmente não são mais encontrados leões no território de Israel.
13 Levanta-te, SENHOR, confronta-o, derruba-o; livra minha alma das mãos do perverso com tua espada.
livra minha alma das mãos do perverso com tua espada – e não, “livra a minha alma do perverso, que é a tua espada“ (BKJ). Esta ideia de que o perverso é a espada de Deus para castigar Seu povo dificilmente se ajusta ao contexto, pois o fundamento da oração do salmista não é que ele tenha sofrido um castigo através da instrumentalidade do ímpio, mas que a sua causa é totalmente justa, e o inimigo é mau. Assim, a primeira tradução é a mais adequada. [JFU, 1866]
14 Com a tua mão, SENHOR, livra-me dos homens deste mundo, cuja parte está nesta vida. Enche-lhes o ventre do que está reservado para eles. Que seus filhos se fartem disso e deixem as sobras para seus pequeninos.
Um verso difícil de traduzir; a NAA traz, “Com a tua mão, SENHOR, livra-me dos homens deste mundo, cuja porção é desta vida e cujo ventre tu enches com os teus tesouros; os quais se fartam de filhos e o que lhes sobra deixam aos seus pequeninos”.
15 Quanto a mim, em justiça olharei para teu rosto; serei satisfeito de tua semelhança, quando eu despertar.
Quanto a mim, em justiça olharei para teu rosto – justiça que foi o fundamento em que o salmista o tempo todo apoiou sua oração (Salmo 17:1-4), e contra a qual a injustiça de seus inimigos parecia prevalecer, finalmente triunfará. Eu desfrutarei de teu favor como alguém cuja justiça é confirmada perante o mundo. A imagem é de reis orientais, que permitem que seu rosto seja visto apenas por aqueles a quem são favoráveis. [JFU, 1866]
serei satisfeito de tua semelhança, quando eu despertar. Davi já havia falado da morte como um “sono” (Salmo 13:3). Agora ele fala em “despertar”. O que pode ser esse despertar senão um despertar do sono da morte? Quando ele despertar, diz ele, ficará satisfeito da semelhança de Deus. A palavra usada é a mesma empregada em Números 12:8, da manifestação da glória divina a Moisés. Davi, portanto, espera ver, ao acordar, uma manifestação semelhante, ele terá o prazer da “visão beatífica” […] que irá satisfazer totalmente ele. [Pulpit, 1895]
O Salmo 17 é intitulado “Uma Oração de Davi”. Por quem o título foi prefixado, não é conhecido; mas não pode haver dúvida de sua adequação. É, por completo, uma oração – fervorosa, sincera, crente. Foi evidentemente pronunciado tendo em vista o perigo – perigo que surge do número e dos planos de seus inimigos; mas em que ocasião particular ele foi composto não pode ser determinado agora. Houve muitas ocasiões, no entanto, na vida de Davi para proferir tal oração, e não pode haver dúvida de que, nos perigos que tão frequentemente o atormentavam, ele frequentemente fazia esses apelos calorosos e fervorosos a Deus por ajuda. “Quem” eram os inimigos mencionados não pode agora ser determinado. Tudo o que se sabe deles é que eram inimigos “mortais” ou amargos, que eram prósperos no mundo e que eram orgulhosos (Salmo 17:9-10); que eles eram ferozes e gananciosos, como um leão caçando sua presa (Salmos 17:12); que eles eram homens cujas famílias eram ricas e homens que viviam apenas para este mundo (Salmo 17:14).
Os pontos que constituem a oração no salmo são os seguintes:
1. A própria oração, como um apelo fervoroso ou súplica a Deus para fazer o que era direito e justo (Salmo 17:1-2).
2. Uma referência do autor do salmo a si mesmo, e à sua própria vida e caráter, como não merecedor do tratamento que estava recebendo dos outros (Salmo 17:3-4).
3. Uma petição sincera pela intervenção divina (Salmo 17:5-9).
4. Uma descrição do caráter de seus inimigos, e uma oração com base nesse caráter, que Deus interporia por ele (Salmo 17:10-14).
5. A expressão de uma esperança confiante de libertação de todos os inimigos; um anseio por um mundo onde seria resgatado de todos os problemas, e onde, na presença de Deus, e entrando em uma nova vida, ele despertaria à semelhança de Deus e ficaria satisfeito (Salmo 17:15). O salmo termina, como fazem as expectativas de todas as pessoas boas em meio aos problemas desta vida, na esperança de um mundo onde não haverá problemas e onde lhes será permitido morar para sempre com Deus. [Barnes]
Visão geral de Salmos
“O livro dos Salmos foi projetado para ser o livro de orações do povo de Deus enquanto esperam o Messias e seu reino vindouro”. Tenha uma visão geral deste livro através de um breve vídeo produzido pelo BibleProject. (9 minutos)
O conteúdo do Apologeta pode ser reproduzido para uso pessoal ou na igreja local. Caso queira usá-lo para outro propósito, entre em contato. As explicações disponibilizadas não refletem necessariamente a opinião do editor do site.