Zedequias, o último rei de Judá antes da queda para os babilônios, é mencionado tanto nos livros históricos quanto no livro de Jeremias. Ele foi o terceiro filho de Josias a assumir o trono. Jeoacaz foi deposto pelo Faraó; Jeoaquim teve um reinado conturbado de onze anos, escapando da vingança de Nabucodonosor ao morrer pouco antes de Jerusalém ser tomada. O jovem Joaquim, por sua vez, sofreu pelas ações de seu pai, sendo levado ao cativeiro após três meses de reinado infrutífero. Junto com ele, foram exilados os principais homens de Judá, num total de oito mil pessoas, numa tentativa de Nabucodonosor de quebrar o espírito rebelde do povo. Zedequias foi então colocado como rei sobre os que ficaram. Seu nome original, Matanias, foi mudado para Zedequias (que significa ‘justiça de Yahweh’) para indicar que o monarca babilônico, ao punir a traição de Jeoaquim, tinha o apoio do Deus de Judá (2Reis 24:17). Ezequiel nos conta que Zedequias jurou lealdade ao seu suserano (Ezequiel 17:13, 19).
A confiança de Nabucodonosor de que o povo seria submisso após a dura lição que receberam foi frustrada. Os novos líderes que surgiram eram tão obstinados e ainda mais imprudentes que os anteriores. Ignorando a insuficiência de seus recursos, decidiram desafiar as grandes potências mundiais. A corte de Zedequias tornou-se um centro de conspirações contra o poder babilônico, alimentadas por promessas do Egito. Zedequias se mostrou um homem fraco, incapaz de lidar com a situação. No quarto ano de seu reinado, embaixadores de nações vizinhas se reuniram em Jerusalém para planejar medidas comuns contra o opressor. A maioria dos profetas incentivou esse movimento; somente Jeremias viu a loucura do empreendimento e se opôs a ele, o que lhe rendeu a inimizade da corte. Zedequias foi chamado a prestar contas ao grande rei, a quem deu uma explicação que, ao menos temporariamente, acalmou as suspeitas. O movimento em si não deu em nada naquela época, mas no nono ano de Zedequias, novas promessas do Egito levaram os habitantes de Jerusalém a se revoltarem, e Zedequias foi muito fraco para contê-los. Nabucodonosor respondeu prontamente, marchando pessoalmente contra os rebeldes. Jerusalém, sendo uma fortaleza, inspirava confiança em seu povo, que também acreditava fanaticamente que Yahweh interviria para proteger Seu Templo. Essa fé foi reforçada pela chegada de um exército egípcio sob o comando de Faraó-Hofra, forçando Nabucodonosor a levantar o cerco temporariamente para enfrentar o novo inimigo. O povo, acreditando que havia conseguido de Yahweh tudo o que desejava, agiu com pressa indecente ao reescravizar os servos que haviam libertado na tentativa de obter o favor divino (Jeremias 34:8 e seguintes).
A alegria durou pouco. Os egípcios não representavam um problema sério para Nabucodonosor, que logo retomou o cerco com vigor. A cidade fortemente protegida foi defendida com a coragem do desespero por seus habitantes, que resistiram por um ano e meio, sofrendo todos os horrores do cerco, fome e pestilência. Jeremias, que continuava a prever o desastre, foi preso e teria morrido na prisão se não fosse pela compaixão de um dos escravos do rei (Jeremias 38:1-28). Zedequias, que acreditava no profeta, o consultava em segredo, mas não tinha coragem de seguir seus conselhos. Quando finalmente a muralha foi rompida, o rei tentou fugir para o vale do Jordão, na esperança de alcançar o deserto oriental, mas foi capturado e levado a Nabucodonosor. O vencedor, considerando que a paciência havia se esgotado, matou os filhos do rei cativo diante de seus olhos, depois cegou Zedequias e o levou acorrentado para Babilônia. Assim terminou o reino de Judá (2Reis 25:4 e seguintes). [H. P. Smith, Hastings, 1909]