Porque eis que, quanto à pedra que pus diante de Josué, sobre esta pedra há sete olhos; eis que gravarei nela uma inscrição, diz o SENHOR dos exércitos, e tirarei a injustiça desta terra em um dia.
Comentário de A. R. Fausset
Porque eis que, quanto à pedra que pus diante de Josué — expressando o fundamento de encorajamento aos judeus na construção do templo: ‘Eu (Yahweh) coloquei a pedra (fundamental), como o principal arquiteto, diante (na presença) de Josué, pela mão de Zorobabel’ (Zacarias 4:10; Esdras 3:8-13), para que o trabalho de vocês na construção não seja em vão. Atitipicamente, a “pedra” aludida aqui é Cristo, anteriormente chamado de “O Renovo”. Para que ninguém pense que Seu reino é fraco por causa desse termo, agora Ele é chamado de “a pedra”, por sua solidez e força, sendo o alicerce da Igreja e, como “a pedra cortada do monte sem mãos”, esmagará todos os reinos do mundo (Salmo 108:22; cf. Isaías 28:16; Daniel 2:45; Mateus 21:42; 1Coríntios 3:11; 1Pedro 2:6-7). O anjo, ao apontar para a pedra principal diante Dele, indica que um mistério mais profundo que o templo material está sendo simbolizado. Moore sugere que a “pedra” representa a Igreja judaica, que Yahweh se compromete a guardar cuidadosamente. No entanto, o templo é, de fato, o símbolo disso. O antítipo da pedra fundamental é o Messias.
sobre esta pedra há sete olhos — ou seja, os vigilantes “olhos” do cuidado de Yahweh sempre fixados sobre ela (Zacarias 4:10). O olho é símbolo da Providência; “sete”, da perfeição (Apocalipse 5:6; cf. 2Crônicas 16:9; Salmo 32:8). Os sete principais conselheiros do rei da Pérsia eram chamados os olhos do rei, assim como havia outros chamados os ouvidos do rei. Antitpicamente, os “sete olhos sobre a pedra” são os olhos de todos os anjos (1Timóteo 3:16), de todos os santos (João 3:14-15; 12:32) e dos patriarcas e profetas (João 8:56; 1Pedro 1:10-11), todos fixos em Cristo; e, acima de tudo, os olhos do Pai descansam n’Ele com prazer. Calvino (corretamente, ao que parece) considera que os sete olhos estão esculpidos na pedra — ou seja, não os olhos do Pai, anjos ou santos fixos sobre Ele, mas a plenitude setuplicada (perfeita) da graça e dos dons do Espírito “colocados SOBRE Ele” por Deus: pois “o Espírito do Senhor repousará sobre Ele, o Espírito de sabedoria e entendimento” (correspondendo aos “olhos” aqui “sobre a pedra”), “o Espírito de conselho e fortaleza, o Espírito de conhecimento e temor do Senhor; e o fará pronto no temor do Senhor: e Ele não julgará segundo a vista dos Seus olhos” — ou seja, não usará a sabedoria meramente humana (Isaías 11:2-3; 42:1; João 1:16; 3:34; Colossenses 1:19; 2:9), mas a providência cuidadosa que Ele demonstrou aos judeus ao construir o templo e que continua a mostrar para Sua Igreja, o templo espiritual. Assim, a “pedra” mencionada não é como as outras pedras, inanimadas, mas sim viva e dotada de olhos que simbolizam inteligência perfeita (1Pedro 2:4, “uma pedra viva”). Cristo não apenas atrai os olhares do Seu povo (João 12:32), mas também emite luz para guiá-los até Ele. Que contraste impressionante em relação à sabedoria meramente humana, autoexaltada e carnal, simbolizada pelos “olhos de um homem” no “pequeno chifre”, ou Anticristo (Daniel 7:8).
eis que gravarei nela uma inscrição — implicando a beleza e preciosidade extraordinárias do Messias, fazendo alusão às pedras polidas do templo. Cristo superava essas pedras tanto quanto Deus, que “preparou Seu corpo” (Hebreus 10:5; cf. João 2:21), é superior a todos os construtores humanos. A expressão hebraica significa literalmente “eu abrirei a abertura dela”. Compare com Salmo 40:6, “os meus ouvidos abriste”, que Paulo explica como “um corpo me preparaste”. Portanto, “gravarei (abrirei) a gravura (abertura) dela” (da pedra) significa ‘prepararei para Ele um corpo meticulosamente moldado’, o tabernáculo adequado onde a Divindade habitará encarnada, a “pedra cortada da montanha sem mãos humanas” (Daniel 2:45).
e tirarei a injustiça desta terra em um dia — ou seja, a iniquidade e suas consequências, especificamente o castigo ao qual os judeus foram submetidos (Ageu 1:6, 9-11; 2:18-19). A remissão do pecado é a fonte de todas as outras bênçãos. O “um dia” de sua remoção refere-se, primeiramente, ao Dia da Expiação nacional, celebrado após a conclusão do templo (Levítico 23:27) no décimo dia do sétimo mês. De forma antitípica, refere-se à expiação feita pelo Messias por toda a humanidade, oferecida uma vez por todas (“um só dia”), sem necessidade de repetição, como os sacrifícios mosaicos (Hebreus 10:10, 12, 14). [Fausset, 1866]
<Todas as Escrituras em português citadas são da Bíblia Livre (BLIVRE), Copyright © Diego Santos, Mario Sérgio, e Marco Teles, com adaptação de Luan Lessa – janeiro de 2021.